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10 de agosto de 2021

Efeméride: 18 agosto de 1991, 26 dezembro de 1993. Fim da URSS - 2

 Os controversos acontecimentos de agosto de 1991, provocados pela incompetência ou cobardia dos autores do “golpe de Estado” e de Gorbatchov, permitiram que o títere escolhido pelos EUA, Ieltsin, assumisse o protagonismo realizasse o objetivo de destruir a URSS.

Mas tal não foi possível desde logo. A maioria esmagadora do povo desejava a manutenção da União Soviética, tinha-o demonstrado em referendo e apesar da propaganda antissocialista o PCUS, em eleições multipartidárias, tinha a maioria no Parlamento, opondo-se a Ieltsin. Esta situação foi resolvida “democraticamente” a tiros de canhão em 1993 e o “democrata” Ieltsin, pode enfim realizar os desejos dos seus patrões e com poderes absolutos por fim à URSS e impor as reformas “liberais”. 

Diz Dimitri Rogozin (DR) (1): Os liberais não representavam uma ideologia definida. Os apologistas (de Ieltsin) eram jovens e diligentes mediocridades dos anos 80. Doutorados de fresca data que atacavam com toda a segurança a economia-política do socialismo e estudos do Comunismo.” Estes “heróis” eram regularmente convidados para conferências em Londres, Davos, etc.” Através das privatizações arrebanharam os recursos naturais e industriais do país” “deveriam ser processados e enviados para a Sibéria.” "Devido às suas atividades criminosas o conceito de liberalismo, tornou-se sinónimo de traição nacional."

DR expõe no seu livro a forma como o nacionalismo foi promovido nas diversas republicas com apoio às figuras alinhadas nas estratégias imperialistas. “Os liberais provocaram a guerra da Chechénia e empurraram os povos da Rússia uns contra os outros. Destruíram a moral e a ética públicas e corromperam o poder das Forças Armadas.”

Antes de ser iniciada a guerra na Chechénia bandidos de todas as nacionalidades foram acolhidos (tática semelhante seguida na Síria e na Líbia), ante a passividade das autoridades. Devido às suas atividades criminosas o conceito de liberalismo, tornou-se sinónimo de traição nacional.”

Em meados dos anos 90, no Tajiquistão. 1 500 russas foram literalmente feitas em pedaços pelos islamistas. Mulheres foram obrigadas a despir-se completamente e a andar em circulo acompanhadas por tiros e risadas dos agressores. As vítimas em vão esperaram solidariedade de Yeltsin (ou do Prémio Nobel da Paz, Gorbachov).

Durante a regência do separatista Dudayev na Chechénia, procedeu-se à aniquilação da população russa. Em 1994 registou-se o assassinato de 2 000 cidadãos. A propaganda ocidental retratava estes “senhores da guerra” como “combatentes da liberdade”. Yeltsin nem uma palavra contra Dudayev lhe saiu da boca. A Arábia Saudita financiava estes gangues. Milhões de toneladas de petróleo foram roubadas e o lucro depositado nas contas pessoais de Dudayev e dos seus apoiantes clandestinos em Moscovo (governo “liberal reformista” de Gaidar).

Nas ex-repúblicas soviéticas o imperialismo promovia os seus mais eficazes seguidores: os fascistas. “Filofascistas declarados assumiram o poder na Roménia com apoio do Ocidente. Em 2009, o Presidente da Roménia, Besesku, assumia como seu ídolo o ditador nazifascista Antonescu. Nos Estados Bálticos instaurou-se desde logo um poder fascizante, assumindo-se não apenas contra a URSS, mas desde logo russofóbico retirando direitos aos cidadãos russos, privando-os de direitos políticos, fechando escolas, proibindo às crianças falarem russo nas escolas. Como afirmou a D R um diplomata de um dos Estados Bálticos, seria uma forma do “seu pequeno país obter apoios do Ocidente e da UE”. Isto vai para além do cinismo.” Sem dúvida, mas mostra por quem e como a “democracia liberal” foi implantada no Leste Europeu.

A conspiração e agressão imperialista da NATO contra a Jugoslávia mostrou o destino  reservado à Rússia e alertou consciências no país. Diz DR: “A história da sangrenta desintegração dos Balcãs que terminou com os bombardeamentos da NATO sobre Belgrado é idêntica ao fim da URSS. A única diferença é que a Rússia possui armas nucleares. Apenas esta circunstância nos salvou de uma intervenção dos “poderes democráticos” que de outra forma ter-se-iam apressado a apoiar os rebeldes da Chechénia.”

Em dezembro de 1999 com a Rússia falida e praticamente todo o espaço ex-soviético no caos económico, político, humano e pleno de confrontos, gerido por tiranetes mascarados de democratas que o Ocidente (leia-se NATO) apoiava, um alcoólico Yeltsin terá tido um rebate de consciência e demitiu-se, passando o poder de acordo com a Constituição para Vladimir Putin, ex-chefe dos serviços de segurança, e que recentemente fazia parte da administração de Ieltsin.

1 - Ver https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_2.html

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