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29 de novembro de 2022

O BCE

 

O BCE já está no vermelho com base numa contabilidade ortodoxa, ela está mentindo!

 O Banco Central Europeu (BCE) alertou na terça-feira que pode sofrer perdas devido ao ónus dos juros que agora paga aos bancos comerciais, consequência do aumento das taxas após anos de política monetária ultra acomodatícia.

O movimento de subida das taxas directoras iniciado pela instituição levou-a a pagar juros significativos sobre cerca de 5.000 mil milhões de euros em depósitos acumulados ao longo das suas compras de obrigações e empréstimos concedidos em condições muito vantajosas, enquanto o período de taxas negativas tinha tornado estes depósitos uma fonte de receita.

Estes instrumentos, que se destinavam a apoiar o crédito e a atividade económica num período de inflação excessivamente baixa, correm assim o risco de fazer cair as contas do BCE e de alguns dos seus acionistas, como o alemão, o holandês e o belga.

Esta inversão poderá obrigar alguns bancos centrais nacionais a reforçarem os seus balanços, sob pena de colocarem questões sobre a sua independência e a cólera dos contribuintes.

“Precisamos combater essa inflação alta elevando as taxas de juros, o que leva a mais juros pagos aos bancos comerciais. Isso leva a uma queda dos nossos lucros, ou mesmo ao reconhecimento de prejuízos”, explica o BCE no seu site na terça-feira.

Os bancos centrais nacionais mais expostos são, paradoxalmente, os dos Estados do Eurosistema mais prudentes em matéria orçamental, porque é com eles que se acumulam os maiores depósitos e que detêm importantes carteiras de obrigações adquiridas por conta do BCE.

UMA QUESTÃO DE INDEPENDÊNCIA

O banco central dos Países Baixos tem assim admitido que poderá ter de pedir uma recapitalização por parte do Estado, ainda que a ministra das Finanças holandesa, Sigrid Kaag, tenha sublinhado que o assunto “ainda não estava em cima da mesa”.

O BCE, cujo capital pertence maioritariamente aos bancos centrais nacionais dos 19 países que adotaram a moeda única, garante ter outros meios para fazer face a esta situação.

Pode assim recorrer às provisões constituídas nos anos rentáveis ​​e recorrer às receitas que os bancos centrais nacionais retiram das operações de política monetária, como a detenção de obrigações e os empréstimos por eles concedidos.

Também pode registrar perdas em seu balanço para compensá-las com receitas recebidas em anos futuros, uma possibilidade mencionada na semana passada pelo Bundesbank alemão.

“Em última análise, o restabelecimento de um ambiente positivo de taxas de juros favorece a rentabilidade do Eurosistema no médio prazo”, garante.

Os bancos centrais podem continuar suas operações de qualquer maneira, mesmo que sofram perdas que corroam seu capital, uma situação já encontrada nas últimas décadas em vários países, incluindo a Alemanha.

O BCE, no entanto, cuida de manter uma capitalização sólida para proteger sua independência perante os governos e preservar sua credibilidade no combate à inflação.

“Deve-se ter em mente que os bancos centrais não são empresas comuns: eles podem incorrer em perdas enquanto continuam operando com eficiência”, explica ela. “No entanto, o princípio da independência financeira significa que os bancos centrais nacionais devem estar sempre suficientemente capitalizados. »

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