1) Estou à espera que o Público , o Expresso ...as televisões todas , os respectivos comentadores digam qualquer coisinha de indignação sobre o desaforo do vice Presidente dos Estados Unidos que disse que talvez não seja necessário usar a força para os EUA tomarem conta da Gronelândia ! Ia para escrever pudicamente , dualidade de critérios , mas acho mais justo , curto e grosso escrever o que são : sabujos. " Manuela Silva. Facebook
2 )Viriato Soromenho Marques, no DN - a voz da razão! “NA GRANDE SALA DE PÂNICO EUROPEIA
O
único país que neste momento ameaça a soberania dos Estados da UE
chama-se EUA. É doloroso ver o silêncio das instituições europeias
perante a visita abrupta, não convidada, de governantes americanos à
Gronelândia, como se fossem proprietários a visitar uma futura
aquisição. As tropas que Macron, Merz e Starmer, insensatamente, querem
colocar na Ucrânia, deveriam ser posicionadas ao serviço da Dinamarca
para defesa da sua integridade territorial. Os EUA são também a maior
ameaça à economia europeia, com a sua política de tarifas, que afundará
ainda mais, por exemplo, o que sobra da indústria automóvel,
particularmente na Alemanha.
Em fevereiro de 2008,
no regresso de uma reunião em Bruxelas na Comissão Europeia, comprei
numa livraria do aeroporto um livro da notável jornalista e escritora
Naomi Klein, intitulado A Doutrina de Choque. A Ascensão do Capitalismo
de Desastre (The Shock Doctrine The Rise of Disaster Capitalism).
Durante a viagem fiquei com os olhos colados às páginas do livro.
Análises
de trinta anos de expansão mundial do capitalismo turbinado pela pulsão
de morte, aquilo a que chamamos, com excessiva elegância académica,
“neoliberalismo”.
Do quintal do Tio Sam à
Grã-Bretanha de Thatcher, passando pelo Iraque, África do Sul, Polónia e
a Rússia dos anos 90, entre outros estudos de caso, Klein guia-nos numa
viagem de horror à destruição da coesão social de sociedades inteiras
pela violência pura, mas também pela desigualdade e pobreza, desenhadas
por políticas públicas destinadas a enfraquecer o Estado e a privatizar a
economia em favor de um sistema financeiro sem pátria nem rosto.
Para vencer a resistência dos cidadãos, o capitalismo de desastre
cria
narrativas de estado de emergência, coartando as liberdades básicas em
nome das exigências de uma situação excecional, seja o combate a forças
subversivas, ao terrorismo internacional, a calamidades naturais, a
crises financeiras, a ameaças bélicas, a inimigos ocultos…
Nessa
altura, ingenuidade minha, pensei: “pelo menos na União Europeia nada
de semelhante poderá acontecer. Aqui as instituições representativas e o
estado de direito ainda funcionam razoavelmente…”.
O
Inverno da austeridade europeia (2008-2016), no auge da crise do
sistema financeiro internacional, revelando o modo como a zona euro foi
construída em benefício de uma elite predadora e irresponsável, mostrou
que o capitalismo de desastre estava também instalado na União Europeia.
O mais horrível foi a grande mentira que encobriu a raiz da austeridade
na Europa.
Em vez de acusar como responsável pela
crise, a ausência de regulação do sistema financeiro, instalado nos
centros de poder em Washington e Bruxelas, o ónus caiu sobre o excesso
de dívida pública dos Estados mais frágeis.
Foram
os milhões de assalariados e as camadas mais pobres da população que
salvaram os bancos e os fundos de investimento, arruinados pela ganância
e sofreguidão, sem limites legais de contenção, dos seus dirigentes.
Há
três anos que a UE se arruína com o seu envolvimento incompetente e
imoral na guerra da Ucrânia. Agora que os EUA, os grandes responsáveis
por esta tragédia, lavam as mãos e fogem, com razão, de um confronto
suicida com a Rússia, na UE, líderes detestados pelo seu povo, como
Macron, ou a Comissão Europeia de Ursula von der Leyen (com o seu
auxiliar no Conselho Europeu, António Costa) querem continuar a
alimentar a guerra com a Rússia.
Já não para
salvar Kiev, mas para que o corpo dos soldados ucranianos sirva de
muralha ao ataque russo contra a UE, propagandeado como inevitável até
2030, segundo alegadas informações dos serviços secretos alemães e
dinamarqueses (uma data conveniente para condizer com o plano de rearmar
a Europa, apresentado pela CE, extorquindo 800 mil milhões aos
contribuintes europeus).
Tudo isto poderia ser
considerado delírio ou sinistra fantasia, contudo tal interpretação
seria não só ingénua, mas completamente errada. O único país que neste
momento ameaça a soberania dos Estados da UE chama-se EUA. É doloroso
ver o silêncio das instituições europeias perante a visita abrupta, não
convidada, de governantes americanos à Gronelândia, como se fossem
proprietários a visitar uma futura aquisição.
As
tropas que Macron, Merz e Starmer, insensatamente, querem colocar na
Ucrânia, deveriam ser posicionadas ao serviço da Dinamarca para defesa
da sua integridade territorial. Os EUA são também a maior ameaça à
economia europeia, com a sua política de tarifas, que afundará ainda
mais, por exemplo, o que sobra da indústria automóvel, particularmente
na Alemanha.
Mas para que serve este auge da
Doutrina de Choque que hoje é a política europeia oficial? Qual o motivo
de provocar o pânico generalizado na população da UE, com o apelo da
comissária europeia para a gestão de crises, Hadja Lahbib, que no dia 26
de março assustou os europeus com a urgência de um kit de sobrevivência
para 72h., em virtude do profetizado perigo iminente de guerra (1)?
Estou
convencido de que se trata, fundamentalmente, duma corrida para a
frente de gente incapaz de reconhecer a sua incompetência, a sua
derrota, os imensos danos que causaram ao projeto da unidade europeia,
colocando o atropelo da exceção no lugar da paz e da ordem de um estado
de direito e justiça social.
Quem hoje dirige os
destinos europeus, rasgou os mínimos éticos, ao ponto de preferir
lançar-nos a todos no abismo de uma guerra de destruição total, do que
assumir perante os cidadãos europeus a sua responsabilidade pela
tragédia para onde nos empurraram.“
Sem comentários:
Enviar um comentário