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14 de agosto de 2023

O Plano A e o Plano B dos EUA na Ucrânia

 Larry C Johnson, é um veterano da CIA e do Combate ao Terrorismo do Departamento de Estado. Treinou unidades de Operações Especiais durante 24 anos. É hoje fortemente crítico da política dos EUA. Em de “O plano B dos EUA” resumimos:

O Plano A teve logo em 2004 uma “Revolução Laranja”; seguiram-se mudanças de orientação entre governos pró EUA e pró Rússia. Antes de 2014, o governo preferiu um pacote económico mais benéfico com a China e a Rússia em vez dos EUA e UE. Após a mudança de regime de 2014, a Ucrânia voltou-se para o Ocidente. Campos de cereais foram transferidos da China para os interesses financeiros dos EUA. Fábricas deixaram de exportar para a Rússia, tornaram-se inviáveis.

O acordo de cereais de 2022, foi “para evitar a fome nos países pobres do mundo”, porém os mais pobres receberam menos de 3%. A maior parte do dinheiro foi para um grande investidor financeiro dos EUA de terras agrícolas ucranianas. Quando o acordo foi cancelado pela Rússia os media disseram que só seria retomado quando “as exigências russas fossem satisfeitas”. Falso. O que se tratava era do ocidente não cumprir a sua parte no acordo suspendendo algumas sanções para a Rússia exportar fertilizantes. O ocidente provou à Rússia ser “incapaz de acordos”. A Rússia basicamente bloqueou os portos ucranianos e bombardeou as instalações portuárias. O prejuízo é grave e impedirá exportações de cereais.

Quanto à guerra, o Plano falhou. O exército ucraniano não avança e perde um grande número de soldados e armas. O ocidente é incapaz de produzir armas ou munições em quantidade suficiente. Na reunião da NATO em Vilnius, a Ucrânia ficou a saber que não ingressaria na NATO até vencea guerra e que o apoio da NATO provavelmente cessaria no final de 2023.

O Plano A continha também uma guerra financeira, impedindo a Rússia de usar sistemas de cartão de crédito dos EUA, o sistema financeiro SWIFT e outros. Impediram voos comerciais russos para a Europa e os EUA, impediram a exportação de materiais e tecnologia críticos para a Rússia, sancionaram empresas russas e confiscaram cerca de 300 mil milhões de dólares de ativos russos.

Os EUA estão perdendo sua guerra por procuração na Ucrânia, as armas dos EUA parecem ser inferiores em comparação com as russas e as fábricas dos EUA não conseguem lidar com a guerra industrial moderna. Equipamentos ocidentais ardendo não ajuda nas vendas de armas para o Sul Global. Quanto à guerra financeira, a Rússia desenvolveu sistemas alternativos e conduziu um programa maciço de substituição de importações.

As sanções na verdade, beneficiaram a Rússia. O Sul Global está ficando desconfiado de manter ativos no ocidente ou ser muito dependente de importações ou sistemas ocidentais. Há um movimento mundial em direção à desdolarização.

O Plano B

Há poucas evidências de que os EUA tivessem um Plano B. Deveria ter havido uma análise de repercussões possíveis, efeitos colaterais, falhas do Plano A. Uma “Análise de Impacto” teria avaliado alternativas e possíveis efeitos de cada alternativa.

Algumas alternativas estão surgindo. Uma dessas é dar à Ucrânia uma garantia de segurança semelhante à implícita fornecida pelos EUA a Israel. É difícil ver como seria implementada e como funcionaria na prática. Outra possibilidade é as tropas polacas e dos Estados Bálticos entrarem na batalha para compensar as perdas ucranianas. A Polónia ocuparia a parte ocidental da Ucrânia e a guerra terminaria num impasse. A Rússia já disse aos polacos para nem pensar nisso. Uma outra proposta é simplesmente continuar a “narrativa” de que a Ucrânia está ganhando a guerra e, ao mesmo tempo, negociar secretamente com a Rússia. Uma versão de “declarar vitória e ir para casa”. Obviamente, seria muito difícil de realizar.

Se a CIA e outros departamentos governamentais alertaram o governo ou se foi informado mas decidiu ignorar os avisos, os EUA seguiram em frente com o Plano A e agora encontram-se num fiasco generalizado. O Plano A deveria ter incluído provisões para fábricas capazes de realizar guerra moderna e para pesquisa e desenvolvimento de armas hipersónicas. Em 2018, quando a Rússia anunciou os seus mísseis hipersónicosnos EUA não quiseram acreditar que a Rússia fosse capaz de uma mudança tão revolucionária. (1)

Plano B — O que poderia ter sido feito

Após 2018, um esforço dos EUA para competir na guerra industrial moderna levaria muito tempo para dar frutos e era duvidosos que recuperasse o atraso. Quanto à guerra financeira exigiria seguir um conjunto de políticas opostas à que foram seguidas. Deviam apoiar o uso mundial do dólar americano, fornecendo incentivos, tanto mais que a dependência excessiva no petróleo saudita não era uma proposta viável a longo prazo. Em vez disso os EUA recorreram à intimidação e sanções a outros países, promovendo a desdolarização.

A SWIFT deveria ser verdadeiramente internacional com uma administração com representação justa de todo o mundo e verdadeiramente neutra. O mesmo procedimento deveria ter sido aplicado aos sistemas de cartão de crédito e outros mecanismos financeiros para encorajar o fluxo de dólares em todos os países. Em vez disso, os EUA usaram sanções incluindo o SWIFT e cartões de crédito, resultando no desenvolvimento de sistemas concorrentes.

Confiscar ativos russos no exterior, apreender iates de proprietários russos, minaram a reputação dos EUA em relação aos direitos de propriedade dos estrangeiros. Outra área que o Plano B deveria ter coberto seria o ouro em Fort Knox. Qualquer ouro depositado deveria poder ser devolvido imediatamente ao proprietário estrangeiro. O Cofre deveria ter sido aberto a auditorias internacionais. Os rumores de ouro desaparecido no Iraque e na Líbia são exemplos de uma aparente falta de procedimentos adequados.

Concluindo

Já em 2018, observadores informados asseguravam ser improvável que a estratégia dos EUA para lidar com a Rússia (Plano A) fosse bem-sucedida: 1) Os Estados Unidos careciam das fábricas necessárias para uma guerra industrial moderna 2) Os Estados Unidos careciam de armas avançadas para combater os hipersônicos da Rússia e 3) A aplicação de sanções era contraproducente. Nesse ponto, os EUA deveriam ter ido para uma estratégia alternativa (Plano B).

O Plano A, com o resultado não apenas falhou em afundar a Rússia, mas também arruinou qualquer chance de um Plano B realista. Os EUA enfrentam outro desastre militar na Ucrânia, uma Rússia ressurgente, um ambiente doméstico americano em colapso e um Leste e Sul globais deixando o ocidente para trás. Para piorar a situação, pode-se dizer que não há nenhuma alternativa sendo considerada publicamente que possa funcionar.

1 Um general na RTP 3, fez sua a versão da propaganda de Kiev dando ilusórios números sobre Kinzhal abatidos. Com quê? Patriot? Em Kh-47M2 Kinzhal – Wikipedia: “autoridades de defesa dos EUA concluíram que as arquiteturas de radar existentes são insuficientes para detetar e rastrear armas hipersónicas. Em março de 2022, o presidente Biden, confirmou que "É quase impossível pará-los". Note-se que os Patriot têm uma velocidade máxima conforme o modelo, entre 2,8 e 4,1 Mach. Os Kinzhal Mach 10.

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