1)Os Talibã recuperaram o sistema de identificação biométrica dos EUA, HIIDE (Handheld Interagency Identity Detection Equipment), segundo o The Intercept [1].
Durante 20 anos, as forças de ocupação dos EUA estabeleceram um arquivo biométrico de quase toda a população afegã, incluindo scans (varreduras-br) da íris e impressões digitais completas. Todas as pessoas entrando ou saindo do Afeganistão, todas aquelas que alguma vez haviam sido detidas ou que tinham trabalhado para os Estados Unidos foram registadas.
Não está claro se os Talibã tem o conhecimento suficiente para manejar de imediato esta base de dados ou se terão que pedir ajuda aos Serviços Secretos paquistaneses.
Os Talibã capturaram também as listas completas pessoas que foram torturadas ou assassinadas pela contra-insurreição norte-americana (Força de Proteção Khost e Direção Nacional de Segurança).
2)Comentário de um analista " Deixemos de lado o facto de que os fugitivos não sejam maioritariamente pacíficos tradutores de embaixadas ocidentais, mas Colaboradores da contra-insurreição norte-americana com mãos a escorrer sangue. O que estamos a ver é uma debacle que deverá fazer-nos perder a fé no poderio da « América ».
3) A revista da Infantaria do Exército dos EUA publicou, nos dias a seguir aos atentados de 11 de Setembro de 2001, um artigo do Coronel Ralph Peters garantindo que os Estados Unidos já não precisavam mais de vencer as guerras, mas, antes de provocar uma instabilidade em certas regiões do mundo e particularmente no « Médio-Oriente Alargado ». Prosseguia assegurando que era preciso redesenhar os Estados segundo critérios étnicos, portanto separar os povos que estavam misturados, e que isso só se poderia conseguir através de limpezas étnicas e outros crimes contra a Humanidade. Finalizava a sua exposição garantindo que o Pentágono podia sempre delegar os seus poderes a mercenários para fazer o trabalho sujo [. Na emoção do 11-de-Setembro, ninguém deu importância a este artigo reivindicando abertamente a preparação de crimes abomináveis.(“Stability. America’s ennemy”, Ralph Peters, Parameters, #31-4, Winter 2001)
Cinco anos mais tarde, Ralph Peters publicou o mapa em que a Comissão dos Chefes do Estado-Maior trabalhava em 2001 (“Blood borders. How a better Middle East would look”, Ralph Peters, Armed Forces Journal, June 1, 2006.) Apoderou-se então de todos os Estados-Maiores do Médio-Oriente Alargado um pânico : ninguém estava a salvo, nem mesmo os aliados dos Estados Unidos. Seguiram-se diversas mudanças de aliança. Mas foi preciso esperar até 2011 e o ataque à Líbia (então aliada dos Estados Unidos) para perceber o que estava em vias de se passar.
Desde então, podemos constatar que a guerra do Afeganistão, que devia durar até ao desaparecimento de Osama bin Laden, já dura há 20 anos; que a do Iraque, que devia durar até a queda do Presidente Saddam Hussein, dura há 17 anos; que a da Líbia, que devia durar até à queda do Guia Muamar Kaddafi, dura há já dez anos; que a da Síria, que devia durar até a queda do Presidente Bashar al-Assad, dura há já dez anos. Além disso, vimos a Alcaida (historicamente, uma criação da CIA) e o Daesh-E.I. (historicamente, uma criação do embaixador John Negroponte) cometerem crimes contra a Humanidade, indo todos no sentido anunciado pelo Coronel Ralph Peters. E sabemos que estas organizações terroristas são financiadas, armadas e enquadradas pelos Britânicos e pelos Norte-Americanos.
Sim, a « guerra sem fim » declarada pelo Presidente George W. Bush não visa « lutar contra o terrorismo », mas em instrumentalizar o terrorismo para « desestabilizar » uma região inteira. Era esse o título (manchete-br) do artigo do Coronel Peters em 2001: « A estabilidade: é o inimigo da América » ...TM
3) https://consortiumnews.com/2021/08/24/john-pilger-the-great-game-of-smashing-nations/
Enquanto um tsunami de lágrimas de crocodilo brota dos políticos ocidentais, a história fica obscurecida. Há mais de uma geração, o Afeganistão conquistou sua liberdade, que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e seus "aliados" destruíram.
Em 1978, um movimento de libertação liderado pelo Partido Democrático Popular do Afeganistão (PDPA) derrubou a ditadura de Mohammad Dawd, primo do rei Zahir Shah. Essa revolução imensamente popular pegou britânicos e americanos de surpresa.
Jornalistas estrangeiros em Cabul, noticiou o The New York Times, ficaram surpresos ao descobrir que "quase todos os afegãos que entrevistaram disseram estar encantados com o golpe". O Wall Street Journal relata que "150.000 pessoas ... marcharam para homenagear a nova bandeira ... os participantes pareciam genuinamente entusiasmados."
O Washington Post relatou que “a lealdade afegã ao governo dificilmente pode ser questionada”. Secular, modernista e, em um grau considerável, socialista, o governo declarou um programa de reformas visionárias que incluía direitos iguais para mulheres e minorias. Os presos políticos foram libertados e os arquivos da polícia queimados publicamente.
Sob a monarquia, a expectativa de vida era de 35 anos; 1 em cada 3 crianças morria na infância. Noventa por cento da população era analfabeta. O novo governo introduziu cuidados médicos gratuitos. Uma campanha de alfabetização em massa foi lançada.
Para as mulheres, os ganhos não tinham precedentes; no final da década de 1980, metade dos estudantes universitários eram mulheres, e as mulheres representavam 40% dos médicos do Afeganistão, 70% dos professores e 30% dos funcionários públicos. (...)J. Pilger
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