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18 de junho de 2025

Uma guerra há muito anunciada

A destruição do Irão estava há muito planeada nos EUA, fazendo parte de uma lista de países a "eliminar". Falhada através de Saddam Hussein, um seu agente, nos anos 1980, a situação foi sendo tentada várias vezes através dos curdos, Israel, "revoluções coloridas". Tudo falhou, mesmo o atual governo pró-ocidental não foi capaz de corresponder às condições imperialistas.

Já tem sido dito que o problema dos manipuladores é acabarem por acreditar na própria manipulação. Assim, Israel podendo realizar um dos seus "ataques devastadores" de surpresa, dados os problemas económicos e sociais, a debilidade das suas defesas, uma mudança de regime iria impor-se ao Irão. Tal como tinha sido previsto para a Rússia...

A credibilidade dos países da NATO está perdida. À semelhança dos acordos de Minsk com a Rússia relativamente ao Donbass, o Irão foi atacado quando enquanto se realizavam negociações e antes do ataque os EUA forneceram a Israel 300 mísseis Hellfire.

O governo do Irão tentou sempre um acordo com o ocidente (os EUA) querendo manter-se como neutro nas disputas da Rússia. Segundo Alexander Dugin a Rússia propôs uma aliança militar estreita, mas certas forças em Teerão esperavam um acordo com o ocidente. Havia também a ideia de criar um estado de união russo-iraniano. Ninguém em Teerã levou isso a sério. No início deste ano, a Rússia e o Irão assinaram um acordo abrangente de parceria estratégica, mas ao contrário do tratado assinado entre a Rússia e a Coreia do Norte o acordo não continha uma cláusula de segurança coletiva.

Para além das palavras, o Irão apesar de já antes atacado por Israel e ter retaliado sempre de forma limitada, manteve-se observando a situação em Gaza, no Líbano, na Síria. Se tivessem respondido à invasão terrestre em Gaza, o resultado poderia ter sido diferente. Tanto o Irão, como os países árabes permitiram que Israel eliminasse sistematicamente as forças da Resistência. Assistiram sem agir à criação do Grande Israel, destruição da Mesquita de Al-Aqsa. Agora têm pela frente uma guerra global com todos os riscos e consequências.

Os vassalos europeus apressaram-se a tresler a realidade e apresentar Israel como vítima do Irão e do Hamas como se nada se tivesse passa antes de 7 de outubro de 2023 o Irão não tivesse sido atacado primeiro em violação por Israel - é já um hábito - da Carta da ONU.

O petróleo dispara após ataques de Israel ao Irão, mas Europa dá um tiro no próprio pé (de novo) apoiando o "direito á defesa de Israel". Mas será que não entendem que o direito à defesa não seria melhor conseguido continuando as negociações?

Israel ataca, mas sem o apoio dos EUA, entrariam em colapso em poucas semanas. O arsenal de mísseis do Irão supera o de Israel e as FDI estão relativamente enfraquecidas das guerras Gaza e do Líbano, a economia de Israel já estava numa situação crítica devido ás mobilizações, esforço de guerra, só vai piorar.

Tudo depende da resposta dos EUA, alinhar nos bombardeamentos ao Irão, pôr tropas no terreno? As dúvidas são grandes quanto à capacidade dos EUA travarem uma grande guerra no Médio Oriente. E qual será a reação da Rússia e da China?

O fracasso do ataque de Israel contra o Irão está a sair caro a Israel. A ideia da fraqueza do Irão e que o ataque preventivo o deixaria indefeso, esfuma-se. Zonas da região de Telavive assemelham-se a Gaza. Haifa está em chamas; mísseis iranianos danificaram gravemente complexo de produção de armas Rafael (mísseis, drones, guerra cibernética), a refinaria de petróleo e central de energia de Haifa destruídas. Quanto ao Domo de Ferro provou ser incapaz de deter mesmo os mísseis iranianos menos atuais, podendo a economia de Israel ser paralisada.

Enquanto isso, a base MAGA de Trump fragmenta-se os EUA tropeçam em mais uma guerra, a Rússia e China observam atentamente, prontas para alterar a posição. Segundo Pepe Escobar isto é uma guerra contra os BRICS, uma tentativa desesperada do ocidente esmagar a integração da Eurásia e saquear os recursos do Irão. Trata-se da sobrevivência do Sul Global. O próximo campo de batalha não é apenas físico é estratégico, económico e civilizacional. Os BRICS devem evoluir para se tornarem uma verdadeira espinha dorsal da resistência.

A reunião do G7 mostrou a confusão e falta de consenso nos países do ocidente, que se reflete na inexistência de um comunicado final conjunto. Pode dizer-se que foi um fracasso. Trump saindo mais cedo "para monitorar o Médio Oriente", culpou Obama e Trudeau por expulsarem a Rússia do G7 em 2014, chamando isso um erro. Lançou a ideia de deixar a China entrar no clube. Quando líderes europeus pressionaram por mais sanções à Rússia, Trump as reprimiu, dizendo que elas custavam ao Ocidente "uma quantidade enorme de dinheiro".




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