O império pretensamente global, considera que tem não só o direito mas o dever de decidir o que é melhor para todos, os seus bilionários acima do resto, contudo esta pretensão levou-o para um conjunto de dilemas. O bom senso diz que devem ser evitados o mais possível.
Talvez o principal dilema seja: ou controlar o endividamento ou fortalecer as forças armadas. O problema é que o império não pode subsistir sem estas duas condições, incompatíveis. A dívida federal está em 124,3% do PIB, aumentando cada ano 1,7 milhões de milhões de dólares, 5,8% do PIB este ano. Mas as suas forças armadas precisam urgentemente renovar-se. O essencial do seu poder militar os porta-aviões e bases militares espalhadas pelo globo, tornaram-se alvos frágeis, com defesas insuficientes - e ultra caras - face aos mísseis hipersónicos da Rússia, China, mesmo do Irão.
Os EUA prepararam-se quase exclusivamente para travar guerras imperiais no exterior, perante oponentes fracos, subestimando a defesa do território nacional. Os EUA não têm defesa contra os Sarmat russos que podem atacar os EUA, pelo sul, ou o míssil submarino Poseidon capaz de devastar zonas costeiras ou esquadras navais de porta-aviões.
Tem sido provado no Médio Oriente e na Ucrânia, as insuficiências tecnológicas do material bélico dos EUA/NATO. Os testes com mísseis hipersónicos mostram ser muito inferiores aos dos seus adversários. O programa dos caças furtivos F-35 II de quinta geração, está atrasado para 2027, devido a problemas técnicos e com custos astronómicos que passaram de 1,1 milhões de milhões de dólares para 1,58 milhões de milhões. O programa de submarinos Virgínia apresenta 17 mil milhões de dólares acima do orçamento e atrasos até três anos, segundo auditorias do Congresso, enquanto a China expande aceleradamente a sua frota naval. (Geopolítica ao vivo – Telegram 22/10 e 23/09)
Isto é resultado do liberalismo, financeirização, desindustrialização e dependência dos privados que mantêm o Pentágono refém de custos astronómicos. Os EUA e aliados agora têm pela frente, um poderoso bloco militar unido numa “parceria estratégica” constituído pela China, Rússia, Bielorrússia, Irão, RPDC, além de algumas republicas da Ásia Central. Este bloco e exercícios militares conjuntos, mostram que as "regras" dos EUA foram ultrapassadas.
O império fez e faz guerras, revoluções coloridas, etc., para que o dólar mantenha a sua posição de moeda internacional. O dilema é o excesso de dólares que tudo isto consome, com o império começando guerras que não sabe vencer nem como sair delas. Na Ucrânia, a ilusão da supremacia militar ocidental foi destruída. As manobras da China, em redor de Taiwan, mostram que o domínio marítimo dos EUA na região foi posto em causa, estando Taiwan no centro dos interesses estratégicos e históricos da China. Os EUA e idióticos na UE/NATO podem protestar, mas não têm ideia de como entrar em guerra com a China ou aplicar (mais) sanções que não se voltem contra eles próprios.
A guerra está também no desempenho económico, domínio das rotas comerciais e controlo da moeda. Washington debatendo-se com seus dilemas, já não não pode mudar a nova geopolítica em que perdem posição. As estratégias imperiais estão ultrapassadas. Instituições lideradas pelos EUA, como o FMI, BM, OMC, procuram garantir o domínio do dólar no sistema financeiro global, sendo a dívida dos EUA paga pelos países que usam - compram - dólares para o seu comércio internacional. Em pleno delírio cognitivo o gen. Isidro Morais, dizia que a reunião do BRICS tinha sido um falhanço para a Rússia dado que não tinha conseguido eliminar o dólar das relações económicas internacionais. "Há 40 anos (?!) que um grupo de países o tenta, sem sucesso". Tenha calma, sr. general, a desdolarização está em curso acelerado.
Os países BRICS, incluindo a Arábia Saudita, transacionam entre si cada vez mais nas moedas nacionais, reduzindo a base de sustentação do dólar. Claro que a desdolarização não é simples nem fácil. Segundo Putin, "quanto mais vivermos e trabalharmos sob regras e plataformas de outros, mais tempo levará a transição para construir um novo sistema financeiro e económico justo, e mais turbulências enfrentaremos, incluindo as que testemunhamos no Médio Oriente."
A Rússia, apesar de mais de 20 000 sanções ocidentais, é a quarta maior economia mundial (em PPP), a sua dívida federal é apenas 19,7% do PIB. Ao contrário do neoliberalismo, o crescimento da Rússia baseou-se na economia real e defesa da sua soberania.
A monstruosa dívida dos EUA devora 1 milhão de milhões por ano, colocando em causa os custos das guerras que suporta, não falando no investimento em infraestruturas, saúde e educação, há muito secundarizados.
Outro dilema do império é a dissociação entre a propaganda e o real. O delírio cognitivo que perpassa no Ocidente, não leva a soluções construtivas, apenas aprofunda contradições e fracassos. A propaganda triunfalista dos comentadores deu agora lugar a uma espécie de caramunha... Não pensem que o mundo não os avalia em função da realidade.
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