Linha de separação


7 de outubro de 2024

Grande manifestação em Londres e outras leituras

1  Grande manifestação no centro de Loñdres

A Polícia Metropolitana disse que era difícil estimar com precisão a participação, mas que o protesto “parece ser maior do que outras manifestações recentes”.

Multidões se estendiam de Downing Street a Trafalgar Square enquanto oradores, incluindo o ex-líder trabalhista Jeremy Corbyn, se dirigiam aos manifestantes.

As pessoas podiam ser vistas carregando bandeiras palestinas e segurando cartazes com mensagens como “cessar fogo agora” e “tirem as mãos do Líbano” e fim dos bombardeamentos no Líbano.  Uma boa lição também para o actual primeiro ministro inglês com as suas posições direitistas no plano internacional "

2  O ALERTA ESQUECIDO DE EINSTEIN E HANNAH ARENDT
O alerta esquecido de Einstein e Hannah Arendt 
por Viriato Soromenho-Marques - DN
Depois de meses a ser desafiado, o Irão atacou alvos militares em Israel. A resposta de Telavive pode iniciar uma reação bélica em cadeia. Como chegámos a este absurdo de parte do nosso futuro coletivo depender de uma figura tão hedionda como Netanyahu?

Em 04 12 1948, o New York Times publicou uma Carta aos Editores assinada por 27 personalidades judaicas de relevo, incluindo o físico Albert Einstein e a filósofa Hannah Arendt. Desde 1947 que a violência entre árabes e judeus marcava o cenário político na Palestina. Os subscritores da carta, muitos deles cidadãos dos EUA, escreveram, não para apoiar Israel, independente desde 14 de maio desse ano, mas para lançar um alerta em relação a uma visita considerada perigosa para o mundo inteiro: Menachem Begin (1913-1992). O teor dessa missiva, ignorado como as profecias de Cassandra, explica-nos como foram criminosas as décadas de cumplicidade dos EUA e da Europa com os abusos de Israel. Do apartheid passámos ao genocídio, e agora a uma possível conflagração global.

Os autores da carta denunciavam a visita de Begin aos EUA, pouco antes das primeiras eleições israelitas (25 01 1949). Para os subscritores, o passado “fascista” de Begin estava a ser branqueado, enganando todos aqueles que até 1945 tinham travado uma longa guerra contra o nazi-fascismo. A carta recorda que o Partido da Liberdade (Tnuat Haherut) de Begin é “muito semelhante, na sua organização, métodos, filosofia política e apelo social, aos partidos nazi e fascista.” Begin formara em 1943 uma organização terrorista contra a administração britânica na Palestina, o Irgun, que em 1946 fez explodir o Hotel Rei David em Jerusalém, matando 91 pessoas. Prossegue a carta: “as declarações públicas do partido de Begin (…) hoje falam de liberdade, democracia e anti-imperialismo, quando até há pouco tempo pregavam abertamente a doutrina do Estado fascista.” Exemplificam com o massacre, em 9 de abril desse ano, da aldeia árabe de Deir Yassin. Quase todos os 240 habitantes foram assassinados. Com orgulho, os terroristas do Irgun convidaram os correspondentes estrangeiros a fotografar os cadáveres nos destroços da aldeia, enquanto os “sobreviventes desfilaram como cativos pelas ruas de Jerusalém”. O partido de Begin é ainda acusado de “no seio da comunidade judaica pregar uma mistura de ultranacionalismo, misticismo religioso e superioridade racial.”

Corretamente, a carta define o fascismo e o nazismo pelo método e não pela etnia. Confirmam que a organização política de Begin tem “a marca inconfundível de um partido fascista para o qual o terrorismo (contra judeus, árabes e britânicos) e a deturpação são meios, e um ‘Estado Líder’ é o objetivo.”


Sem comentários: