Dizem os psicólogos que a melhor forma de prever comportamentos futuros é analisar comportamentos passados. Não se trata de prever o futuro, mas sim os comportamentos, da possibilidade à ação vai uma grande distância.
Medvedev afirmou que a Rússia sempre chegou à Europa apenas como libertadora, não como conquistadora o que historicamente parece ser verdade. Pelo contrário, desde os cavaleiros teutónicos quem avançou para Leste foi o Ocidente.
Quanto a comportamentos mais próximos, a NATO avançou para Leste até às fronteiras russas desprezando compromissos anteriores; foram países da NATO que sabotaram os acordos de Minsk I e II; rejeitaram a proposta russa de tratado de segurança coletiva na Europa em dezembro de 2021; fizeram terminar as negociações de paz em abril de 2022. Nos países da UE/NATO intensa propaganda incute nas populações uma ameaça eminente de invasão pela Rússia.
A Rússia não tem potencial humano, nem militar, nem económico para invadir a Europa. De resto para quê? Não tem qualquer interesse nem territorial nem económico nem ideológico nesse confronto. Contudo, a UE/NATO não tem potencial para derrotar e ou invadir a Rússia. Nestas condições seria lógico que a UE/NATO estivesse disponível para negociações com vista a resolver as causas do conflito, não mascarando o belicismo com condições que ou representariam uma derrota russa ou uma forma de prosseguir o conflito numa situação mais favorável.
As posições da Rússia raramente são dadas a conhecer, quando muito aparecem truncadas e deformadas. As provocações das "invasão do espaço aéreo na NATO" prosseguem, alimentando belicismo esperando a intervenção direta dos EUA. Políticos e jornalistas deviam ter em conta no seu trabalho, a doutrina nuclear da Rússia, tornada política de Estado. Deviam sobretudo ponderar no significado de colocar em confronto direto potências com milhares de bombas nucleares.
Os países da UE/NATO deviam ser os primeiros a querer a paz nas suas fronteiras, por razões não só de segurança mas também económicas. A sua ação foi alinhar no ataque e desmembramento da Jugoslávia e lançar países no caos como o Iraque, Síria, Líbia, tentando fazer o mesmo com a Rússia a partir de 2014, não falando nos processos levados a cabo após o fim da União Soviética.
O triunfalismo propagandista sobre a guerra na Ucrânia, esmoreceu há muito. As armas maravilha, Leopard, Abrams, HIMARS, ATTACM, etc, foram sistematicamente destruídas. No entanto, as FAU não entraram em colapso. A Rússia vai avançando, mas com reduzido significado estratégico e Pokrovsk não foi tomada. Está quase cercada, as FAR entraram - há meses - e tiveram de retirar sob o contra ataque ucraniano. A Rússia ainda não tomou totalmente Donetsk, de Kupiansk tomaram não mais que dois terços, não puderam avançar para Nicolaev.
O que colapsou foi a Ucrânia como Estado. O que resta da Ucrânia de 1991 é simplesmente um território mantido pela UE/NATO usando a sua população e mercenários para confrontar e debilitar a Rússia. As baixas são da ordem dos 40 a 50 mil efetivos por mês, centenas de milhões de euros/dólares são destruídos em armas e infraestrutura. Que importa! Também morrem russos e também é destruído material e infraestruturas atingidas.
Kiev diz que o seu orçamento tem um défice de 40% (!!). Deve estar calculado por baixo, já que energia elétrica, gás, combustíveis, armamento, munições, tudo tem de vir de fora grátis ou como dívida nunca paga, além dos milhões de cidadãos ucranianos no estrangeiro que têm de ser subsidiados.
As FAR realizam importantes bombardeamentos em infraestruturas, o seu significado é relativo, basta entender que o que está em curso é uma guerra entre a UE/NATO e a Rússia, a guerra para quando um deles não poder mais. Pelo comportamento passado, não vai ser a Rússia.
Os bombardeamentos não acabam com guerras - excluímos engenhos nucleares ou equivalente. Na 2ª Guerra Mundial os intensos bombardeamentos sobre a Alemanha não reduziram a sua produção industrial-militar que só caiu nos finais de 1944, devido à perda de territórios fonte de mão de obra e matérias- primas. No momento da capitulação dispunha de milhões de soldados, não tinha é como continuar a sustentar a guerra.
A Ucrânia continua a produzir e reparar equipamento em caves de edifícios civis, túneis, etc. A UE/NATO continua a sustentar a guerra e os 700 mil soldados das FAU. Portanto a guerra vai continuar. A Rússia mostra contenção não recorrendo a mobilização especial, não utilizando armas termobáricas ou Oreshniks. Talvez não queiram dar um passo no agravamento, talvez se reservem para um confronto mais vasto, direto com a NATO, talvez as duas razões.
No recente Fórum de Valdai, Putin declarou que "Os tempos são tais que é preciso estar preparado para tudo. Alguns países querem infligir uma derrota estratégica à Rússia, para fazer o povo sofrer; está na hora de eles se acalmarem. A Rússia vai atacar a NATO? Essa idiotice é impossível de acreditar. (...) Não sei se Trump estava sendo irónico quando disse que a Rússia é um tigre de papel. Tente lidar com o tigre de papel.
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