Para perceber como evolui o Médio Oriente, basta olhar para o mapa - a Rússia não poderia permitir um país tão importante como o Irão tornar-se hostil nas suas fronteiras - e procurar saber qual o potencial bélico do Irão, a um passo, ou talvez um palmo, de se tornar nuclear se a isso o obrigarem.
Isto é confirmado num texto do ex-diplomata indiano M.K. Bhadrakumar, em que constata que Israel aparentemente atirou para o lixo a retórica inflamada de ataques demolidores ao Irão. Apesar do que os media propalaram, o ataque dos mísseis iranianos em 1 de outubro foi um sucesso, demonstrando a capacidade de dissuasão do Irão que poderia esmagar Israel, se necessário. Segundo o Irão 90% dos mísseis penetraram no sistema de defesa aérea de Israel. Numerosos vídeos de ataques de mísseis balísticos iranianos com grandes ogivas, contra alvos militares israelitas mostram as defesas aéreas EUA-Israel a serem ultrapassados ou destruídas. (1) Na situação de pânico de Israel, autoridades israelitas disseram que "retaliação significativa" era iminente. No entanto, Biden disse que os israelitas ainda "não concluíram o que vão fazer" como retaliação, também disse aos jornalistas que Netanyahu, deve lembrar-se do apoio dos Estados Unidos a Israel ao decidir os próximos passos, alegando que tentava reunir todos para evitar uma guerra total no Médio Oriente .
Nesta pantomima, a verdade é que sem contribuições dos EUA, assistência, dinheiro e intervenção direta, Israel simplesmente não tem resistência para enfrentar o Irão. O domínio regional de Israel é reduzido à execução de assassinatos e ao bombardeio de civis desarmados. Há relatos que foi a inteligência tecnológica dos EUA que levou à localização do líder do Hezbollah e ao seu assassinato.
O diretor da CIA, William Burns, refutou os rumores de que o Irão havia realizado um teste nuclear há dias, Burns removeu outro álibi de Israel para atacar o Irão. Um fator crítico que forçou Israel/EUA a adiar o "ataque demolidor" ao Irão é a dura advertência de Teerão de que qualquer ataque à sua infraestrutura por Israel seria objeto duma resposta ainda mais dura. O ministro das Relações Exteriores do Irão, visitou o Líbano e a Síria dando a Israel uma "mensagem": "O Irão apoia fortemente a resistência e sempre a apoiará".
Em 4 de outubro, o líder supremo Ali Khamenei usou um raro sermão público para defender o ataque de mísseis contra Israel, como "legítimo e legal" e que "se necessário", o Irão o faria novamente. O Irão e o Eixo da Resistência não recuariam diante de Israel. O Irão "não procrastina ou age apressadamente para cumprir seu dever".
No entanto, o que dissuade os israelitas e causa desconforto aos EUA é a sombra da Rússia que se estende sobre o Médio Oriente. Alguns armamentos russos altamente avançados foram transferidos para o Irão nas últimas semanas, apoiados por militares russos para os operar, incluindo mísseis S-400. Há especulações que o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Shoigu, fez recentemente duas visitas secretas ao Irão.
Moscovo também respondeu ao pedido do Irão de dados de satélite sobre alvos israelitas para seu ataque de 1 de outubro. A Rússia também forneceu ao Irão o sistema de guerra eletrónica de longo alcance "Murmansk-BN", que pode bloquear e intercetar sinais de rádio inimigos, GPS, comunicações, satélites etc., até 5000 km de distância, neutralizar munições "inteligentes" e drones. Também é capaz de interromper sistemas de comunicação por satélite de alta frequência dos EUA e da NATO.
O envolvimento da Rússia no impasse entre Irão e Israel pode ser um divisor de águas. Do ponto de vista dos EUA, isso levanta o espectro sinistro de um confronto direto com a Rússia. É nesse cenário que agências de notícias russas citaram o assessor presidencial Yuri Ushakov dizendo que Putin planeia encontrar-se com seu homólogo iraniano, Pezeshkian, na capital turcomena, Ashgabat, em 11 de outubro.
Putin não tem planos para se encontrar com Netanyahu e ainda não respondeu a um pedido de Netanyahu para uma conversa telefónica, feita há quase uma semana. O Kremlin está deixando claro a Washington e Telavive que Moscovo está irrevogavelmente alinhada com o Irão ajudando-o no que seja preciso.
Relembre-se O Tratado Indo-Soviético de 1971, o tratado internacional mais importante para a Índia desde sua independência. Não era uma aliança militar, mas a União Soviética fortaleceu a capacidade militar da Índia e criou espaço para a Índia fortalecer as bases da sua autonomia estratégica e capacidade para agir de forma independente.
1 - Uma cena patética passou-se na CNN quando o gen. Agostinho Costa, mostrou alguns destes vídeos com o apresentador a querer descredibiliza-los no fundo porque não vinham de Washington ou Telavive.
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