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10 de julho de 2024

A cimeira da NATO: o império em guerra - 2

 Na Cimeira da NATO foi estabelecido que: 1 - A Rússia não pode vencer 2 - A entrada da Ucrânia na NATO é irreversível. Isto significa, talvez as pessoas não reparem, que estamos em guerra com a Rússia - e seus aliados. Isto apesar de ser necessário o fim da guerra para a Ucrânia poder entrar - isto é, vencer a Rússia.

É de facto complicado perceber o que se passa naquelas desvairadas cabecinhas. A guerra na Ucrânia desfez os mitos da superioridade bélica dos EUA, evidenciando as fragilidades dos seus blindados, artilharia, defesa antiaérea. Expôs as insuficiências do potencial de produção da NATO, levado praticamente ao limite pelos fornecimentos à Ucrânia. Em Israel o "Domo de ferro" foi incapaz de deter os mísseis do Irão e do Hezbollah. Compreende-se portanto o nervosismo de gente que não concebe o mundo sem ser dominado pelos EUA.

Na construção naval os novos submarinos da classe Columbia dos EUA enfrentam atrasos superiores a um ano e custos 20% superiores ao previsto. O atraso do na construção do porta-aviões USS Enterprise pode atingir dois anos. Quanto à Marinha do RU, foram conhecidos os problemas dos porta-aviões Queen Elizabeth e Prince of Wales enfrentando uma série de avarias técnicas e restrições operacionais. The Telegraph informou que a frota auxiliar da Marinha Real, está numa "confusão ainda pior" do que muitos poderiam imaginar. (Geopolítica ao vivo – Telegram 11/04)

Os EUA não foram ainda capazes de tornar operacionais mísseis hipersónicos, tendo ultimamente ensaiado o míssil Mako, Mach 5, muito inferior aos mísseis russos. Os F-16 dificilmente poderão fazer face a aviões e sistemas de mísseis antiaéreos russos. Os F-35 furtivos ao radar, apresentaram deficiências, que levaram a uma versão melhorada, TR-3, que tem tido problemas de software e na produção de novos equipamentos. São no entanto superados pela capacidade de deteção russa e pelos Su-57, caça furtivo de quinta geração, multifunções e avançados sistemas de aviónica. Além disto, a produção de aviões de quinta geração da Rússia e da China excede a dos EUA.

Aquilo que foi criado para ser o sustentáculo do poder global unipolar, as bases militares e as esquadras navais com seus porta-aviões, tornaram-se pontos fracos dado o desenvolvimento de mísseis hipersónicos. O verdadeiro poder ameaçador dos EUA acaba por residir nos seus submarinos nucleares. Mas nisto não estão sozinhos, tanto a Rússia como a China dispõem de potencial para impedir que no caso de um conflito alargado o Atlântico ou o Pacífico sejam dominados pelos EUA.

A quantidade de bases militares dos EUA pode ser considerada uma vantagem, mas apenas inicial. Em termos de produção bélica, sobretudo nos países europeus da NATO, os stocks de armas tornaram-se exíguos. No caso de uma crise militar grave, tanto estes como os EUA, teriam de reformular e reorganizar completamente as suas economias. A Rússia, com a experiência obtida na Ucrânia desenvolveu produção militar em quantidade e qualidade, preparando-se para a eventualidade de um conflito aberto com a NATO.

A defesa aérea da UE/NATO é praticamente inexistente contra mísseis hipersónicos ou mesmo determinados tipos de drones. Os EUA não estão em condições muito diferentes, os Patriot são insuficientes contra os mais avançados mísseis hipersónicos russos, a sua fronteira Sul está indefesa, criar uma defesa ao nível dos S-400 ou S-500 russos levaria anos já não falando nos custos.

Claro que a Rússia não ficaria incólume, apesar da eficácia dos S-400 e S-500, mas também não os EUA que não têm defesas contra os super-torpedos Poseidon, os portadores balísticos Sarmat, Yars ou o míssil de propulsão nuclear Buresvetnik. O míssil de cruzeiro Avangard atinge Mach 28. Os Kinzhal com alcance de 2 000 km, Mach 10, estão concebidos para atacar porta-aviões.

Os EUA com a UE/NATO estão a braços com duas derrotas e dois países que terão de sustentar financeira e militarmente, Ucrânia e Israel, ao mesmo tempo que o mundo muçulmano se desliga das políticas dos EUA. Para a Arábia Saudita: "Israel deve aceitar que não pode existir sem um Estado palestino. Israel não decide se os palestinos têm ou não direito à autodeterminação. Isto é algo consagrado na Carta da ONU e no direito internacional. Israel deve compreender que é do seu interesse estabelecer um Estado palestino ao longo das fronteiras de 1967."

Mas por certo a maior fragilidade do furor belicista que as elites ocidentais promovem sejam os protestos contra a guerra tanto nos EUA como praticamente por toda a UE/NATO: manifestantes expressam-se contra as ações de Israel, em solidariedade com o povo palestino, e contra o envolvimento no conflito na Ucrânia, exigindo o fim da guerra e negociações sérias.

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