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22 de junho de 2025

Os mentirosos compulsivos ao ataque

 Vejamos alguns antecedentes, antes de passarmos ao "dia seguinte"... Putin deu um conselho a Netanyahu e Trump: "Você deve sempre se perguntar se a meta é alcançável ou não antes de encetar algo".

Trump mantinha negociações com o Irão, procurou a ajuda de Putin para mediar as negociações sobre a questão nuclear iraniana, disse que tomava uma resolução dentro de duas semanas. Porém, Trump trapaceando toda a gente, como o gen. Agostinho Costa previu, as duas semanas foram dois dias.

Note-se que o texto da comissão da AIEA aprovado por apenas 53% dos governadores, incluía uma frase sibilina: não estava provado que o enriquecimento não se destinasse a fins militares. Isto serviu para pôr o mundo à beira de uma guerra nuclear. Posteriormente o presidente, Grossi, disse que não havia qualquer prova de fins militares. Portanto, mais uma vez, guerra em nome de mentiras e supostas intenções. Para alegadamente defender um país que tem armas nucleares, nunca permitiu, ao contrário do Irão, a entrada de inspetores da AIEA. Assim vai o mundo.

Putin mostrou entusiasmo excessivo quando Trump pediu sua ajuda, chegando ao ponto de considerar uma viagem ao Irão para se encontrar com Ali Khamenei, acabando por perceber, dias depois, que Trump, para além da linguagem ameaçadora até falava no assassinato do líder iraniano, Khamenei. (aqui e aqui).

O capitalismo e as forças pró ocidentais mantêm no Irão uma grade força inclusivamente no governo, apesar de declarações e manifestações em contrário de certos setores. As relações entre a Rússia e o Irão comprovam-no.

Quando Putin e o presidente iraniano Masoud Pezeshkian assinaram um tratado de parceria estratégica, significou na melhor das hipóteses, um avanço nas relações. O tratado era "uma tentativa de colocar em prática salvaguardas para permitir uma nova trajetória nas relações, no interesse mútuo"("Tratado Rússia-Irã marca 'avanço' nas relações")

O Artigo 3 do tratado lista atividades malignas que ambas as partes devem evitar e compromete ambas as partes a não ajudar o adversário da outra numa situação de conflito! Que tipo de parceria estratégica pode criar um tratado com tais reservas e suspeitas mútuas?

Na conferência de imprensa, quarta-feira em São Petersburgo, Putin revelou que foi o Irão que não quis uma cláusula de defesa mútua incluída no tratado (como a Rússia com a RPDC). Mesmo nas circunstâncias atuais, enquanto luta contra o poder esmagador dos Estados Unidos e Israel, Teerão até agora não pediu nenhuma ajuda a Moscovo! (aguardemos o que sairá da reunião de segunda-feira em Moscovo)

Os Estados Unidos falham repetidamente: a sua incapacidade ou falta de vontade de buscar um relacionamento com o Irão baseado no respeito mútuo, pode em consequência das suas ações levar à perda da influência residual dos Estados Unidos na região durante a presidência de Trump. Pode até levar ao surgimento de um estado ultranacionalista com armas nucleares.

Putin disse na quarta-feira: "Vemos hoje no Irão, toda a complexidade dos processos políticos internos que estão ocorrendo lá – estamos cientes disso e acho que é inútil entrar em detalhes – há, no entanto, uma consolidação da sociedade em torno da liderança política do país. Isso acontece quase sempre e em todos os lugares, e o Irão não é exceção. Em suma, Putin observou que a mudança de regime no Irão para a satisfação de Washington continuará sendo um sonho.

Putin revelou que Moscovo havia enviado "certos sinais aos nossos amigos iranianos. E, de um modo geral, é possível garantir os interesses do Irão no campo da energia nuclear pacífica e, ao mesmo tempo, acalmar as preocupações de Israel sobre sua segurança. Na minha opinião, essas opções existem. Nós as expusemos, repito, a todos os nossos parceiros: Estados Unidos, Israel e até mesmo o Irão. Não estamos impondo nada a ninguém, estamos simplesmente discutindo como vemos uma possível saída para a situação. Mas a solução, é claro, está na liderança política desses países, especialmente Irão e Israel. »

Putin apontou que a Rússia uma vez se ofereceu para desenvolver em conjunto um sistema integrado de defesa aérea para o Irão mas "os parceiros [iranianos] não demonstraram muito interesse, e isso é tudo". Que ironia hoje!

Fonte - M.K. Bhadrakumar Putin ponderado medita sobre confronto EUA-Irão




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