Há pouco vi um post aqui no FB em que a Amnistia Internacional de Portugal pedia assinaturas numa petição que, no caso, estava baseada em dados falsos e enganadores, sendo mais um acto de propaganda que uma real preocupação. Nem de propósito, encontrei, traduzi e adaptei um artigo sobre as ONGs de direitos humanos, que espelha bem a realidade das supostas "boas" intenções desta gente e, portanto, recomendo a sua leitura:
"A Corrupção da Sociedade Civil pelas ONGs de Direitos Humanos
As
organizações que operam sob a bandeira de “organizações
não-governamentais de direitos humanos” (ONGs) tornaram-se actores
fundamentais para a disseminação da propaganda de guerra, a intimidação
de académicos e a corrupção da sociedade civil. Estas ONGs actuam como
vigilantes, determinando quais as vozes que devem ser bem ouvidas e
quais devem ser censuradas e canceladas.
A
sociedade civil é imperativa para equilibrar o poder do Estado, mas o
Estado procura cada vez mais sequestrar a representação da sociedade
civil através das ONGs. As ONGs podem ser problemáticas por si só, pois
podem permitir que uma minoria ruidosa se sobreponha a uma maioria
silenciosa. No entanto, a doutrina Reagan exacerbou o problema, uma vez
que estas “ONGs de direitos humanos” foram financiadas pelo governo e
preenchidas por pessoas ligadas às agências de informações de forma a
garantir que a sociedade civil não se desviasse significativamente das
políticas governamentais.
A capacidade dos
académicos de falar aberta e honestamente passou a ser restringida por
estes guardiões. Estas ONGs limitam a dissidência nos debates académicos
sobre a rivalidade na Ucrânia entre as grandes potências. Factos bem
documentados e comprovados que são imperativos para a compreensão do
conflito simplesmente não são divulgados nos media, e quaisquer esforços
para abordar esses factos são confrontados com vagas acusações de serem
“controversos” ou “pró-Rússia”, uma transgressão que deve ser punida
com a intimidação, a censura e o cancelamento.
Porque
é que as ONGs humanitárias passaram a actuar como modernas “camisas
castanhas”, limitando a liberdade académica? Poder-se-á igualmente
perguntar por que é que as ONGs de direitos humanos se esforçam mais
para demonizar Julian Assange do que para explorar os abusos dos
direitos humanos que ele expôs.
Estas “ONGs de
direitos humanos” dedicam-se principalmente a abordar as violações dos
direitos humanos cometidas por adversários do Ocidente. Posteriormente,
todas as políticas das grandes potências são enquadradas como uma
competição entre valores bons e valores maus. A construção de
estereótipos para o grupo interno versus o grupo externo como um
conflito entre o bem e o mal é um componente fundamental da propaganda
política. A complexidade da competição de segurança entre as grandes
potências é simplificada e propagandeada como uma simples luta entre a
democracia liberal e o autoritarismo. Além disso, baseiam-se no facto de
a sua credibilidade resultar por serem “não governamentais” e apenas
dedicadas aos direitos humanos, o que aumenta a eficácia das suas
mensagens.
Ao enquadrar o mundo como um conflito
entre o bem e o mal, a compreensão mútua e o compromisso equivalem ao
apaziguamento, enquanto a paz é alcançada através da derrota dos
inimigos. Assim, estas “ONGs de direitos humanos” apelam ao confronto e à
escalada contra quem quer que seja a mais recente reencarnação do
“Mal”, enquanto as pessoas que apelam ao diálogo e à diplomacia passam a
ser denunciadas e censuradas como traidoras.
O sequestro da sociedade civil pelas ONGs
Após
a Segunda Guerra Mundial, as agências de informações americanas
assumiram um papel activo na manipulação da sociedade civil na Europa.
Essas agências de informações ficaram de certo modo constrangidas quando
foram apanhadas, e então, a solução foi esconderem-se à vista de todos.
A
Doutrina Reagan implicou a criação de ONGs que iriam interferir
abertamente na sociedade civil de outros estados, sob o pretexto de
apoiar os direitos humanos. O objectivo bem documentado era ocultar as
operações de influência das informações dos EUA como sendo trabalho
sobre a democracia e os direitos humanos. O aspecto “não-governamental”
das ONGs é fraudulento, uma vez que são quase inteiramente financiadas
pelos governos ocidentais e preenchidas por pessoas ligadas à comunidade
de informações. Veja-se o caso que ocorreu durante a “Revolução
Laranja” da Ucrânia em 2004, em que um protesto anticorrupção foi
transformado num governo pró-OTAN e antiRússia. Sendo que o chefe da
influente ONG “Freedom House” na Ucrânia era o ex-diretor da CIA.
