"Ofereçam aos editores da RTP e infelizmente também podem oferecer a Mariana Mortágua , Rui Tavares e Pedro Nuno dos Santos .Facebook de Manuela Silva . Texto do jornalista Bruno Carvalho ."
" A
peça de teatro que nos é dada a ver, em directo, através da televisão,
na qual Zelensky é o principal actor, tem um guião tão mau que nos
tentam convencer agora de que a Ucrânia é que sempre quis negociar e que
é Putin que sempre descartou a via diplomática. Recordo aos mais
esquecidos que o presidente da Ucrânia assinou um decreto a proibir
qualquer negociação com a Rússia. Durante anos, qualquer pessoa que
falasse de paz ou negociações, de Lula da Silva ao Papa Francisco,
levava com um selo de putinista na testa.
A
Ucrânia rompeu com as negociações há três anos na Turquia não por causa
de Bucha mas porque Boris Johnson, então primeiro-ministro britânico,
assim ordenou. Os aliados europeus de Zelensky só começaram a falar de
conversações quando Donald Trump impôs a diplomacia como forma de pôr
fim à guerra. Até então, a estratégia era seguir a linha traçada por Joe
Biden: até à morte do último ucraniano. Foi Vladimir Putin que propôs
negociações em Istambul mas nunca disse que ia estar presente. A
experiência mostra que nenhum acordo começa com um encontro entre as
mais altas figuras dos Estados beligerantes. Os acordos são negociados
por equipas técnicas e políticas e assinados, no fim, pelos presidentes
de cada país.
Agora, o
circo está montado com Zelensky a acusar a Rússia de ter enviado uma
delegação sem competências para negociar. Tenta-se passar a imagem de
que é a Ucrânia e os seus aliados que querem a paz quando a retórica
esbarra nas ameaças constantes de novas sanções. À frente dos
representantes russos está Vladimir Medinsky, assessor de Putin, nascido
na Ucrânia soviética, que já tinha estado à frente das conversações há
três anos na Turquia. Em Istambul, está Mikhail Galuzin, vice-ministro
russo dos Negócios Estrangeiros, Igor Kostyukov, diretor dos serviços de
inteligência militar, e o vice-ministro russo da Defesa. Putin nomeou
ainda uma equipa técnica composta pelo major-general Alexandr Zorin, que
participou nas negociações da libertação dos soldados ucranianos
assediados dentro do Azovstal, em Mariupol, e que foi responsável por
manter o contacto com as forças terroristas sírias durante a guerra
civil naquele país. Está Elena Podobreyevskaya, do departamento da
presidência para as questões humanitárias, Polishuk, do ministério russo
dos Negócios Estrangeiros, e Shetstov, do ministério russo da Defesa.
É
muito provável que a proposta que estava em cima da mesa há três anos
volte a ser a mesma mas com piores condições. De facto, como explicou o
professor Tiago André Lopes há umas semanas, a cada nova negociação, as
condições pioram para a Ucrânia. Kiev não cumpriu os acordos de Minsk
que lhe teriam permitido manter a integridade territorial, à excepção da
Crimeia, e não aceitou assinar um acordo há três anos no qual teria de
fazer menos concessões territoriais do que agora. O facto é que quanto
mais o tempo passa mais as forças russas avançam.
A
Ucrânia e os seus aliados querem uma trégua sem acordo de paz e que os
mesmos que armam Kiev tenham tropas no terreno a monitorizar o
cessar-fogo. A Rússia, com vantagem no teatro de guerra, não quer uma
trégua que permita à Ucrânia rearmar-se, diz querer antes um acordo
definitivo que ponha fim ao conflito." Bruno Carvalho jornalista
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