1" DESDOLARIZAÇÃO "ESTÁ A DECORRER A UM RITMO ESPANTOSO"
2 Estamos entrando na economia de guerra.
Bruno B.
Agora é aceite por todos os observadores objetivos que a política monetária ocidental está sob restrição financeira.
Isto significa que, ao escolher entre o combate à inflação e a estabilidade financeira, as autoridades escolheram e continuarão a escolher a estabilidade financeira. Eles não querem que as bolsas de valores entrem em colapso e as classes sociais ultra-ricas sejam eliminadas e as pensões destruídas. Trata-se de preservar a ordem social no curto prazo.
É essa escolha que explica ganhos no mercado financeiro, apesar das incertezas do cenário económico, das taxas mais altas e do fluxo de más notícias. Tudo isso é apenas um mau momento que vai passar, dizem os mercados e depois desse momento retomaremos o curso da financeirização, ou seja, o curso das injeções de liquidez que tão bem resultou nas bolsas de valores nas últimas décadas.
Vou mais longe e afirmo que passamos da fase do domínio financeiro ou do domínio da política monetária, estamos agora sob o domínio militar, o domínio do confronto bélico. Isso é modestamente chamado de segurança dominante.
Começou o famoso e inevitável confronto guerreiro que diagnostiquei e anunciei em 2009. Lembrem-se dos meus múltiplos artigos intitulados: um dia ou outro vai ter que haver guerra, nós bem sabemos...
A perspectiva de guerra com a China é reconhecida e está sendo implementada, pouco a pouco. É irreversível. São as engrenagens e aqui Stephen Roach está certo em apontar isso.
Mas temos que tirar as conclusões: os propósitos, as prioridades, as lógicas mudam. Sacrificaremos a racionalidade económica, daremos prioridade ao uso, à utilidade estratégica sobre a troca e a otimização e com isso mudaremos o regime. Aos poucos tudo será subordinado à nova lógica.
Como já expliquei muitas vezes, é uma ladeira e leva aonde deve levar, os chamados tomadores de decisão não decidem mais nada, apenas encobrem. Tudo isso está para além deles.
Estamos, afirmo, no alvorecer de uma economia de guerra com todas as consequências que isso implica para a moeda, para a liberdade de comércio, para a liberdade económica, para a produtividade, para a eficiência e, em última análise, para a prosperidade.
Janet Yellen acaba de reformular a relação EUA-China, dando prioridade à segurança sobre a economia.
O domínio das finanças sobre o dinheiro pretendia preservar a estabilidade social interna porque o risco de instabilidade financeira levaria a uma desordem colossal. A escolha era proteger a ordem social doméstica.
O domínio da política externa e militar sobre a moeda destina-se a preparar para a guerra, abrir a competição estratégica e seu financiamento, a escolha é proteger a ordem mundial baseada na hegemonia americana. Todo o resto se torna secundário, puro meio a serviço desse fim."
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