Linha de separação


18 de março de 2022

A Rússia já perdeu a guerra?

 Claro que sim, afirma o “convidado especial. “As guerras perdem-se económica, ética e militarmente.” O tema militar foi ignorado, quanto aos outros dois a demonstração ficou pela condenação pela “comunidade internacional”. Trata-se então de “perder a guerra na secretaria”...

Militarmente não há muito a dizer. O exército ucraniano já foi derrotado, as infraestruturas militares, armamento pesado e centros de comando estão destruídos bem como a Marinha e a Aviação. O exército ucraniano não tem um mínimo de condições para realizar quaisquer movimentos estratégicos. As únicas ações táticas resumem-se a estabelecer pontos de resistência em algumas cidades sob o comando dos batalhões nazis e tropas ucranianas que se lhe associaram. Tanto no exército como na marinha várias unidades entregaram-se sem luta às forças russas. Repare-se que não são emitidos comunicados das Forças Armadas ucranianas sobre operações.

Outro aspeto relevante, parece-nos, é a atitude de Zelensky que obviamente nada controla no país e remete-se ao que sabe fazer: representar na TV, agora a farsa encomendada pelos seus patrões. As suas falas na TV mostram a quem queira pensar que o que diz nada tem que ver com o papel de um presidente em exercício, sequer com a capacidade de estabelecer e apresentar um plano para o país. 

O país está dominado pelas forças neonazis que segundo a denúncia da organização comunista ucraniana Borotba, perseguem, torturam matam quem se lhe opõe ou é suspeito disso. Os nazis fizeram isto na Alemanha em ainda maior escala do que já faziam à medida que se aproximava a derrota final. Na Ucrânia sabem que enfrentam julgamentos, a morte ou prisões duríssimas na Rússia.

O facto da guerra estar a prolongar-se segundo alguns mostra que a Rússia não está a vencer e têm esperança que com o tempo a população russa se volte contra Putin. É uma ilusão com pouco sentido. Recorde-se o tempo que os EUA levaram para acabar com a resistência, por exemplo em Faluja no Iraque, e não tinham os pruridos, a contenção, que agora existe por parte da Rússia com corredores humanitários ou uso das suas armas mais avançadas e destrutivas como as termobáricas.

Acerca dos alegados crimes de guerra dos russos contra um teatro em Mariopol ou uma maternidade, por exemplo, recordo que quando o Iraque invadiu o Koweit depois de informar o embaixador dos EUA, que quem cala consente quando pode e deve falar, sendo isso tomado por Saddam (posto no poder pelos EUA e sempre ao seu serviço como quando atacou o Irão) os EUA tinham encontrado um argumento para se desfazerem de um sujeito que tinha deixado de lhes agradar. A propaganda apelou à emoção a favor do Koweit e nada melhor que uma alegada jovem enfermeira a chorar os 200 bebés em incubadoras que tinham sido mortos pelos soldados iraquianos. Algo completamente falso como se veio a comprovar depois. Aliás bastava pensar um pouco para perceber o absurdo que era um país tão pequeno ter 200 bebés em incubadoras…

Marcelo rebelo de Sousa dá lições de direito internacional em Moçambique que não aplicou na Líbia, Iraque, Afeganistão, etc. A resposta do presidente moçambicano devia fazê-lo corar e ir ler outros livros a ver se aprendia alguma coisa além do que os EUA dizem.

Biden diz que Putin é criminosos de guerra. Vindo de quem vem só pode fazer sorrir, as mortes em guerras EUA/NATO desde 2001 vão de 2 a 5 milhões de pessoas. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial, a conta atinge mais de trinta milhões de pessoas, algumas guerras particularmente brutais, definidas como «preventivas» visando o saque dos recursos naturais dos povos agredidos. (Miguel Urbano Rodrigues)

Quanto à invasão da Ucrânia, diz Scot Lehigh, os EUA não se podem absolver da responsabilidade por ter ocorrido. “Para os media e para o público em geral, a erupção da guerra cria uma necessidade urgente de culpar e identificar vilões. Fazer tais julgamentos ajuda a dar sentido a um evento que não é explicado. A Rússia é o agressor e Vladimir Putin um vilão. Neste ponto, a opinião nos EUA e na UE é quase unânime. No entanto, tais julgamentos precipitados raramente resistem ao teste da história. Com o passar do tempo, a clareza moral dá lugar à ambiguidade. Narrativas claras assumem uma complexidade até então não reconhecida. As linhas (morais) mais brilhantes aparecem esborratadas.”

E por aqui ficamos quanto à derrota ética. Quanto à derrota económica veremos a seguir.

Sem comentários: