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23 de agosto de 2021

Lembranças




Posições em Portugal sobre a invasão do Afeganistão

https://www.publico.pt/2001/09/25/politica/noticia/oposicao-discorda-sobre-meios-de-combate-ao-terrorismo-41775

1) Depois de o PSD ter voltado a insistir na necessidade da aprovação de uma Lei de Programação Militar intercalar, como forma de dotar as Forças Armadas dos meios que lhes permitam lidar com a ameaça do terrorismo, o CDS-PP veio defender a revisão do Código Penal no sentido de um agravamento das penas.O líder parlamentar do CDS-PP, Basílio Horta, lembrou que a maioria dos países da União Europeia aplica a prisão perpétua.

PCP contra "maniqueísmo norte-americano

Posição diferente foi manifestada pelo PCP, que teceu duras críticas à reacção "maniqueísta" do Presidente norte-americano aos atentados terroristas de 11 de Setembro. Apesar de condenar "sem equívocos" estes ataques, o deputado comunista António Filipe rejeitou também a reacção de George W. Bush, "ao afirmar que ou se está com ele ou com os terroristas"."O PCP não legitima o terrorismo nem o desculpabiliza e, por isso mesmo, não abdica de reflectir sobre as suas causas e não aceita a chantagem sobre as consciências que alguns procuram impor", advertiu António Filipe. Na perspectiva do PCP, o combate ao terrorismo deve começar pela luta contra a criminalidade organizada, o branqueamento de capitais, o tráfico de droga e de armas.
Ainda segundo António Filipe, qualquer resposta internacional ao terrorismo "deve ser dada no respeito pelo direito internacional e, em particular, pela carta das Nações Unidas e pela Declaração Universal dos Direitos do Homem". Nesse contexto, o deputado comunista expressou o seu desacordo pela cedência da Base das Lajes aos Estados Unidos, acusando o Governo português de o ter feito "à margem das Nações Unidas, sem garantias, e com objectivos que não estão sequer definidos"


 2) Quando o mordomo das Lages se pavoneava em Bruxelas no seu apoio à invasão do Afeganistão

" Segundo anunciou um porta-voz da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso deverá reiterar o apoio da União Europeia ao Afeganistão, na sessão em que participam os líderes da NATO e dos países associados à Aliança Atlântica, além dos Estados que formam a missão aliada no Afeganistão (ISAF)."  DN 2 de Setembro de 2014.


 3) As entradas de leão de Sócrates e as saídas de ...18 de Setembro de 2007 DN : " 


José Sócrates tinha-o anunciado na véspera. Iria debater com George W. Bush três questões fundamentais, o Kosovo, o Afeganistão e o Médio Oriente. Mas nos quatro minutos que o primeiro ministro português e o presidente americano dispensaram aos jornalistas na Sala Oval da Casa Branca, o tema Afeganistão nunca foi mencionado por Sócrates, que o ignorou. A única referência à polémica questão surgiu aliás da parte de Bush, mas simplesmente para agradecer o apoio português às intervenções militares americanas no Afeganistão e Iraque... que aconteceu no tempo de Durão Barroso, muito criticado então pelo PS.

De resto, se algum assunto polémico e quente foi debatido nos cerca de 50 minutos que ambos estiveram juntos em audiência , nada transpareceu depois para os jornalistas. Foram palavras de circunstância, sempre em inglês, sobre os temas que se esperavam - à excepção do já citado Afeganistão - Relações Transatlânticas, o Kosovo e o Médio Oriente."

Sócrates em campanha  de marketing 

 "Esta é a primeira visita de um primeiro-ministro português ao Afeganistão.

Portugal tem, neste momento, 156 militares no Afeganistão, integrados na Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), da NATO." 24 de Dezembro de 2004. 

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4) "O primeiro-ministro José Sócrates disse, este sábado, ter anunciado aos restantes líderes da NATO, reunidos numa cimeira em Estrasburgo (França), a intenção de Portugal de reforçar a sua presença militar no Afeganistão, «acompanhando o esforço» dos seus aliados, noticia a Lusa. Neste encontro, a NATO decidiu o envio de mais cinco mil militares para o país, para garantir a seguranças nas eleições de Agosto. " 4/ 4/2009

O PCP   criticou este sábado o reforço do contingente militar português no Afeganistão, considerando que contraria a Constituição e que Portugal só devia participar em missões de paz e cooperação, noticia a Lusa. "

 5) 22 de Maio de 2012

Chicago, Illinois, 21 mai (Lusa) - O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que Portugal vai comparticipar no esforço financeiro da Nato para assegurar a operacionalidade das Forças Armadas do Afeganistão para além de 2014.

Passos Coelho falava na conclusão da Cimeira da Nato (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em Chicago, Illinois, na qual os líderes dos países aliados "estabeleceram uma ponte direta com as conclusões da cimeira de Lisboa", em particular com o plano de transição no Afeganistão, a concluir até final de 2014. 

