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5 de junho de 2024

Dos "sub-humanos" aos "animais humanos"

Para os nazis, judeus, eslavos, ciganos eram seres sub-humanos, face à "raça" superior" germânica. Para os sionistas os palestinos são "animais humanos" face ao "povo eleito". Apesar do apoio dos EUA a Israel, em qualquer país civilizado não se aceitem formas cruéis e degradantes de tratar os animais; os palestinos apenas pretendem um Estado independente e seguro como foi consensualmente aprovado na ONU com as fronteiras de 1967 - o que já foi uma transigência em relação aos israelitas.

Os palestinos têm sido tratados como "animais humanos" desde há 75 anos, e cada vez pior, na narrativa dos media tudo começou em 7/10/2023. Para a moral da "democracia liberal", quando os esmagados pela opressão se revoltam a culpa é sempre destes e o castigo é merecido...

Em oito meses de "guerra ao Hamas", cerca de 36 500 palestinos foram mortos em Gaza e 82.700 feridos, a que acresce o bloqueio à ajuda humanitária para a subsistência dos 2,2 milhões de seres humanos. Os nazis nos campos de concentração não forneciam calorias suficientes à sobrevivência dos prisioneiros. Israel tem uma perversidade acrescida: aqueles bens que como tropa ocupante Israel é obrigada a proporcionar à população civil, nem sequer são de Israel são ajuda humanitária que vem exterior...

Que dizem a isto os EUA, patrono de Israel? Biden, acredita que o que está acontecendo em Gaza não é genocídio. A generalidade dos políticos dizem que Israel não violou o direito internacional, nem na condução da guerra, nem na prestação de assistência humanitária. Ao contrário de muitos outros senadores e congressistas, Bernie Sanders considera Netanyahu um criminoso de guerra. Ele não deveria ser convidado para discursar numa reunião conjunta do Congresso. Certamente não comparecerei".

A opinião pública tanto nos EUA como na UE/NATO está do lado de Sanders. As manifestações a favor dos palestinos, apesar de dura repressão nos EUA e países europeus são uma derrota não só de Israel mas das elites políticas dos EUA e vassalos.

A guerra em Gaza é uma derrota de Israel, com o indelével registo da morte de civis. Fracassaram em eliminar o Hamas e nem sequer foram capazes de recuperar os reféns.

O objetivo de expulsar os palestinos e impedir a formação do Estado palestino, não recebe apoio de praticamente nenhum país da ONU. Apenas 25 a 30% dos combatentes do Hamas terão sido eliminados, tal como a destruição dos seus túneis. Mas o Hamas tem recrutado milhares de novos combatentes e construído novos túneis. Os sionistas estão isolados internacionalmente (salvo dos EUA, com a habitual hipocrisia - o que é um sinal de fraqueza).

Israel tem agora três frentes de batalha: o Hamas continua a atacar Israel. Os confrontos com o Hezbollah intensificaram-se, com o Norte de Israel a arder após recentes ataques do Hezbollah, obrigando Israel a declarar o estado de emergência na região. Os Houthis prosseguem os ataques a navios, incluindo ao porta-aviões Dwight Eisenhower pela segunda vez, mostrando as fragilidades da marinha dos EUA. Mas não só: atacaram a cidade portuária de Eilat, no sul de Israel.

Mas há outra guerra que Israel também perdeu: a económica. O PIB contraiu 19,4% durante os últimos três meses de 2023. A guerra obrigou à evacuação de milhares de colonos do norte e do sul, o turismo desapareceu, a mobilização de centenas de milhares de reservistas paralisa a economia, os Houthis paralisam os portos de Israel.

Segundo o Banco de Israel, o défice orçamental aumentou nos últimos 12 meses para 7% do PIB, prevê que a guerra em Gaza custe 67,4 mil milhões de dólares até 2025 e os gastos com a defesa representam 9% do PIB. O consumo a caiu 27% e o investimento 70%. Contudo os fabricantes de armas apresentam lucros recordes (Geopolítica ao vivo – Telegram 30/05) Nesta situação que pretende o governo: mais guerra, preparando a invasão do Líbano. A derrota de 2006 foi esquecida.

Os EUA estão assim a braços com outra derrota e outro país que terão de sustentar financeira e militarmente: o mundo muçulmano desliga-se dos EUA e volta-se para a China e a Rússia. A Arábia Saudita define: "Israel deve aceitar que não pode existir sem um Estado palestino. Israel não decide se os palestinos têm ou não direito à autodeterminação. Isto é algo consagrado na Carta da ONU e no direito internacional. Israel deve compreender que é do seu interesse estabelecer um Estado palestino ao longo das fronteiras de 1967." (Geopolítica ao vivo – Telegram 27/05)


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