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25 de agosto de 2021

A mediocridade dos líderes e outros da “comunidade internacional”

 Uma das características pouco abordadas do sistema imperialista é a mediocridade dos seus líderes. Como é que países que se pretendem liderar o mundo apenas conseguem líderes que se distinguem pela mediocridade. Mas não não há povos decadentes, há sim políticas decadentes.

Há cerca de década e meia o sistema imperialista parecia globalmente triunfante, levando muitos a acreditar que o marxismo e ainda mais o marxismo-leninismo eram coisas do passado sem lugar no mundo da globalização neoliberal, sob as regras impostas por Washington que NATO e aliados se encarregavam de fazer vigorar.

Este poder que se assume globalmente absoluto tem o controlo quase total da comunicação social, permite-lhes pôr e dispor para a opinião pública as suas versões, invenções e falsas notícias, sem que ninguém seriamente os impeça. Mas se tal acontece temos os casos de Julian Assange, Craig Murray, Chelsea Manning, Edward Snowdown, etc.

Enfim, pensavam tudo poder com doses maciças de propaganda, porém o que não podem é mudar a realidade e as contradições que eles próprios geram.

Se no capitalismo monopolista de Estado ainda eram necessários líderes políticos com alguma qualidade que permitissem o desenvolvimento do capitalismo nacional. Na fase do capitalismo monopolista transnacional, apenas têm que garantir a livre expansão das transnacionais e o “menos Estado” neoliberal consagrado no Consenso de Washington.

Efetivamente, para o imperialismo se impor é necessária gente sem ideias próprias que siga com fidelidade canina os ditames estabelecidos pela oligarquia transnacional organizada a partir do EUA.

Não importa quão capazes possam ser estes dirigentes em termos pessoais, o facto de seguirem políticas e estratégias totalmente erradas faz deles indivíduos medíocres. A isto alia-se a facilidade como é promovido o oportunismo e a falta de carácter, pelo menos em termos políticos. O resultado só podia ser como tem sido desastroso.

Os EUA não são capazes de produzir um político de qualidade – mesmo pelos seus critérios – há décadas. Farsantes como G. W. Bush; mentirosos compulsivos como Obama que lançou para o descrédito o prémio Nobel da Paz; um atrabiliário Trump que evidenciou a que ponto a crise geral dos EUA é grave; até um senil e incompetente Biden, rodeado de  fanáticos belicistas e incompetentes.

Mas se olharmos para os seus aliados mais próximos que encontramos? A falta de qualidade política e nível intelectual, por vezes mesmo em termos pessoais é notória. Na França, Macron, consegue ser pior que os antecessores Hollande e Sarkozy. No Reino Unido um trapalão Boris Johnson. Na Itália a política vive entre Berlusconi e gente que serviu na famigerada Goldman Sachs. No Brasil, não tiveram nada melhor que um Bolsonaro.

Se gerir é – também – prever. Esta gente é absolutamente incapaz de prever as consequências das suas opções quer a nível interno quer externo – e não será necessário apontar o “caso de estudo” do Afeganistão, exemplo de incompetência a todos os níveis: dos serviços de informações, militar, político, social.

Sem cabeça para pensarem por eles próprios acabam por acreditar na legião de propagandistas que monopolizam os media, vivendo e raciocinando a partir dessa bolha virtual. Um sintoma comum aos sistemas em declínio.

Tudo o que tenha um mínimo de personalidade e se afaste da ortodoxia neoliberal ditada de Washington e Bruxelas é eliminado pelos media e se isso não chegar o império ataca com sanções e outras formas de agressãoIncapaz de criar algo positivo, o império enterra-se na sua própria armadilha do “fim da História” e recorre ao que mais negativo e recalcado encontra nas nações: a extrema-direita e o fundamentalismo religioso (seja cristão, judeu ou islâmico).

O caso não é novo, as ditaduras sempre foram protegidas, para manter a exploração capitalista transnacional. A lista é longa, são desgraçadamente símbolos os Mobutos, Pinochets, Vilelas, Suhartos, etc.

No Leste europeu e nos Estados bálticos, a extrema-direita apoiada pelos EUA tornou-se patologicamente russofóbica. A UE está perante o dilema de deixar ou não estes loucos desencadearem um confronto militar com a Rússia de consequências imprevisíveis. Washington acha que vale a pena se isso enfraquecer a Rússia, a indiferença pela consequências destas políticas atinge a insanidade.

Curiosos espécimes são os “democratas” escolhidos por Washington para confrontarem países que pretendem seguir uma via de soberania nacional. Para a Venezuela, inventaram um fantoche corrupto o “presidente” Guaidó que a UE “reconheceu” não podendo desacreditar-se mais. Para a Rússia não encontraram melhor que um assumido racista e corrupto Navalny. Na Bielorrússia, com o “caso Poroshenko” tão depressa falaram como se calaram, o jovem que tinha andado misturado com os neonazis da Ucrânia ao chegar ao país retratou-se publicamente e diz apoiar o presidente, está em casa com a namorada com deslocações restringidas.

O império queria ser omnipresente, omnipotente e omnisciente – como as divindades – mas só arranja gente medíocre e desclassificada política e por vezes pessoalmente.

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