1 Em curto.
O
discurso do Chega está "certo" . Corresponde à realidade e muitos
portugueses é isso que sentem . Isto é ele toca embora demagogicamente nas questões que os
outros calam ou parecem calar porque são silenciados . Só que o faz
com dois truques bem conseguidos e muito dinheiro a promove-lo. Muito
dinheiro.
Primeiro diz que esta "bandalheira" vem
desde o 25 de Abril . Não , não vem . Vem desde o 25 de Novembro com a
liquidação constante das conquistas conseguidas pelos trabalhadores e o
povo com a cumplicidade e muitas vezes a iniciativa do PS ,o que tem
levado á acentuação das desigualdades ao agravamento de muitos problemas á imigração da juventude e á imigração brutal e em muito pouco tempo..
Segundo dão a ideia
que são virgens que chegaram agora à política e que querem. cortar a
direito. Não não são virgens. Ventura esteve no PSD foi vereador pelo
PSD em Loures e apoiou Passos Coelho e o seu governo
Só
quando viu que não tinha mais futuro no PSD e lhe apareceram
capitalistas e um grande grupo da comunicação social(Correio da Manhã)a
propor um novo partido para afastar as esquerdas é que se mascarou com
uma nova roupagem e um falso novo discurso ..
Depois
jogou com o medo a frustração e a raiva de milhares que assistem
impotentes às negociatas à corrupção ao amiguismo , ao nepotismo e
à não resolução dos seus problemas
Depois não esquecer ainda que o país sofreu um choque brutal de imigração que assusta
muita gente que trás diferenças de comportamentos e de culturas e que a
esquerda não pode responder como dando a ideia que defende uma
política de portas abertas .
Manuela Silva .facebook
2 Não se desenganem. O Chega vem mesmo
para mudar o país. Para pior. O partido de André Ventura é o sonho
molhado dos grandes grupos económicos e financeiros. Poder, finalmente,
ajustar contas, de forma aberta e sem pudor, com as conquistas sociais
da revolução de Abril é o desígnio do Chega. Ontem à noite, na RTP, João
Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, e Pedro Frazão, do Chega,
admitiam juntos que querem mudar a Constituição da República Portuguesa
para acabar com o seu preâmbulo e alterar a parte que define a
organização económica do país porque, e cito, atribui ao Estado “a
obrigação de ser ele o prestador dos serviços públicos” (ao fundo
ouve-se Pedro Frazão a gritar “exactamente!”).
O
desmantelamento das funções sociais do Estado é, sem dúvida, uma
hecatombe mas vem já sendo operada ao longo de décadas pelo PS e PSD.
Essa é, aliás, uma das principais razões para a votação avassaladora no
Chega. Os partidos que até agora nos governaram, fingindo defender a
democracia, favoreceram sempre as elites. O partido de André Ventura,
fingindo estar contra este sistema, quer favorecer as mesmas elites. O
povo que se lixe.
Eu
dizia, há uns dias, que antes de melhorar isto ainda vai piorar. Mas só
vai melhorar com a resistência dos trabalhadores (sim, também com muitos
dos que votaram no partido de André Ventura). Muita gente vota no Chega
porque sente que esse é o voto de protesto contra a sua vida miserável.
E sim, é absolutamente chocante que haja mais de um milhão de eleitores
de um partido abertamente fascista e que muitos tenham como objectivo
expulsar indostânicos, tornar a vida num inferno aos portugueses ciganos
e retirar direitos às mulheres. Tudo menos tocar nos interesses de quem
de facto é responsável pelas nossas vidas miseráveis: os grandes grupos
económicos e financeiros. Acreditam que André Ventura está mesmo contra
este sistema.
Que votem
num partido de ladrões, corruptos e pedófilos, de aldabrões encartados
que dizem uma coisa hoje e amanhã o seu contrário, não significa que não
tenham razão em estar revoltados. Sabemos bem que o Chega foi levado em
ombros pela comunicação social que, de forma irresponsável, mas
consciente e deliberada, virou todos os focos para a extrema-direita,
dando gás ao seu discurso racista e xenófobo. Os donos de jornais,
rádios e televisões nunca o fizeram com o PCP, por exemplo, porque
sabiam que os comunistas, ao contrário do Chega, estão de facto contra
este sistema.
É certo, a
palavra esquerda significa, hoje, pouco para os portugueses porque a
identificam com partidos como o PS que sempre disseram uma coisa e
fizeram outra. Muitos identificam-na também com uma esquerda folclórica
que sempre preferiu viver mais da estética do que do conteúdo, que
prefere priorizar direitos individuais e secundarizar direitos
colectivos, cavalgando a onda liberal, procurando a divisão da classe
trabalhadora.
Os sinos
têm de tocar a rebate porque a gravidade é evidente. PS e PSD tenderão,
como noutros países, a convencer-nos de que a democracia se defende
votando neles. Não, a democracia defende-se melhorando as condições de
vida dos trabalhadores, das mulheres, dos jovens e dos reformados. A
tarefa do futuro é a construção de uma resistência onde caibam todos os
que queiram verdadeiramente lutar contra este sistema. Devemos apontar o
dedo ao Chega mas também aos que nos trouxeram aqui: as políticas do PS
e PSD, a comunicação social e as redes sociais. Para lá da internet,
onde também é importante saber comunicar, temos de reconstruir a nossa
vida colectiva onde ela mais importa: conectando-nos com outros nos
locais de trabalho, no sindicato, na colectividade, na associação de
moradores, etc.
O tempo
que vivemos é de resistência. Num dos seus poemas, Manuel Gusmão
perguntou “quem somos nós?” e respondeu, em relação aos comunistas, que
“somos a esperança que não fica à espera”. Muitos só vão perceber o
engodo do Chega quando a nossa vida piorar ainda mais. Vão ter de bater
de frente com os sindicatos mas os sindicatos sem trabalhadores não são
mais do que quatro paredes e um telhado. É importante que entendamos que
a resistência se faz connosco. Não se faz apenas nas redes sociais.
Faz-se nas ruas e nos locais de trabalho. Muitos direitos vão ficar em
causa, sobretudo dos trabalhadores e das mulheres, e cabe-nos mostrar
que somos muitos e capazes de colectivamente enfrentar as ameaças. Mas
defender o que temos não basta. Precisamos de assentar as bases para que
no futuro nos tenhamos a todos, lado a lado, a construir um país
soberano, socialmente justo e de progresso. Facebook de Bruno Carvalho jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário