As notícias sobre o que se passa na Ucrânia fazem lembrar o que há anos pude ver, numas revistas francesas que traziam as primeiras páginas do Figaro quando a França estava ocupada pelos nazis. Sabendo-se o que na realidade se passava aquilo tinha algo de esquizofrenia. Por isso apresentamos a situação do ponto de vista russo. (1)
Não há muito a dizer sobre o que se passa na frente de batalha na Ucrânia. Em Bakhmut (Artyomovsk para a Rússia) as Forças Armadas Ucranianas (FAU) estão agora concentradas no que resta a oeste estando todos os edifícios administrativos da cidade tomados. Os russos avançam agora para os últimos redutos a oeste.
Ao mesmo tempo a artilharia ataca posições das FAU nas proximidades (Bogdanovka). Com essas posições quebradas será atacada Chasov Yar que se encontra repleta de equipamentos militares escondidos em edifícios residenciais. A cidade está localizada imediatamente a oeste de Bakhmut.
Apesar das ordens de Zelensky para manter Bakhmut a qualquer custo e da transferência de forças especiais as FAU não puderam resistir, perdendo 100 a 200 militares por dia. O que ao longo dos meses que dura (fala-se em 7 a 8) representará 20 a 30 000 baixas. Na perspetiva de perder Bakhmut, também já foram preparadas posições fortificadas em Slavyansk e Kramatorsk.
Outra frente intensa é em Avdiivka (localidade a cerca de 10 km de Donetsk e uns 40 km de Backhmut) sujeita a intenso bombardeamento de artilharia e aviação. Fontes ucranianas reconhecem a deterioração da situação em Avdiivka onde se registam já confrontos no sul e avanços russos, especialmente em torno da linha ferroviária no norte . A cidade está praticamente cercada. Jornalistas ucranianos relatam sucessos significativos do exército russo. Embora as unidades das FAU resistam, estão sofrendo perdas "enormes".
Uma ameaça foi também criada para Orlovka (no Donetsk) relativamente importante centro de comunicações, após a tomada de povoações a sul desta cidade. Note-se que as FAU contam com a participações de combatentes de outras nacionalidades da NATO principalmente polacos, mas também georgianos.
Algumas contraofensivas localizadas têm sido tentadas pelas FAU, por exemplo na direção de Zaporozhye. Neste caso, foi frustrada antes mesmo de começar, com elevadas perdas nomeadamente uma recém-formada brigada de assalto da Guarda Nacional da Ucrânia.
Em resumo, embora nos noticiários e “comentadores” apenas se fale em Bakhmut a Rússia tem avançado em vários outros pontos embora muito lentamente. A sua principal preocupação tem sido destruir meios humanos e materiais e infraestruturas. Por exemplo, em Bakhmut uma única estada de acesso às FAU permaneceu sem ser tomada, isto é, o cerco não foi completado. Porém esta estrada tornou-se um “cemitério” (a "Estrada da morte") repleta de equipamentos militares da NATO destruídos e certamente seus ocupantes.
De acordo com fontes ucranianas, aeronaves russas estão realizando ataques aéreos diários com bombas guiadas ao longo da linha de contacto na frente de Zaporozhye. Druzhkovka foi também sujeita a poderoso bombardeamento. A cidade é usada para acomodar reservas das FAU, que têm sido usadas na direção de Bakhmut. Também se intensificaram nos últimos dias, ataques contra a aglomeração Slavyansk-Kramatorsk, Chasov Yar, Konstantinovka. Combatentes do batalhão Ural, invadiram as fortificações das FAU na frente Svatovo-Kremennaya (perto de Sverdonetsk no Luhansk).
Em 24/03 durante a noite, as Forças Aeroespaciais Russas realizaram ataques aéreos contra alvos na região de Sumy, atacada por bombas guiadas lançadas de cerca de 10 aeronaves. O que também é digno de nota é o uso de bombas guiadas de precisão baratas que em certos casos substituem os mísseis e podem ser usadas maciçamente. Novas armas foram também entregues aos paraquedistas russos: sistemas pesados de lança -chamas "Solntsepek" que atacam com projéteis termobáricos não guiados de 220 mm no contra abrigos profundos.
A Ucrânia enfrenta situações terríveis. A procura da paz devia ser a prioridade de todos. The Times comparara os dados da ONU sobre a demografia ucraniana de 2021 para 2023. A julgar pela tabela, a jovem geração com 20 anos está desaparecendo na e da Ucrânia. Se havia 200 mil de ambos os sexos daquela idade em 2021, agora são cerca de 70 mil rapazes e 50 mil raparigas. No contexto da guerra, com um declínio total na taxa de natalidade e alta mortalidade na frente, a Ucrânia soçobra no moedor de carne de uma guerra que podia e devia ter sido evitada, não fosse a corrupção de uns e a loucura ou estupidez de outros, a felonia de todos estes. Recordem-se os acordos de Minsk e quem preconcebidamente os violou.
1 – Dados de Intel Slava Z – Telegram
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