O alto representante da UE, Josep Borell, evidenciou o que de facto ocorre com a Ucrânia: Trinta anos após o fim da Guerra Fria, estamos enfrentando um esforço determinado para redefinir a ordem multilateral”, advertiu “É um ato de desafio. É um manifesto revisionismo, o manifesto para rever a ordem mundial”. Do lado da Rússia a posição também é clara: “Nós não aceitamos o domínio da NATO” (Lavrov).
A fraseologia maniqueísta impede o papel da diplomacia. Não se trata da parte dos EUA/NATO de defender a Ucrânia, se não teriam aceitado o estatuto de neutralidade que protegeria ambos os lados ou o tratado de segurança coletivo na Europa, proposto por Putin e posto de parte com evasivas e exigências sobre a Rússia quanto à movimentação de tropas no seu território, enquanto informalmente a Ucrânia era alinhada com a NATO.
Os EUA entregaram à Ucrânia desde 2014 2,4 mil milhões de dólares em material militar,incluindo 450 milhões em 2021, (agora destruído). Desde 2014, a UE e instituições financeiras europeias entregaram mais de 17 mil milhões de euros à Ucrânia, e um plano e um plano de investimentos de 6 mil milhões de euros. O FMI, violando as suas regras de garantias financeiras, proporcionou 1,7 mil milhões de dólares em 2015, estando com o BM a preparar-se em 01.março para entregar 5,2 mil milhões.
Alastair Crooke, ex-diplomata do RU, entende perfeitamente o que ocorre ao contrário da ignorância e seguidismo dos “comentadores”. A “destruição construtiva" da antiga Ordem Global ocorrerá mais rapidamente do que muitos de nós imaginávamos. Isso marca o fim das ilusões - o fim da noção que a ordem baseada-em-regras imposta pelos EUA permanece global. Putin no discurso de 21 de fevereiro. Nunca tinha nomeado os americanos em termos russos como: promessas americanas: inúteis; intenções americanas: mortais; discursos americanos: mentiras; ações americanas: intimidação, extorsão e chantagem. (1)
A Rússia e a China concluíram que não é mais possível compartilhar uma sociedade global com uma América determinada a impor ao mundo uma ordem hegemónica elaborada para “assemelhar-se ao Arizona”. (1)
“O Global Times num editorial afirma que EUA instigam o conflito na Ucrânia para reforçar a disciplina do bloco NATO liderado pelos EUA. A China considera que a Ucrânia fornece o argumento perfeito para conduzir a Europa ao próximo estágio da América de exigir uma frente unida para a tarefa de barricar a China, atrás de suas fronteiras.
Ignorados pelos media, outros teatros de confronto geostratégico desenrolam-se com a China e no Médio Oriente. O ataque de drones aos Emirados Árabes Unidos em janeiro (reivindicado pelos houthis) não está desligado da luta pelo controlo do estreito de Bab al Mandeb, essencial para a Rota da Seda Marítima da China O seu controlo pelos EUA pode dar capacidade de comprometer os objetivos chineses e enfraquecer a Comunidade Económica do Leste Asiático. Justificativa suficiente de Washington para o apoio à guerra no Iémene. Mas os houthis dão aos Emirados Árabes uma escolha amarga: atacar suas cidades ou ceder o ativo estratégico de Bab al-Mandeb e seus arredores. Irão e China observam atentamente. Tudo isto faz parte de um novo paradigma geoestratégico? (2)
Assim, a turbulência a nível global continuará até que surja uma ordem global modificada.
A Ucrânia (pacífica até 2014) foi usada como ferramenta para conter a Rússia, mostrando como o imperialismo apenas consegue espalhar o caos onde intervém, criando esta situação ao recusar direitos iguais da Rússia na segurança europeia. O que se passa tem pouco a ver com a Ucrânia, em si, mas na obsessão dos falcões de Washington com a Rússia e Putin - um objetivo que desde os anos de Yeltsin. A camarilha de Victoria Nuland nunca poderia aceitar a ascensão da Rússia para se tornar uma potência significativa na Europa – possivelmente eclipsando o controle dos EUA sobre a Europa. (1)
Neste contexto a UE coloca-se ao nível do Egito quando protetorado britânico em que quem mandava eram os Altos Comissários Gerais britânicos, que acumulavam a função de cônsules gerais do Império Britânico no Egito.
Com as “sanções do inferno” a UE sé o perdedor económico final; a burocracia da UE perdeu o foco económico ficando sob o controlo dos geopolíticos americanos. Uma doutrina anti-Rússia foi ipreparada em Washington para fomentar a guerra na Europa – e os políticos europeus são os seus colaboradores. Washington quer uma guerra na Europa porque está a perder a competição com a China". Como exemplo, até 60% das indústrias transformadoras alemãs e 70% das italianas podem ser forçadas a encerrar – as consequências sociais serão catastróficas.
1 http://www.informationclearinghouse.info/56952.htmO império ao destruir a Ucrânia para submeter a Rússia, já garantiu o fim do mundo unipolar. A votação na ONU mostra que a “comunidade internacional” liderada pelos EUA encolhe: a votação na ONU contra a Rússia embora tenha recolhido 141 votos a favor, 5 votos contra e 35 abstenções (a Venezuela perdeu direito de voto por dívidas à ONU) representam a maioria da população do globo que não alinha com os EUA...
2 https://www.strategic-culture.org/news/2022/01/27/americas-armed-sentinel-state-encirclement/
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