A reunião da NATO em Vilnius adiou indefinidamente a adesão da Ucrânia. Pode ver-se nisto um recuo da organização ou pelo contrário a forma dos belicistas terem mãos livres para incentivar a guerra, passando por cima das reticências principalmente da França e Alemanha. As duas versões são válidas, por um lado a adesão é travada, por outro a Ucrânia é incentivada a prosseguir a guerra - com dinheiro, armas, mercenários, serviços de informações, estrategas e “consultores” NATO.
A estratégia, se assim lhe podemos chamar, da Ucrânia/NATO desenrola-se em: contra ataques, bombardeamentos, atos de sabotagem/ terrorismo. Ao longo da linha da frente, cerca de 1000 km, têm sido realizadas sem êxito tentativas de penetração, acumulando perdas. O único ganho destas ações são elementos de propaganda para justificar a fatura que a guerra representa para os países da UE/NATO.
À medida que a guerra aumenta o fluxo de dólares/euros para uma Ucrânia devastada, sem vida económica real, que vive do dinheiro da UE/NATO para funcionários, importações de alimentos, equipamentos, munições, soldados, mercenários. Alem disto, é toda uma população submetida à guerra e aos neonazis, que vai morrendo ou fugindo.
Os EUA optaram por uma estratégia de longo prazo, numa guerra de desgaste com a Rússia, que belicistas admitem poder prolongar-se ainda 5 anos ou mesmo mais. Este plano – no fio da navalha – tem uma versão má e uma horrível.
A versão má, baseia-se na capacidade económica e social, de resistência, testada tanto dentro dos países como na linha de frente. Que países estarão com disposição para fazer mais sacrifícios e em nome de quê? A UE/NATO ou a Rússia?
Washington pretende reeditar a saída da URSS do Afeganistão, que teria levado ao fim da URSS. O que é falso. A URSS foi dissolvida por uma camarilha de traidores, alinhados com o imperialismo, que mentiram escandalosamente ao povo soviético e fizeram tábua rasa da sua esmagadora vontade expressa. Mas não é este tema que aqui tratamos.
A tensão contínua de uma economia de guerra sobre Moscovo poderia, na visão de Washington, levar ao descontentamento na Rússia e uma mudança de “regime” – voltando aos tempos de Ieltsin...
Na UE/NATO lida-se com diminuição do nível de vida, aumento dos preços da energia, inflação, estagnação económica, refugiados – incluindo ucranianos - e crescente descontentamento com a guerra. A França teve protestos que pareceram uma guerra civil, a Alemanha foi obrigada a prescindir dos combustíveis russos tornando as suas indústrias não competitivas.
O maior risco daquele plano – não é uma estratégia – é a versão horrível de uma guerra nuclear. Neste sentido, os EUA têm adotado a tática da provocação. Isto é, ações destinadas a provocarem uma reação russa que permita aumentar o nível de intervenção da NATO, em princípio através da Polónia e dos Estados Bálticos, que ambicionam ocupar uma parte da Ucrânia. A tensão no Mar Negro enquadra-se neste objetivo.
O não cumprimento de acordos como os de Minsk, representou uma provocação com o resultado esperado: a intervenção da Rússia. O não cumprimento do acordo dos cereais, dá agora a oportunidade de transformar o Mar Negro numa frente de batalha. O ataque a um petroleiro, propagandeado como um feito transcendente, tem por objetivo preparar a opinião pública para a intervenção no Mar Negro. Outras ações, anuladas pela defesa naval russa, pretendem testar a prontidão e capacidade dessas forças.
Note-se que contrariando o previsto no acordo dos cereais, devido a embargos, exclusão do SWIFT e impedimentos de seguradoras a Rússia não pôde exportar nem cereais nem fertilizantes. A alegação de que as pessoas em África corriam o risco de morrer de fome porque a Ucrânia não podia exportar cereais é falsa. Apenas 12% dos cereais exportados da Ucrânia foram enviados para África, 40% foram para a Europa.
A entrada da Finlândia e da Suécia na NATO, representa a ameaça da Rússia ficar bloqueada no Mar Báltico. A Rússia não pode neste contexto perder o controlo do Mar Negro, inclusivamente pondo em acrescido risco a Crimeia. É desta forma que uma situação muito grave pode estabelecer-se no Mar Negro. São apontadas 3 opções que a NATO pode tomar:
Opção 1: Intervenção da marinha turca para proteger navios que saíssem de portos ucranianos, podendo levar a uma intervenção russa.
Opção 2: Uma força naval liderada por Turquia, envolvendo a Bulgária e a Roménia para proteger navios com cereais contra ameaças submarinas, de superfície e aéreas russas.
Opção 3: A NATO poderia enviar uma esquadra incluindo porta-aviões dos EUA, para proteger os carregamentos de cereais no Mar Negro. Esta ação violaria a Convenção de Montreux, necessitando de um novo acordo para regular a passagem marítima através dos estreitos turcos. Esta ação levaria inevitavelmente a um confronto direto entre a Rússia e os EUA.
Qualquer destas opções comporta o risco de escalar as tensões envolvendo confrontos diretos com a NATO. Embora as marinhas da NATO não tenham defesa para os mísseis hipersónicos da Rússia, são situações que contêm o potencial de um confronto nuclear. Talvez mais de 90% da pessoas o prefira ignorar. Os media trabalham para isso, festejando como vitórias o que não passam de provocações. Entretanto, a Rússia tem tornado inoperacionais os portos ucranianos, o problema mantém-se, pois poderão vir a ser utilizados os portos da Roménia e Bulgária.
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