O
próprio Reagan fez o discurso de inauguração quando foi estabelecido o
“National Endowment for Democracy” (NED) em 1983. O “Washington Post”
escreveu que o NED tem sido o “paizinho das operações abertas” e “o que
costumava ser designado por 'propaganda' passou agora a ser simplesmente
chamado de 'informação'". Documentos recentemente divulgados revelam
que o NED cooperou estreitamente com as iniciativas de propaganda da
CIA. Allen Weinstein, cofundador do NED, reconheceu que: “muito do que
fazemos hoje era feito secretamente há 25 anos pela CIA”. Philip Agee,
um denunciante da CIA, explicou que o NED foi estabelecido como um
“programa de propaganda e incentivo” para subverter nações estrangeiras,
sendo denominado como uma iniciativa de promoção da democracia.
As
ONGs permitem assim que uma minoria ruidosa apoiada pelo Ocidente
marginalize uma maioria silenciosa e depois venda isso como
“democracia”. Os protestos podem, portanto, legitimar o derrube de
governos democraticamente eleitos. O “Guardian” referiu-se à Revolução
Laranja Ucraniana de 2004 como “uma criação americana, um exercício
sofisticado e brilhantemente concebido de marca e marketing de massas
ocidental” com o propósito de “ganhar as eleições de outras pessoas”.
Outro artigo do “Guardian” rotulou a Revolução Laranja como tendo sido
um “golpe de Estado pós-moderno” e uma “revolta do terceiro mundo
patrocinada pela CIA dos tempos da guerra fria, adaptada às condições
pós-soviéticas”. Uma operação semelhante de mudança de regime foi
repetida na Ucrânia em 2014 para mobilizar a sociedade civil ucraniana
contra o seu governo, resultando no derrube de um governo
democraticamente eleito contra a vontade da maioria dos ucranianos. As
ONGs qualificaram-na de “revolução democrática” tendo sido acompanhadas
por Washington, que assim garantiu o seu domínio sobre os principais
instrumentos do poder em Kiev.
Houve outras
operações semelhantes das ONGs que também foram lançadas contra a
Geórgia. As ONGs organizaram a “Revolução Rosa” na Geórgia em 2003, que
acabou por resultar numa guerra com a Rússia depois de as novas
autoridades na Geórgia terem atacado a Ossétia do Sul. Recentemente, o
Primeiro-Ministro da Geórgia advertiu que os EUA estavam mais uma vez a
utilizar as ONGs num esforço para derrubar o seu governo e usar o seu
país como uma segunda frente contra a Rússia. O parlamento
democraticamente eleito da Geórgia aprovou uma lei com uma maioria
esmagadora (84 a favor versus 30 contra), para uma maior transparência
no financiamento das ONG. Não é de todo surpreendente que as ONGs
ocidentais tenham decidido que a transparência sobre o seu financiamento
era antidemocrática e foi assim rotulada como sendo uma “lei russa”. O
público ocidental foi alimentado com imagens de protestos pela
credibilidade democrática e foi propagandeado que o primeiro-ministro
georgiano era apenas um fantoche russo. Os EUA e a UE ainda vieram
posteriormente ameaçar a Geórgia com sanções em nome do “apoio” à
sociedade civil da Geórgia.
A Corrupção da Sociedade Civil
Uma
sociedade assenta em três pilares – o governo, o mercado e a sociedade
civil. Inicialmente, o livre mercado era visto como o principal
instrumento para elevar a liberdade do indivíduo em relação ao governo.
No entanto, no final do século XIX, com o imenso poder concentrado nas
grandes indústrias, alguns liberais passaram a olhar para o governo como
sendo um aliado para limitar o poder das grandes empresas. O desafio do
nosso tempo é que os interesses governamentais e empresariais andam
cada vez mais de mãos dadas, o que ainda mais se intensificou com a
ascensão dos gigantes tecnológicos que controlam agora os principais
centros de poder ocidentais, pelo que se tornou muito mais difícil para a
sociedade civil operar de forma independente. E assim, para evitar a
restrição da liberdade na sociedade actual, é imperativo que os media e
as academias passem a ser um repositório da verdade e não continuem a
ser policiados por falsas e/ou hipócritas ONGs.
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