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29 de abril de 2024

Tentativa de revolução colorida na Geórgia

 Está em curso uma “revolução colorida” na Geórgia, com os processos habituais de captar e formar potenciais lideres carismáticos e grupos ativistas seduzidos pelas políticas do globalismo neoliberal lideradas pelos EUA. Todos os países têm problemas, a começar pelos próprios EUA, o processo toma um como tema exacerba-o ao limite, transforma-o em escândalo, e com a ajuda dos media e redes sociais controladas faz as pessoas perderem a memória histórica e os próprios contextos, na absoluta deturpação da realidade. 

A Geórgia tem fronteiras com a Rússia, será que estes artífices do caos imaginam as consequências do país se ligar à NATO?

O jornalista Brian Berletic escreve, que os Estados Unidos têm invadido e ocupado neste século XXI, várias nações: da Líbia ao Afeganistão, da Jugoslávia ao Iraque. Para além desta abordagem mais destrutiva, também interferiram nos assuntos políticos internos de outras nações, tentando derrubar governos eleitos e instalar regimes clientes em seu lugar.

Num artigo do Guardian de 2004: “Campanha dos EUA por trás da turbulência em Kiev”, “a campanha é uma criação americana, um exercício sofisticado e brilhantemente concebido que, em quatro países em quatro anos, tem sido usado para tentar salvar eleições fraudulentas e derrubar regimes desagradáveis. Financiado e organizado pelo governo dos EUA, mobiliza consultores, diplomatas e ONG dos EUA. A campanha foi usada em Belgrado, em 2000, para derrotar Milosevic nas urnas. Richard Miles, embaixador dos EUA, desempenhou um papel fundamental. Em 2003, como embaixador na Geórgia, treinou Mikhail Saakashvili para derrubar Shevardnadze. Michael Kozak, um veterano de operações semelhantes na América Central, nomeadamente na Nicarágua, organizou uma campanha quase idêntica para tentar derrotar o homem forte da Bielorrússia, Lukashenko”

Segundo o artigo, o governo dos EUA consegue isto através de fundos distribuídos pelas muitas subsidiárias do National Endowment for Democracy (NED), incluindo o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto Democrático Nacional (NDI), a Freedom House e Fundações privadas, como a Open Society Foundation de George Soros.

O Ocidente possui algumas das leis mais rigorosas que regulam a interferência estrangeira. Os Estados Unidos mantêm a Lei de Registo de Agentes Estrangeiros, de 1938, exigindo que as organizações com financiamento estrangeiro se registem junto do governo dos EUA e divulguem o seu financiamento ou enfrentem penalidades severas, incluindo longas penas de prisão.

Não é surpresa que outras nações tenham adotado legislação semelhante. Afinal de contas, a independência política de uma nação é garantida pela Carta das Nações Unidas, tal como o direito de uma nação defendê-la.

Nações que não conseguiram aprovar tal legislação viram-se esmagadas por organizações e grupos de oposição financiados pelos EUA e pela UE/NATO, capazes de impulsionar temas e legislação adequadas aos interesses ocidentais, interferindo intensamente nos assuntos políticos internos bem como minar a integridade das instituições incluindo o sistema jurídico e educativo.

A Geórgia procura aprovar uma lei sobre interferência estrangeira (aliás já aprovada na generalidade no Parlamento). A CNN num artigo afirma: “A Geórgia prossegue com uma lei de ‘agente estrangeiro’ ao estilo de Putin, apesar dos enormes protestos”, confundindo o desejo legítimo da Geórgia de erradicar a interferência estrangeira ligando-a a interferência russa. Em nenhum lugar é mencionado que estes “enormes protestos” são liderados por figuras da oposição financiadas pelo governo dos EUA. O artigo afirma que a lei da Geórgia reflete a lei da Rússia, não salientando que ambas refletem a lei aplicada nos EUA!

A Eurasianet afirma num artigo tenta mostrar que o projeto de lei da Geórgia é diferente da Lei dos EUA: “Uma diferença crucial é que não exige o registo simplesmente por motivos de financiamento estrangeiro. É preciso ser agente de um mandante estrangeiro, inclusive se alguém agir sob a direção e controle de um governo estrangeiro” “ lei da Geórgia afetará principalmente a vibrante sociedade civil do país, que os doadores têm alimentado durante décadas.”

Ou seja, a “sociedade civil” que o governo dos EUA e outros financiam estão envolvidos na mudança de regime, equivalendo a interferência estrangeira na própria definição dos EUA. A Eurasianet foi fundada pelo  governo dos EUA através do NED.

A grande maioria dos grupos de oposição na Geórgia e os media fora da Geórgia opõem-se à lei do agente estrangeiro da Geórgia, não porque esta invada a liberdade e a democracia reais, mas precisamente porque criará um obstáculo significativo à interferência dos EUA.

Embora a Eurasianet, Thai PBS e Fortify Rights tentem apresentar leis que se opõem a interferência estrangeira como uma ameaça à “democracia”, aos “direitos humanos”, a capacidade de uma nação determinar as suas políticas, sem interferência externa, é uma importante condição dos direitos humanos. O fundamento da verdadeira liberdade é a autodeterminação.

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