De Carlos Coutinho .
ASCENDER a presidente do Conselho Europeu é um voo de
alto risco e tem um preço ainda mais elevado que António Costa pagou com
língua de palmo e absoluta obcecação, apesar do coro de descontentes e
esclarecidos que então se levantou contra essa decisão em várias
reuniões do PS.
Agora todos ficámos a saber que
a Efacec, afinal, não tinha de ser nacionalizada para conservar o
acesso ao crédito bancário, como então o ainda primeiro-ministro alegou,
mentindo reiteradamente, porque, por ambições pessoais inconfessáveis,
precisava de a reprivatizar. E foi o que fez, logo a seguir, com um
prejuízo de 564 milhões de euros a pagar por todos nós.
Isto é o que uma auditoria do Tribunal de Contas concluiu no
seguimento de uma análise profunda da operação costista que foi
perpetrada e imposta sem “fundamentação técnica e independente, do
interesse público” e, seguidamente, já nas mãos do ministro empresário
António Costa Silva, foi vendida pelo preço da uva mijona, ao Mutares,
um fundo de investimentos alemão que nela injetou 15 milhões de euros em
capital, providenciando garantias para empréstimo no valor de 60
milhões de euros.
Já agora, saiba-se que a
Efacec fora capciosamente nacionalizada no verão de 2020, na sequência
do arresto preventivo dos bens detidos por Isabel dos Santos, filha de
um presidente de Angola que apodreceu muito antes de morrer no
estrangeiro. A airosa senhora detinha uma participação indireta de
71,73% naquela grande empresa de engenharia e tecnologia. Quatro anos
depois, o Tribunal de Contas diz a quem queira saber da tranquibérnia
que “nenhum dos objetivos da nacionalização foi alcançado” e que, até
maio, a reprivatização custou aos cofres públicos 484 milhões de euros:
445 milhões suportados pela Parpública, 35 milhões suportados pelo Banco
de Fomento e 4 milhões gastos em avaliações e assessorias do processo. O
risco é o de que o valor suba até aos 564 milhões de euros, devido às
responsabilidades contingentes assumidas pelo Estado, no montante de 80
milhões.
O então ministro da Economia, Pedro
Siza Vieira, transpirando patriotismo por todos os poros”, disse na
conferência de imprensa que se seguiu à reunião desgraçada do Conselhos
Ministros que, felizmente, acabava de ser salva uma empresa “centenária,
com reputação e experiência de excelência na engenharia portuguesa”,
além de “exportadora”. Invocou o interesse público para “resolver o
impasse acionista” e a necessidade de assegurar um futuro à Efacec,
garantindo haver interessados na sua reprivatização.
Pelo menos neste último ponto, não mentiu. " Facebook de Carlos Coutinho
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