"Portugal tem estado disponível para no pós-2014 ajudar também, de acordo com suas possibilidades, para dar também uma comparticipação financeira para o esforço que tem de ser prosseguido pelas forças afegãs", afirmou o primeiro-ministro, sublinhando que os montantes de apoio ainda serão objeto de negociação. ...A Nato estima em 4.000 milhões de dólares (3.122 milhões de euros) por ano o montante necessário para apoiar as Forças Armadas afegãs. "

6 Debate na A.R. com Guterres sobre a decisão de Portugal integrar as forças invasoras do Afeganistão :

Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Carvalhas.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, os atentados nos Estados Unidos da América não são desculpáveis, são um acto hediondo. Estamos de acordo em que é preciso fazer justiça, punir responsáveis, combater o terrorismo, todas as formas de terrorismo - individual, de grupo, de Estado. Todavia, pensamos que é necessário reflectir serenamente - para o que o Sr. Primeiro-Ministro aqui nos convocou - para dizermos com que meios e com que fins é que esse combate se trava.

Se o que falta são mais medidas securitárias e policiais, penas mais pesadas, mais limitações às liberdades e garantias dos cidadãos, então teremos de perguntar por que será que os governos de Inglaterra e de Espanha, por exemplo, não acabaram com as acções terroristas nos seus próprios países.
Se o negócio do armamento, da droga e do tráfego humano estão estreitamente ligados à lavagem do dinheiro, aos paraísos fiscais e aos off-shores, então por que será que há tanta obstinação em os manter.
Não misturando as coisas, não merece, pelo menos, a reflexão dos que querem a guerra e o irracionalismo sobre se o combate ao terrorismo não passa também pelo combate à acentuação das desigualdades, à fantástica concentração da riqueza, à morte, diária, de mais de 35 000 crianças à fome, segundo a FAO, e à indignidade em que vivem milhões de seres humanos? E o não cumprimento das resoluções da ONU, deixando «apodrecer» conflitos regionais, bem como a dominação, a exploração e a humilhação de povos que aspiram legitimamente à sua pátria e à sua soberania, não cria o «caldo» de cultura para o desespero e irracionalidade? Ou será que se pensa que, com a liquidação dos vários «bin Laden» deste planeta, se acaba com o terrorismo ou que este pode ser bombardeado ou evitado com os escudos antimísseis?
Se os Estados Unidos da América já tivessem o «guarda-chuva» nuclear tinham evitado os atentados de Washington e de Nova Iorque?
Se o dinheiro gasto pelas diversas potências na corrida aos armamentos fosse aplicado na erradicação da fome, do analfabetismo, na luta contra a mortalidade infantil, o mundo não seria muito mais seguro?
O Sr. Primeiro-Ministro tem-se pronunciado - e bem! - contra a histeria belicista, contra inimigos imaginários. Como avalia, então, no plano ético, uma poderosa operação militar de retaliação que, com grandes probabilidades, fará novas vítimas inocentes, sem provas claras, sem mandato da ONU, porque a resolução que citou não cobre este caso, alimentando novos ódios e espirais de violência?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Sendo certo que, em matéria de terrorismo, nada justifica nada e também que, nesta matéria, nada do passado absolve nada do presente, tem o Sr. Primeiro-Ministro alguma reflexão a fazer sobre as antigas relações dos Estados Unidos da América com Bin Laden e com as despóticas monarquias do Golfo, que, se não chegam ao nível dos taliban, têm um sinistro cadastro de violações dos direitos humanos?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Quererá, ainda, o Sr. Primeiro-Ministro iluminar-nos com alguma reflexão sobre a diplomacia dos

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0110 | I Série - Número 04 | 26 de Setembro de 2001

 

princípios de valores que citou à pouco, em relação às declarações do embaixador português no Paquistão que, colocando a eficácia e a conveniência à frente dos princípios e valores, elogiou a obra do chefe da ditadura militar, afirmando mesmo que, neste quadro, esta é a situação preferível?
No quadro do respeito e do natural relacionamento da administração dos Estados Unidos da América com os seus aliados, que informações e explicações é que esta deu ao longo deste processo, quando, inclusivamente, é afirmado que os Estados Unidos da América começaram a utilizar a Base das Lajes e só várias horas depois é que pediram autorização ao Governo português?
Sr. Primeiro-Ministro, há também quem fale de ataque à civilização ocidental. Mas que civilização é essa para esses que pensam em termos de sangue, de vingança e de desforra e não em termos de justiça, de cooperação, de resolução política dos problemas e dos conflitos?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Os mesmos que afirmam, por exemplo, que Ariel Sharon fez muito bem em proibir Shimon Peres em encontrar-se com Arafat - e ninguém está a estabelecer aqui uma relação de causa e efeito!
Por último, Sr. Primeiro-Ministro, quanto a nós, a melhor solidariedade que Portugal pode dar ao povo americano e o melhor contributo que pode dar contra o terrorismo é, com firmeza, combater, de facto, a irracionalidade e ter uma voz autónoma e não «seguidista». É tudo fazer para que se faça justiça e não vingança, para baixar e não aumentar a tensão internacional, para que a ONU tenha um papel decisivo e não subalterno, para que o respeito e a fraternidade triunfe sobre o chauvinismo e o racismo, para que a paz triunfe sobre a guerra, sobre a opção de força indiscriminada.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem de terminar, Sr. Deputado.

O Orador: - Como dizia ontem, em Nova Iorque, um manifestante: a nossa dor não é um grito de guerra!

Aplausos 

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