Lembrar nota do PC sobre o encerramento da central de Sines
Depois
do anúncio do encerramento da refinaria de Matosinhos da GALP há menos
de um mês, concretiza-se hoje, por decisão da EDP e com a cobertura do
Governo, o encerramento da Central termoeléctrica de Sines. Para o PCP
trata-se de uma decisão política precipitada e negativa para o País e
que, novamente a pretexto da chamada descarbonização e de supostas
preocupações com o clima, mais não serve do que os interesses dos
accionistas da EDP e da maximização dos seus lucros.
A
antecipação do encerramento de uma infraestrutura que tem assumido um
carácter estratégico no abastecimento eléctrico do País, ocorre
precisamente num momento em que o País enfrenta uma vaga de frio,
tendente a um aumento significativo dos consumos, e quando
simultaneamente se verifica uma menor disponibilidade das fontes
renováveis intermitentes, e que se têm traduzido não só em dificuldades
no abastecimento em territórios mais sobrecarregados, como num acréscimo
da importação e dos custos da energia.
O
PCP não questiona a necessidade de considerar a diminuição de emissões
de gases com efeito de estufa. Mas, tal decisão tem de ser adequada à
realidade de um País profundamente dependente em termos energéticos e
cujas infraestruturas como a Central de Sines continuariam dentro do seu
período de vida útil, pelo menos até 2025, em vez de obedecer a lógicas
de submissão aos interesses dos grupos económicos como a EDP que
embolsará largos milhões de euros de recursos públicos com esta decisão.
Os impactos no emprego, atingindo no imediato centenas de trabalhadores
sem qualquer garantia real de emprego futuro, são outra das
consequências negativas desta decisão.
Na
verdade, a EDP e o Governo ao decidirem precipitar o encerramento desta
central – no horizonte está também o encerramento da Central do Pego
que aliás tem aumentado a sua produção face às necessidades da
conjuntura actual – estão no fundo, a substituir produção nacional, por
importação de energia, incluindo de outras centrais a carvão e
nucleares, proveniente de outros países, confirmando a falácia das ditas
preocupações ambientais com que se quer justificar este encerramento.
Aliás, dadas as potenciais carências de electricidade no futuro próximo -
se as necessidades meteorológicas o impuserem devido ao calor ou ao
frio, como à seca com períodos de hidraulicidade baixa, principalmente
se, e quando, a retoma socioeconómica o impuser - a importância da
Central do Pego, a carvão, com custos de produção mais elevados dos que
se verificam em Sines, irá avultar, facto que torna ainda mais gritante a
ausência de uma política de planeamento energético.
Esta
situação crítica - ficar sem potência eléctrica estável mais a sul do
País – é, para além da questão energética, um grave factor de
desequilíbrio da Rede Eléctrica Nacional, facto que se conhece desde há
décadas e que é agravado pela circunstância da linha de transporte de
electricidade entre Ferreira do Alentejo e o Algarve ainda não estar
disponível.
Ao mesmo
tempo que se exige conhecer de facto quais as contrapartidas públicas
que serão dadas à EDP por esta decisão, há que assegurar a protecção dos
direitos dos trabalhadores atingidos, assim como de muitas PME
correlacionadas com as infraestruturas que vão encerrando. Esta decisão,
a ser irreversível, vai exigir também a adopção de medidas para evitar o
agravamento de preços aos consumidores, quando estes já são dos mais
elevados da União Europeia, penalizando as famílias e as empresas
portuguesas. E vai continuar a agravar a diferença entre Portugal e as
principais potências da UE, nomeadamente com a Alemanha, que até
inaugurou uma Central Térmica a Carvão há menos de um ano.
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