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20 de outubro de 2025

A Argentina de Milei, uma advertência sobre o liberalismo - 2

 Milei é um misto de iniciativa liberal e Ventura. A Argentina serve como uma advertência ao que acontece quando a política vive do espetáculo excessivo, disparatado e falso, substituindo a experiência, o rigor, a competência. A Argentina apresenta-se como vassala do neofascismo globalista, a sua sociedade está sendo destruída e representa um perigo para outros países.

As relações exteriores da Argentina estão em estado de paralisia; profissionais são afastados e sua credibilidade internacional reduzida. Milei rejeitou os BRICS isolando ainda mais a Argentina dos marcos de cooperação que impulsionam a inovação e o desenvolvimento no Sul Global.

Entretanto desenvolve-se um clima de violência política por parte do poder raramente visto na Argentina desde o retorno à democracia. Milei trata aqueles que se opõem como "los kukas", baratas… O que se faz com as baratas? Esmagam-se.

O que predomina é violência exercida pelo poder: demissões, repressão, perseguição aos movimentos sociais e fome. Uma violência estrutural impulsionada pelo Estado para garantir ajustes e disciplinar a sociedade.

The Guardian, falou das táticas autoritárias que Milei tem usado, como suprimir o direito de protestar e atacar a liberdade de imprensa, para impor uma terapia de choque de austeridade agravando a pobreza. Mas a industrialização não avança, a Argentina cai num modelo exportador de recursos, favorável ao capital e alinhado com os interesses dos EUA.

As denúncias contra Milei e gente próxima são graves porque evidenciam a contradição entre o discurso populista de "acabar com a casta" e a realidade de um governo cercado de negócios obscuros”. Milei prometeu uma guerra contra os burocratas, cortes brutais nos gastos públicos e uma desregulamentação radical. Como era de se esperar, o resultado foi devastador: uma recessão mergulhou mais da metade do país na pobreza nos primeiros seis meses de 2024.

As suas políticas causaram sofrimento e aumento significativo os preços ao consumidor - 160% só no seu primeiro ano de mandato - aproximadamente o mesmo que no último ano do governo anterior, apesar das promessas de reverter radicalmente a situação.

O liberalismo significa “permitir que os interesses corporativos operem com supervisão mínima”. Tais políticas podem enriquecer alguns, poucos, mas para a maioria leva a maiores dificuldades e empobrecimento. Alinhado com o liberalismo Milei vê na verdadeira cura – um desenvolvimento sustentável apoiado pelo Estado – como algo pior do que a doença.

protestos por causa dos baixos salários e pensões, do desemprego, da incerteza e dos cortes nos gastos públicos. O estilo confrontador de Milei dificulta seu relacionamento não apenas com a oposição, mas também com aliados que votaram a favor das suas reformas e com os governadores das províncias.

Milei prometeu consertar a economia argentina, em vez disso veio uma nova crise, dificultando a vida de milhões de pessoas. Durante um tempo pode iludir a população na esperança de resultados futuros. Porém, deparou-se com um colapso económico tão grave que os investidores começaram a vender a moeda argentina, o peso, e a desfazer-se dos ativos argentinos. O pânico cresceu diante de um possível calote aos enormes empréstimos internacionais, com o país sem capacidade de acumular reservas monetárias. A Argentina tem compromissos de dívida elevados pela frente, sem possibilidade de voltar aos mercados internacionais para se financiar.

Embora a inflação tenha desacelerado, a atividade económica está estagnada e os argentinos denunciam um aumento da pobreza resultado da austeridade e da corrupção. Cortou subsídios e desregulamentou serviços básicos, levando a um aumento abrupto no preço dos transportes, energia e bens essenciais. Os investimentos estão atrasados e o crédito está mais caro.

Como é que esta gente foi colocada nos cargos e amplamente promovida mesmo internacionalmente, com o objetivo de transformar a Argentina num exemplo para qualquer nação?

O programa de Milei foi fortemente influenciado pelos think tanks neoliberais da Rede Atlas, (fundada em 1981 pelo britânico Antony Fisher) um órgão de coordenação global que promove o mesmo pacote político e económico neoliberal onde quer que opere. Políticas como as de Milei, Bolsonaro ou as do RU e UE, são variações dos mesmos temas, imaginadas e aperfeiçoadas por grupos de pressão pertencentes a redes como a mencionada, a Fundação Soros e as ONG da USAID.

Presidentes e membros dos dos governos são apenas os rostos que apresentam o programa. Muitos de seus membros receberam dinheiro de redes de financiamento de multimilionários de Direita e outros interesses radicais. Esses grupos de pressão “lutam em nome de seus doadores, na guerra de classes que os mais ricos travam contra os pobres".

Quando num governo as políticas correspondem aos objetivos da rede, na verdade respondem ao dinheiro que financia o apoio a esses partidos e personalidades. O dinheiro da Rede Atlas e outras são um meio eficaz para acumularem poder. Canais através dos quais multimilionários e corporações influenciam a política, sem revelar suas intenções, transformando as democracias nominais em oligarquiacom a ajuda de líderes populistas que ressuscitam a guerra contra o fantasma do comunismo e da "esquerda" enquanto os povos sufocam sob o peso de um capitalismo desenfreado”.

Fonte: https://tektonikos.website/cuando-argentina-es-una-advertencia/



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