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23 de abril de 2025

A Ucrânia um ativo tóxico - 2

 É este ativo que a UE/NATO querem que "nós" contribuintes europeus compremos ao dizer que querem apoiar a Ucrânia "enquanto for preciso". Porquê e para quê?

A Rússia já tem quase tudo o que queria: cinco regiões industriais e agrícolas importantes habitadas por russos determinados; uma rota terrestre para a Crimeia; uma mina de ouro de recursos naturais; e uma fronteira defensável no Dnieper. Em teoria, a Rússia também poderia beneficiar com a absorção de Odessa e da criação de uma ponte terrestre com a Transnístria e a Gaugazia, ambas de língua russa, a chamarem pela Rússia. O importante é que a Rússia já obteve uma grande vitória – não sobre a Ucrânia, mas, sobre o ocidente coletivo!

A Rússia tem agora o melhor e mais treinado exército, equipado com armas modernas e comprovadas em combate, e um complexo militar-industrial extremamente ativo. Para manter a paz na Europa, a cavalaria russa não terá que entrar em Paris, nem os tanques russos que entrar em Berlim. Os cachorrinhos europeus já se puniram: o que se ouve é um choramingo patético em Paris, Londres e Bruxelas.

Os EUA têm agora um ativo tóxico chamado "direitos económicos exclusivos para a antiga Ucrânia". Não valerá nem perto dos 150 ou 500 mil milhões de dólares que Trump exigiu em várias ocasiões. Na verdade, pode ser extremamente improdutivo: muito pesado para os americanos lidarem, com nazistas raivosos, furiosos pela sua humilhação, e um desastre humanitário para uma população cada vez menor.

Os esforços de Trump para pressionar os russos fracassarão. A delegação dos EUA não pode dar uma boa resposta nem mesmo à pergunta razoável: "Que diabo está fazendo em nossa vizinhança?" A Rússia está ao lado da Ucrânia, enquanto os Estados Unidos estão do outro lado do oceano. Podem ver a diferença?

Trump está ficando sem opções. Ele não tem escolha a não ser tentar afundar o navio do globalismo antes que os globalistas afundem o navio dos Estados Unidos. Olhe-se para a balança comercial dos EUA. Em resultado, cada vez mais americanos não podem pagar aluguer de casa, dormindo em carros ou em barracas. Esqueça tornar a América grande novamente; evitar que entre em colapso é, neste momento, uma tarefa árdua.

A imposição de barreiras comerciais seria um primeiro passo, mas isso corre o risco de mergulhar a economia dos EUA num profundo estado de choque do qual pode não recuperar tão cedo. Os Estados Unidos não têm mais a força de trabalho qualificada e disciplinada necessária para executar um programa de substituição de importações. A classe dos gestores está cheia de financeiros e especuladores. Mais de 80% da economia dos EUA é composta por serviços, orientados para o consumo, não para a produção, reverter essa situação, mesmo que fosse possível, levaria bastantes anos.

Trump tem que cortar os gastos militares, mas isso destruiria sua base de poder, e ele não tem os votos para fazê-lo. Evacuar e liquidar todas as bases militares no exterior exigiria mais dinheiro, não menos. Os programas de armas devem ser impiedosamente desmantelados, e isso provocaria indignação entre senadores e congressistas cujos Estados beneficiam desses programas, destruindo a sua pequena maioria legislativa.

Trump não controla a Reserva Federal, que é uma fachada de um consórcio de bancos privados, adeptos do globalismo. Ele adoraria separar-se dos seus aliados da Europa, mas o dólar americano e o euro são moedas gémeas, estreitamente ligadas: por cada euro que o Banco Central Europeu imprima é necessário emitir um dólar para absorver o excedente ou o desequilíbrio conduziria à instabilidade de todo o sistema financeiro e à paralisação do fluxo de fundos. Trump não tem autoridade para quebrar este relacionamento

Em suma, Trump está em apuros. Para ocupar o cargo, teria de se tornar um ditador, mas ele é apenas o presidente da segunda república mais corrupta da história (a mais corrupta é a Ucrânia). O fim de seus primeiros 100 dias no cargo aproximam-se e, até agora, ele não realizou absolutamente nada. Causou rebuliço nos media, Elon Musk, conseguiu eliminar a USAID, a Voz da América, milhões de beneficiários falecidos da Previdência Social e entidades parasitas, mas isso é insuficiente para evitar uma catástrofe financeira.

Além isto, terá como pano de fundo a "Ucrânia de Trump", lembrando o "Afeganistão de Biden". A Rússia já ganhou quase tudo o que deseja graças aos seus soldados no campo de batalha, adquirir o resto não seria do interesse nacional da Rússia.

Fonte - Dimitri Orlov, Ucrânia é um ativo tóxico

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