Linha de separação


13 de outubro de 2024

Israel não está preparado para a guerra que desencadeou

Dizia um dos marretas da sic: o Irão vai ser humilhado, Israel é uma superpotência. É espantoso, como estes indivíduos andam há anos a dizer idiotices, desmascaradas no espaço de semanas, mesmo dias.

Quando os nazis invadiram a União Soviética foi dito às tropas que as regras da Convenção de Genebra não se aplicavam aos eslavos, apenas interessava manter um mínimo de população local como mão de obra semiescrava para os colonos arianos. Substitua-se eslavos por palestinos e arianos por judeus e temos os confessados objetivos dos dirigentes sionistas

Ao fim de um ano a arrogância sionista toma um cariz diferente. Netanyhau na prática assume a derrota ao dizer: "estamos no meio de uma campanha contra o eixo do mal do Irão" "a guerra terminará quando o governo do Hamas for derrubado e alcançado o regresso de todos os reféns - mortos e vivos; o retorno seguro dos residentes do sul e do norte às suas casas. (Intel Slava Z – Telegrama 01/10) Ou seja, nada resolveu do que se propunha no início e criou mais três frentes de guerra: com os Houthis, o Líbano, o Irão. Após a resposta do Irão aos ataques de Israel, a guerra mudou completamente.

 As capacidades hipersónicas iranianas colocaram Israel perante a realidade das suas fragilidades. Os EUA sabem que não podem em termos geopolíticos intervir diretamente contra o Irão. A estratégia sionista de domínio da região esboroa-se. Para os EUA Nethanyahu tornou-se um empecilho, longe vão os dias em que "comentadores" exultavam com a invasão do Iraque - para "levar a democracia ao Médio Oriente".

O Hamas não foi eliminado, continua ativo numa tática de guerrilha atacado patrulhas e blindados. O Hezbollah repele as tentativas de invasão do sul do Líbano. Teerão alertou que “a fase de auto-contenção unilateral acabou”. Qualquer ataque israelita contra o Irão encontraria uma “resposta não convencional” (?) - Al Jazeera.

Com as armas e o dinheiro dos EUA, o que Israel tem conseguido é bombardear populações civis indiscriminadamente, mulheres crianças, jornalistas, pessoal médico e da ONU em Gaza, agora no Líbano, destruir habitações. Supõe-se que Israel tenha 90 ogivas nucleares, e material suficiente para construir o dobro. Porém, no dia que usasse alguma consagraria o seu fim.

Teerão teria ameaçado países do Golfo e outros aliados dos EUA com ataques se os seus territórios ou espaço aéreo fossem usados para atacar o Irão (Wall Street Journal). Disse o presidente iraniano Pezeshkian: "Israel violou todos os tipos de acordos internacionais porque sabe que tem o apoio dos EUA e da UE", "que Israel pare de matar pessoas inocentes, pare de bombardear casas." (Geopolítica ao vivo – Telegram 11/10)

Um texto de Moon of Alabama, mostra como as táticas para eliminar a liderança do Hezbollah e anular a sua capacidade de luta, falharam. O Hezbollah, assim como o Hamas, foram preparados para se manterem operacionais apesar destes incidentes. Naim Qassem, o vice-líder do Hezbollah, numa transmissão declarou que o Hezbollah continuava totalmente operacional: “Estamos disparando centenas de foguetes e dezenas de drones. A alta liderança do Hezbollah continua ativa, os postos dos comandantes mortos foram preenchidos. Não temos postos vagos”. Para invadir o sul do Líbano, foram levadas várias divisões das FDI, não consta que tenham conseguido progredir.

A inutilidade de matar a liderança do inimigo também foi demonstrada em Gaza, apesar de Israel anunciar a morte de três altos funcionários do Hamas há três meses, ninguém notou a ausência deles. O Hamas continuou a funcionar independentemente de quais líderes estivessem vivos ou mortos.

Em 07 de outubro, o Hezbollah disparou cinco mísseis contra a cidade portuária de Haifa. no dia seguinte, mais 100 mísseis foram lançados, em resposta aos ataques em Beirute. Mísseis de Gaza, Iraque e Iémen foram também lançados para Telavive. Cada ataque provoca um alarme aéreo, as pessoas interrompem o trabalho e escondem-se em abrigos. A defesa aérea de Israel esgota-se, alguns mísseis passam e atingem seus alvos.

Depois do Hezbollah ter atacado a área de Haifa, em várias cidades próximas as escolas foram fechadas. Em Haifa permanecerão abertas desde que um abrigo possa ser alcançado rapidamente. Os cerca de 200 mísseis do Irão atingiram alvos militares em Israel. Os vídeos disponíveis mostram dezenas de impactos numa base aérea com hangares e aviões atingidos. Danos noutros alvos são mantidos sob censura, mas é óbvio que a maioria dos mísseis iranianos passou pelas defesas israelitas e atingiram os alvos pretendidos. Embora Israel tenha afirmado que irá retaliar o ataque, ainda não o fez.

Irão pode desencadear uma resposta temível, possui milhares de mísseis em locais bem protegidos, apontados para instalações críticas de Israel: redes de eletricidade, refinarias, portos e aeroportos. Israel expandiu e escalou sempre que possível uma guerra que será longa, mas não está preparado para ela.



Sem comentários: