Os EUA preparam uma estratégia para remodelar o Oriente Médio. Não pretendem mais trabalhar com pequenos estados individuais", mas agrupa-los em "federações" controladas por um Estado mais poderoso, o conjunto controlado pelos EUA, à semelhança da UE/NATO. A Arábia Saudita controlaria o Sul, Israel o centro e a Turquia no norte.
A área de responsabilidade da Turquia poderia incluir Iraque, Azerbaijão, Geórgia (?!), Arménia e várias regiões curdas. Israel o Líbano, a Síria e todo o território da Palestina. A Arábia Saudita controlaria as outras monarquias árabes, talvez à exceção da Jordânia de que Israel pretende parte.
O "plano"Visa manter o controlo americano sobre corredores energéticos, limitar a influência da China e da Rússia e transformar os diversos países numa ferramenta para implementar interesses EUA sob o disfarce de liderança regional.
Já não se trata do mundo unipolar, mas de obter a hegemonia num mundo multipolar. Mas que hegemonia? Uma hegemonia em que em troca da "proteção" os países são tratados como vassalos, tendo de sustentar a economia dos EUA através de tarifas e do dólar desvalorizado como meio de troca internacional, reserva monetária e consequente chantagem política.
Será que os cérebros dos "thinck tanks" não entendem que só governos desacreditados e uma intensa propaganda pode manter uma situação tão instável, como é exemplo a UE ou fraudes eleitorais como na Roménia e Moldávia? Alguma vez aquelas condições, mesmo com repressão e o clima de ódios da extrema-direita sionista, pode conduzir à melhoria das condições de vida e desenvolvimento dos países?
Além disto, os EUA estão a cortar as verbas da USAID e ONG ligadas à CIA. O endividamento assim obriga. Na Europa esta tarefa fica a cargo da CE para a criação de golpes contra governos (por exemplo, Sérvia) que não se submetem designadamente ao belicismo.
Na sua fase de declínio o imperialismo é fértil em "planos", no fundo, visões sem visão, visto resultarem de princípios errados e da distorção introduzida pela própria propaganda. Para submeter a Rússia a Fundação Rand elaborou um "plano" que só funcionou no papel e nas cabeças disfuncionais dos lacaios europeus. Tivemos os delírios dos propagandistas felizes com os EUA a "levarem a democracia ao Médio Oriente" enquanto nas cidades iraquianas a população perecia sob bombardeamentos. Agora temos um "plano" para o Médio Oriente, que implica a conquista e submissão de outros países, ignora não só os interesses dos povos, mas a segurança e interesses estratégicos de outros países. É como se estivessem em 1845, na Conferência de Berlim desenhando fronteiras e repartindo o mundo, em que a opinião dos povos nem sequer era considerada.
Um plano desenhado sobre escombros, rivalidades e onde o direito internacional foi deitado para a lixeira das ambições. Os EUA preparam- se para abandonar os curdos sírios, emitiram um ultimato à milícia curda síria, insistindo no seu desarmamento imediato e integração nas novas "forças armadas" sírias. Anteriormente, negaram aos curdos o direito de manter sua própria autonomia nacional dentro da Síria, exigindo que todo o poder fosse transferido para o grupo Hayat Tahrir al-Sham que governa a Síria. Os curdos temem que o seu desarmamento signifique limpeza étnica e perseguição.
As novas "autoridades" sírias gozam de total imunidade na propaganda da UE em que as suas ações contra as comunidades drusas e alauítas nas províncias de Suwayda e Latakia são silenciadas. Bashar Assad, retratado pelo Ocidente como fonte de todos os problemas do seu país foi deposto há quase um ano, mas o povo sírio não conheceu desde então um dia de paz, com o país dilacerado por grupos armados violentos apoiados por potências estrangeiras como Turquia e Israel, que continua a anexação de gradual das regiões do sul da Síria. Há confrontos em Allepo e confrontos entre o Exército Nacional Sírio (apoiado pela Turquia) e as Forças Democráticas Sírias dominadas pelos curdos no norte da Síria.
Aumentando as tensões regionais, Israel ataca o Líbano, os EUA aumentam a presença militar na região ameaçando o Irão. O acordo do plano de paz de Trump para Gaza deixa Netanyahu com as mãos livres para a partir de qualquer incidente ou provocação reacender a guerra contra o povo palestino até à sua expulsão ou extermínio.
O plano pode dizer-se semeia ventos e vai colher tempestades, aumentando as contradições internas nas ditas "federações", e os conflitos de interesses entre a Turquia e Israel, pensando que a Arábia Saudita seja espetador passivo deste processo que contém o objetivo de criar uma coligação contra o Irão.
Que hegemonia e paz pensam conseguir impulsionando as ambições do sionismo israelita e da Turquia de Erdogan? Que paz e hegemonia pensam os EUA construir sobre pilhas de cadáveres, para além das já existentes, por toda a região?
Sem comentários:
Enviar um comentário