É de facto cada vez mais penoso falar da UE de tal forma a sua política externa se tornou vergonhosa. Internamente são (pelo menos) 20 anos de estagnação económica, conflitos sociais, formas de repressão laboral e o arrastar para os abismos da extrema-direita a que a oligarquia recorre face à degradação geral.
A UE escolheu tornar-se um mero figurante das políticas dos neocons norte-americanos. Internacionalmente é olhada como uma província de um império em declínio. A sua posição perante a agressão permanente de Israel ao povo palestiniano, no seguidismo das posições dos EUA, é de tal forma hipócrita que atinge o nível do repugnante.
Na ONU os EUA bloquearam sucessivamente a provação de uma declaração sobre o conflito. No Conselho de Segurança um novo esboço proposto pela China, Tunísia e Noruega no domingo foi recusado. O documento pedia o respeito pelo Direito Internacional Humanitário, a proteção dos civis e a redução das ações.
Na UE, de acordo com a Lusa, um texto divulgado pelo comissário Josep Borrell diz o seguinte: “Condenamos os ataques de ‘rockets’ do Hamas e de outros grupos terroristas no território israelita e apoiamos o direito de Israel de se defender, mas também consideramos que isso deve ser feito de uma forma proporcional e respeitando as leis internacionais humanitárias.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Peter Szijjarto, em entrevista à agência francesa AFP, citada pela Lusa, criticou as posições da UE, considerando-as "parciais e desequilibradas" e pediu à UE que favoreça o "pragmatismo" em vez de "lições morais", depois de Budapeste ter usado recentemente o veto para bloquear uma declaração comum da UE sobre a China.
Repare-se que depois disto, a agressão ao povo da Palestina desapareceu dos noticiários e (pelo menos) das primeiras páginas dos jornais.
"Em Gaza não se vive uma guerra, mas sim um genocídio", afirmou Obai Radwan, palestiniano que vive há nove anos em Lisboa. "Estou preocupado com a minha família e pelo povo palestiniano. Os israelitas não pararam desde 1948, quando ocuparam a minha terra e expulsaram a minha família".
Agora, centenas de pessoas foram mortas, há milhares de deslocados, na Faixa de Gaza a ajuda humanitária é urgente. A UE, em sintonia com “os EUA “colocaram-se do lado oposto da consciência e da moralidade humana. A comunidade internacional está profundamente dececionada com as ações dos EUA no conflito palestino-israelita”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios estrangeiros da China.
As ações de Israel têm precedente nas cobardes e criminosas retaliações nazis sobre populações civis. As suas táticas encobertas pelos media são também ao estilo das provocações que o imperialismo (envolvendo a NATO) faz com a Rússia e a China, esperando uma resposta que lhes permita justificar a guerra. Veja-se como a UE condena os ataques do Hamas, ignorando todo o historial do conflito, acabando por defender a cobarde e criminosa agressão do fascista Netanyahu.
Mas não se diga qua a UE não está preocupada com “direitos humanos”… na Rússia (e na China).Num projeto de relatório do Parlamento Europeu insiste-se numa maior confrontação com Moscovo. A UE "deveria estabelecer com os EUA uma aliança transatlântica para defender a democracia globalmente" e "deter a Rússia" de agressões na Europa do Leste. A UE “também deve transmitir os benefícios potenciais que está disposto a oferecer em troca de uma transformação democrática da Rússia”, comprometendo-se com uma estratégia de mudança de regime, devido a que "a situação na Rússia deteriora-se terrivelmente por causa da repressão sistemática do presidente Putin às forças democráticas."
UE para atingir a "propaganda russa" e realizar a transição que deseja propõe "o estabelecimento de uma televisão russa gratuita com 24 horas de transmissão". Outras emissoras estatais como a RFERL dos EUA e a BBC da Grã-Bretanha já oferecem serviços semelhantes. Além da presença de um grande número de sites de notícias em russo e canais do YouTube que adotam uma postura crítica em relação ao governo.
Bruxelas "deve estar preparada para não reconhecer o parlamento da Rússia e pedir a suspensão da Rússia das organizações internacionais com assembleias parlamentares se as eleições parlamentares de 2021 na Rússia forem reconhecidas como fraudulentas".
É isto a UE… uma mera província do “império do caos”, afundando-se na sua própria lama. Já agora, como curiosidade: a UE aceitará turistas vacinados contra a COVID… mas não os vacinados com a Sputnik V
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