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6 de outubro de 2024

O Irão já está a arder?

As FA de Israel preparam um "ataque exemplar ao Irão". Os media fazem eco das "preocupações dos EUA" acerca de um ataque de Israel às instalações de enriquecimento de urânio do Irão. Como habitualmente, do que é dito de Washington e repetido pelos media, é preciso entender o contrário. Foi assim com a expansão da NATO para Leste, os acordos de Minsk, e por aí fora. Foi com o não atingir o interior da Rússia, quando já há muito isso sucede, foi com a "contenção" de Israel nos ataques a Gaza, ao Líbano, agora ao Irão, quando há muito é confessado pelos EUA ser necessário eliminar este "eixo do mal".

Registe-se o que os media escamotearam: líderes dos EUA e da UE/NATO mentiram ao prometerem um cessar-fogo se Teerão não respondesse aos assassinatos do líder do Hamas e do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, tinha concordado com um cessar-fogo pouco antes de seu assassinato. Os EUA depois mostraram "surpresa" nem sabiam de nada. Antiwar resume uma entrevista da CNN com o ministro das Relações Exteriores do Líbano: Nasrallah, concordou num cessar-fogo de 21 dias com Israel, proposto pelos EUA e pela França, dizendo Netanyahu, também tinha concordado, isto pouco antes de Israel o matar. Isto não é novo, várias vezes os EUA apresentaram propostas de cessar-fogo como sendo de Israel e depois admitiram serem dos EUA.

A mentira de cessar-fogo, fez abrandar a segurança levando ao sucesso do ataque de Israel, fez o presidente iraniano Pezeshkian a mudar de rumo, mostrando que a sua política de moderação tinha falhado. Pezeshkian observou que a ordem de Natanyahu para matar Nasrallah foi dada de Nova York. Se no ocidente se parasse para pensar, e não estivesse a reboque dos neocons e sionistas, deveria considerar isto uma sua derrota. Uma política alinhada em aldrabices, apenas conduz ao descrédito.

Sem o envolvimento direto dos EUA os sionistas seriam derrotados bem como as suas políticas de confronto e expansionismo à margem do direito internacional e de dezenas de resoluções do CS da ONU - não apenas uma... Porém, o que quer que Israel faça, os EUA não condicionam ou limitam a ajuda militar a Israel, Nethanyahu espera que de retaliação em retaliação, os EUA intervenham contra o Irão. Assim, o general Kurillacomandante das forças dos EUA na região, foi a Israel para completar a "coordenação com as FDI em antecipação a um possível ataque iraniano e do Hezbollah em retaliação".

Independentemente dos seus engenhos nucleares (um tema que teria outra análise) as fragilidades de Israel são enormes, além das económicas e recursos em matérias-primas, Israel tem 9,8 milhões de habitantes, dos quais apenas 7,1 judeus e uma área de 22 070 km2, se incluirmos os montes Golã e Jerusalém Oriental. O Irão tem 87 milhões de habitantes e uma área de 1,6 milhões de km2.

Em setembro Putin aprovou a assinatura de um Acordo de Parceria Estratégica Abrangente com o Irão. Integrado nestes procedimentos, a Rússia já começou entregar novos sistemas de defesa aérea. Não é portanto de admirar que nos EUA haja quem esteja preocupado com a prestação de informações e tecnologias para o desenvolvimento de armas nucleares. (Intel Slava Z – Telegrama 18/09 e 15/09)

O Irão tornou-se uma importante potência militar, levado pelas declarações agressivas, do ocidente e sanções. As suas instalações de mísseis estão implantadas profundamente e disseminadas no vasto território. Um bombardeamento massivo às infraestruturas do Irão não impedirá a sua capacidade de resposta às infraestruturas israelitas. Se a Rússia também fornecer ao Irão radares, informações de satélites, as capacidades dos ataque dos Israel e os Estados Unidos ficarão bastante reduzidas Irão dispõe misseis hipersónicos como o Shahed-136B, apresentado como tendo um alcance de 4000 km

Os mísseis balísticos iranianos conseguiram romper as defesas aéreas israelitas, mostrando que o Domo de Ferro não oferecia a propalada segurança. O Fatteh-2 tem uma velocidade de mais de 16 000 km/h. Note-se que os EUA teriam dificuldades para reabastecer com a frequência necessária o Domo de Ferro num conflito prolongado. (Geopolítica ao vivo – Telegram 02/10)

Na UE/NATO, não se dá nota das consequências do alargamento deste conflitoCerca de 30% de todas as exportações de petróleo passam pelo Estreito de Ormuz, que o Irão pode facilmente bloquear. Afundar alguns navios grandes no estreito bloquearia todo o tráfego de carga e navios-tanque.  Escusado será dizer queuma guerra total contra o Irão, seguramente uma guerra longa, levaria a um aumento incomportável nos preços do petróleo para a UE/NATO.

Por último, mas não menos importante, nem a Rússia (que tem fronteira com o Irão) nem a China (cuja iniciativa Road and Belt ficaria severamente comprometida) podem permitir a sua perda para o bloco dos EUA. 

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