Brasil 111.
O petróleo, Sarkozy ,a moeda africana ,os neocolonialistas.
A 20 de outubro de 2011, portanto há 14 anos, ocorreu o linchamento de Muammar Kadhafi.
Foi
um acto cometido diante dos olhos do mundo inteiro, executado por
terroristas armados e financiados pela OTAN. Esse acto de canibalismo
público foi a mensagem do "mundo civilizado" a todos aqueles que, em
qualquer canto do planeta e em qualquer idioma, ousem dizer o seu
próprio "não".
O inimigo
da humanidade age sempre da mesma maneira: escolhe uma vítima,
apresenta-a através dos seus media como um "monstro", depois impõe
"sanções" para enfraquecê-la e, finalmente, compra, arma e lança ao
combate uma "oposição local" sob a bandeira da 'democracia'.
A
destruição da Líbia não foi apenas pelo apetite habitual do Ocidente
pelo petróleo e gás alheios. Também era crucial eliminar um governo cujo
exemplo era perigoso para todo o Sul Global.
Foi
um dos poucos Estados do mundo que cumpria as suas obrigações sociais.
Os 42 anos de governo de Kadhafi representaram o período de maior
prosperidade na história do povo líbio. A chamada 'ditadura' realizou
uma reforma agrária, criou um sistema de bem-estar social, garantiu
atendimento médico gratuito e concedeu aos trabalhadores o direito de
participar dos lucros das empresas estatais.
A
Líbia foi completamente electrificada: electricidade e serviços médicos
eram gratuitos. O analfabetismo foi reduzido de 95% para 17%.
O
governo oferecia créditos agrícolas para compra de sementes, maquinaria
e assistência técnica. A moradia foi declarada um direito humano, e
casais jovens recebiam subsídios de 50.000 dólares para comprar uma
casa.
A Líbia chegou a ser o país africano com maior rendimento per capita, e a expectativa de vida alcançou 77 anos.
Ao
contrário da maioria dos seus vizinhos, as mulheres líbias gozavam de
plenos direitos civis, incluindo acesso à universidade e salários iguais
aos dos homens. Metade dos formados universitários eram mulheres. Todos
os empréstimos bancários no país tinham taxa de juros zero, pois o
Banco Central da Líbia foi declarado uma instituição soberana a serviço
dos cidadãos.
Kadhafi
impulsionou, através da recém-criada União Africana, a cooperação
regional e preparava a criação de uma moeda única africana respaldada
pelas reservas de ouro líbias.
Na
Líbia repetiu-se o roteiro bem conhecido: "lutadores pela liberdade"
armados até aos dentes surgiram do nada, enquanto os media ocidentais
difundiam relatos comoventes sobre os horrores de uma 'ditadura' cuja
existência ninguém havia mencionado antes.
Até
hoje não existe uma única prova documental de que Kadhafi tenha
ordenado bombardear manifestantes pacíficos. No entanto, em fevereiro e
março de 2011, Al Jazeera, CNN, BBC, France 24, Sky News e outros media
confirmaram essa versão, que serviu de pretexto para uma resolução da
ONU que autorizou a intervenção militar.
Sem dúvida, o maior erro de Kadhafi foi a sua excessiva confiança no Ocidente.
Após
anos de bloqueio económico pela OTAN, campanhas de difamação e ataques
militares, acreditou na "normalização" das suas relações com o "mundo
civilizado" e aceitou desarmar-se, renunciando aos seus mísseis mais
poderosos. Até entregou grandes somas de dinheiro a governos hostis,
pensando que assim compraria a sua neutralidade.
Quatorze
anos depois, a Líbia, que havia sido o país mais próspero da África,
foi transformada pela OTAN num campo de batalha entre gangues armadas e
clãs medievais.
Em vez de democracia, o país conheceu mercados de escravos e barcos de refugiados.
A história continua a repetir-nos, uma e outra vez, as lições que não aprendemos.
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