Face ao sistema unipolar imperialista um conjunto de nações estabelecem parcerias estratégicas, fundamentalmente a Rússia, China, RPDC, Bielorrússia e Irão, países diretamente ameaçados pelo imperialismo. À volta deste bloco agrupam-se outras nações como os BRICS, OCX, etc.
Relativamente à China o Secretário de Estado da Defesa, Hegseth diz que a China sinaliza claramente a intenção de mudar radicalmente o status quo na região. Não permitiremos isso. Com argumentos semelhantes, na UE/NATO preparam-se para um conflito militar direto com a Rússia. Porém, o domínio unipolar está em ruínas, a guerra na Ucrânia foi um golpe decisivo, com o resto do mundo observando quer a impotência quer a inconsciência das decisões dos países do ocidente, colocando todos em risco.
Em África, a cooperação económica com a China ultrapassa a do ocidente na maioria dos países. A Aliança dos Estados do Sahel, Mali, Burkina Faso e Níger estabelecem parceria com a Rússia, desalojando o neocolonialismo da França. Recursos que agora o ocidente terá de obter em competição com a Rússia e a China.
Nos seus pontos mais críticos, o império já não enfrenta nações desprotegidas. Exemplo gritante é a incapacidade dos EUA, já não falando de Israel, dominarem os Houthis do Iémen. A reputação militar dos EUA e aliados ficou muito debilitada. Drones MQ-9 dos EUA, 30 milhões de dólares cada, oito foram destruídos, tal como os MQ-1, 20 milhões cada, enquanto os Houthis continuam o bloqueio contra Israel.
Os Houthis atacaram o porta-aviões USS Harry Truman e outros navios, tendo sido perdido um caça F/A-18 (60 milhões de dólares) que caiu do Harry Truman quando o navio se esquivava de um ataque Houthi. Posto isto, os EUA e os Houthis concordaram em interromper os ataques mútuos
A loucura que grassa em Israel tem sido contida por Washington, quanto a um ataque ao Irão, ponderando as consequências. O Irão tem 1,6 milhões de km2 e 87 milhões de habitantes. Embora seja apresentado no ocidente como um país em crise - para encobrir a própria - possui um elevado nível tecnológico, que lhe permite superar o armamento ocidental, nomeadamente de Israel. Com um forte investimento em educação e engenharia, soube utilizar as sanções priorizando o desenvolvimento interno. O Critical Technology Tracker de 2024 classificou o Irão entre os cinco primeiros países, em 8 de 63 tecnologias, incluindo: propulsão independente do ar, biocombustíveis, antibióticos e antivirais, materiais compósitos avançados, produção em nanoescala, redes de TI. O Irão forma mais de 230 mil graduados em STEM (educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática) cada ano (6º no mundo), 70% são mulheres (top 10 do mundo).
O Irão tem quase 2200 universidades, os pontos fortes incluem medicina, engenharia química, mecânica e aeroespacial, nanotecnologia, energia, TI, agricultura e gestão de recursos hídricos, física nuclear e ciência dos materiais. Irão possui a maior e mais diversificada base industrial do Médio Oriente produzindo, máquinas industriais, aço, cimento, automóveis, eletrodomésticos, equipamentos de telecomunicações e têxteis. Uma agricultura desenvolvida, segundo a FAO. Tem uma forte base industrial de defesa, construindo de tudo com nível internacional, drones, mísseis, defesas aéreas. Não esqueçamos que é uma das civilizações mais antigas do mundo, com importantes avanços científicos como os aquedutos de irrigação (muitos ainda funcionando após 2700 anos) e a astronomia. É também do antigo Irão (Pérsia) a prática de cancelamento de dívidas para proteger a produção agrícola, a que Michel Hudson se refere.
Um outro país desconhecido e amaldiçoado no ocidente, sobre o qual não é sequer permitido sequer falar, trata-se da RPDC (Coreia do Norte). Com o aprofundamento das relações com a Rússia retoma as tendências de desenvolvimento anteriores aos "perestroikos" que a mando dos EUA cortaram as relações com o país, um miserável ato de cobardia e crueldade, quando rivalizava em desenvolvimento com a Coreia do Sul.
A RPDC pode recuperar com apoio da China e depois da Rússia, a sua grande base industrial e de defesa. Agora, desafiando as sanções imperialistas, a RPDC tem acesso à tecnologia avançada da Rússia, especialmente na indústria aeroespacial. A RPDC precisa de: petróleo, eletricidade, alimentos básicos, tecnologia. A RPDC pode fornecer: produtos da indústria pesada e leve, desde aço e têxteis a medicamentos, minerais e terras raras, pescado, etc. O desenvolvimento destas relações beneficiam o Extremo Oriente russo, com oportunidades em comércio, agricultura e construção. Além do potencial de cooperação na energia nuclear, IA, TI, saúde, educação, cultura e turismo.
A Rússia em 2024, bloqueou o regime de controlo de sanções da ONU liderado pelos EUA contra a RPDC. Agora, a vitória de Lee Jae-myung como presidente da Coreia do Sul, anulam as tentativas de isolamento e submissão da RPDC. Lee quer negociar com Kim e não pretende antagonizar a Rússia com vendas de armas para a Ucrânia. O tratado Rússia-RPDC descreve o “desejo de proteger a justiça internacional das aspirações hegemónicas e tentativas de impor uma ordem unipolar”. Conclusão: hegemonia ocidental está acabada.
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