Depois de sucessivos governos de direita e dos enormes fracassos do liberalismo de vigaristas políticos como Menem, a propaganda mediática entregou o poder a um perigoso farsante político, Milei.
O caso merece atenção pelo menos para confrontar os propagandistas do liberalismo e das políticas de direita com a realidade. O espaço dos grandes media está entregue a "comentadores" que há anos se servem do fracasso das políticas de direita para reivindicarem políticas ainda mais à direita, com as habituais promessas de "criar riqueza" (para quem?). E com isto se vão espalhando esquemas de agressividade contra emigrantes, sindicatos, funcionários públicos e "subsídio dependentes" das prestações sociais. Sem isto e sem estes, todos os problemas seriam resolvidos
O espantoso é a manipulação dividir as camadas proletárias, transformando parte delas em "lumpen", base eleitoral dos que movidos pelo despeito e sentimentos negativos, alinham com os trafulhas da extrema-direita, que lhes parecem ser contra um sistema que os explora. Na realidade, representam o que pior tem o sistema. Quando estas camadas verificam ter sido enganadas, é normalmente tarde. A tragédia é que vexados dizem que já não acreditam em ninguém. Se a manipulação considera isto um sucesso, o facto é que nada de positivo pode resultar para um país e para as pessoas deste processo. Quanto à Argentina, já aqui tratámos em Argentina, o liberalismo e os condenados à fome, mas vale a pena acompanhar para confrontar a arrogância das iniciativas liberais e dos seus próceres da UE.
Neste caldo de cultura o populista Milei foi promovido a presidente. Segundo o instituto de estatísticas nacional 52,9% da população está abaixo da linha da pobreza. Desde que Milei, tomou posse há cerca de um ano, o país enfrenta uma forte crise económica e social, com dívidas elevadas, câmbio deteriorado, reservas internacionais escassas e inflação na casa de 236%. Para reverter este cenário a solução liberal "inegociável" é aplicada a todo custo: diminuir subsídios federais aumentando a pobreza, privatizar mais empresas e serviços, congelar salários e pensões apesar da inflação, que prometera anular, uma das bandeiras da propaganda.
As despesas do Estado caíram 29% em termos reais nos primeiros seis meses do ano em relação a 2023, tendo como resultado a recessão. Em termos reais, o poder de compra dos reformados terá caído em média 30,1%; a despesa com pessoal do Estado caiu 16,4%, havendo um processo de dispensa de trabalhadores precários. Os programas sociais sofreram cortes de 39,5%. Os subsídios à energia e aos transportes foram cortados, implicando um aumento nas tarifas de eletricidade, gás e transportes. Bolsas de estudo, foram cortadas, os salários de docentes universitários sofreram perdas reais de 30,6%, os salários do pessoal não docente, 27,0%. A Frente Sindical Universitária, que reúne sindicatos docentes e não docentes de todo o país, promoveu uma greve geral no dia 17, iniciando uma semana de luta por financiamento e aumentos salariais.
O descontrolo económico verifica-se na emissão de moeda que cresceu cerca de 90%, provocando inflação, os mais ricos procurando refúgio da sua riqueza em dólares, ou seja, depreciação do peso com todas as consequências para o serviço de dívida.
Em apenas seis meses, a dívida pública cresceu 71 832 milhões de dólares, a impossibilidade do seu pagamento serve para vender os recursos naturais ao desbarato. Como renegociar a dívida é atentar contra os direitos dos credores, as medidas para pagar juros consistem em cortes na despesa e uma maior emissão monetária,
Como chegou aqui um país rico como a Argentina? A Argentina é dominada por um núcleo de bilionários ultrarreacionários e antinacionais, que beneficiaram das privatizações, controlam quase todos os recursos estratégicos e administram a economia do país em beneficio próprio. Aquilo que se chama esquerda são geralmente democratas liberais.
Depois de uma tenebrosa ditadura militar apoiada pelos EUA, para desmantelar o movimento sindical e organizações progressistas, o país conheceu o descalabro económico. O recurso foi um teatral Menem eleito com a demagogia das promessas nunca cumpridas, que disfarçavam o neoliberalismo, a austeridade e as privatizações para combater a inflação. As políticas liberais mostraram-se insustentáveis: escalada do desemprego e prolongada recessão económica, acabou por levar o país à banca rota da dívida no início dos anos 2000.
Milei é a prova que o liberalismo não tem outras soluções nem outros resultados. O liberalismo é o capitalismo da agiotagem: os interesses financeiros e monopolistas estão acima da economia real e dos interesses sociais. Milei serve-se do seu poder de veto que anula votações no Parlamento para impor as suas medidas antipopulares e antinacionais. Mas atenção, ditador é Nicolas Maduro...
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