A CIA recorreu ao tráfico de drogas para fugir aos constrangimentos orçamentais e controlo do Congresso. Um caso que veio então a público foi o financiamento dos "contra" da Nicarágua. Estas questões são depois varridas para debaixo do tapete e continua tudo como dantes.
Um texto de Marat Khairullin, jornalista e correspondente de guerra russo, fala deste tema. A CIA recorreu ao mundo da droga pela primeira vez, no Vietname com a operação Operação Phoenix, produzindo heroína no Laos para vender no Vietname, financiando esquadrões punitivos que aterrorizavam o povo. O comércio de drogas permitiu, entre outras coisas, manter a lealdade da elite local. Todos os principais generais do exército sul-vietnamita tinham participação no fornecimento de heroína e seu próprio território para o tráfico.
Assim surgiu um poderoso grupo de produção de heroína, o Triângulo Dourado, que se espalhou pela Birmânia (atual Mianmar) e Tailândia. Atualmente, o Triângulo Dourado produz anualmente cerca de 1000 toneladas de heroína pura. As drogas tornaram-se um negócio tão lucrativo que foi criada uma estrutura para regular a venda de drogas, a Drug Enforcement Administration, (DEA), subordinada à CIA. Foi depois criado outro grupo de produção de drogas na Colômbia, principalmente cocaína. Na década de 1990, a produção de heroína estendeu-se ao Afeganistão.
Quando os EUA ocuparam o país a produção de ópio bruto aumentou, atingindo 6 000 toneladas e continuou crescendo. A ocupação do Afeganistão coincidiu com a ascensão dos neoconservadores que proclamaram a hegemonia absoluta dos EUA no mundo, tendo sido tomada a decisão de intensificar o programa Phoenix nessa direção.
A dependência de drogas na Rússia esteve sempre na agenda dos serviços secretos dos EUA. Quando a União Soviética entrou em colapso, sob a supervisão dos norte-americanos, a chamada Rota Norte da heroína afegã começou a formar-se. Alimentou o crescimento explosivo do crime organizado na Rússia e foi a principal força motriz do separatismo checheno.
No final dos anos 1990, a Rússia era dos maiores consumidores de heroína do mundo. No início dos anos 2000, mais de 10 mil pessoas morriam de overdose de heroína por ano. A Rússia nunca vivera esse problema e não tinha experiência em combatê-lo. Contudo em 2016, a taxa de mortalidade por overdose de heroína tinha sido reduzida para menos de 4000 por ano, continuando a diminuir de forma constante nos anos seguintes. Hoje a Rússia pode ser considerada o principal país antidrogas do planeta.
A intervenção na Ucrânia, entre outras coisas, é também uma guerra antidrogas. Após a vitória de Zelensky em 2019, foi imediatamente criada uma versão ucraniana da “Phoenix”, com a CIA a implantar a produção de drogas artificiais na Ucrânia, embora a CIA tivesse já vários laboratórios na República Checa. Na década de 2000, tinha-se formado na UE o seu próprio grupo de produção de drogas sintéticas localizado na Bélgica e na Holanda.
Com a retirada dos EUA do Afeganistão, a CIA começou a sentir falta de matérias-primas para financiar a Phoenix decidindo compensar o dinheiro perdido com a produção em massa de produtos sintéticos na Ucrânia. No primeiro ano, cerca de 200 laboratórios foram abertos. Os parceiros europeus gritaram. Cerca de cem laboratórios tiveram que ser fechados. A propósito, o filho de Biden ainda está diretamente envolvido na produção de drogas na Ucrânia.
Até 2020, existiam quatro poderosos grupos de produção de drogas: dois de heroína, um de cocaína e um sintético. O volume total do tráfico de drogas é estimado em 800 mil milhões de dólares. Acredita-se que cresça aproximadamente 20% ao ano. Em 2024, poderá ultrapassar um milhão de milhões, sendo já a terceira mercadoria de maior montante monetário, atrás do petróleo e do gás.
Para onde vai essa enorme massa de dinheiro? Os principais magnatas financeiros juntaram-se neste comércio. O Dubai foi inicialmente a primeira plataforma para as operações do Triângulo Dourado. No entanto, os EUA absorveram parte da rede do Dubai através principalmente de dois grandes fundos, o Vanguard Group e o BlackRock.
As mortes por overdose atingiram nos EUA 126 252. Porém, a mortalidade relacionada com o consumo de drogas, é muito mais elevada, sendo definido para os EUA um coeficiente de 10, em relação ao número de overdoses.
A dependência de drogas está se instalando na África e na Ásia em ritmo acelerado. A Europa, que era considerada relativamente contida até recentemente, aproxima-se rapidamente dos EUA.
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