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7 de maio de 2021

O imperialismo e "la peau de chagrin" - 2

 Os EUA consideram-se intitulados para impor os seus critérios políticos e ideológicos a todos os países. Por outras palavras os interesses do seu grande capital. Consideram que a sua legislação tem valor extraterritorial – como se o mundo lhe pertencesse de direito. A UE não escapa ao dever de obediência: devido a sanções as multas que extorquiu de empresas europeias entre 2007 e 2018 totalizaram 5,34 milhões de milhões de dólares.

O seu objetivo central é que nenhum país possa desenvolver em paz uma política progressista. Mas a estratégia imperialista, em que aliás a UE participa ativamente, pouco mais consegue que arregimentar corruptos, neofascistas e estabelecer processos de caos que se transmitem pelo mundo inteiro. John Perkins descreve com conhecimento de causa estes processos.

Com as sanções, as “revoluções coloridas” são mais uma forma  do imperialismo tentar impor o seu domínio. Representam uma tragédia, associada ao ridículo das crescentes contradições e impotência do imperialismo alcançar os objetivos pretendidos.

As revoluções coloridas e “levar a democracia ao Médio Oriente” com que comentadores se deliciavam em prolixas lucubrações, apenas provocou o caos, falhando nos objetivos de submissão dos povos e permitir que as transnacionais explorem “livremente” mão de obra e recursos materiais.

Com a colaboração da social-democracia, onde quer que o imperialismo e imponha vemos países falidos, disfuncionais, submetidos a ditaduras. Na Ucrânia títeres neonazis ocupam o poder e o crime organizado proliferou em países como o Kosovo, Albânia, etc.

Tudo isto é movido a dinheiro agtravés de ONG ligadas à CIA, como a NED. Um elemento da política externa dos EUA afirmou que o seu pais investiu 5 mil milhões de dólares para influenciar a opinião pública ucraniana e a política externa do país.

Mas cada vez mais o imperialismo falha. Falhou no Tibete, em Hong-Kong, na Turquia para substituir Erdogan, na Bielorússia onde tentaram o assassinato do Presidente, tal como na Venezuela ou em Cuba.

Na Rússia, caídos no descrédito os neoliberais do Yabloco, inventaram Navalny, um elemento da extrema-direita, ex-estudante da Universidade de Yale, um ultranationalista financiado pela NED, promovido a democrata para fomentar uma “revolução colorida” na Rússia. Os media pintam-no como um “democrata liberal” perseguido. Na realidade é um racista que já tinha aparecido a discursar com neo-nazis e skinheads, contra “as hordas de imigrantes legais e ilegais”, condenado por corrupção.

Não temendo nem o ridículo nem o contraditório, os medias referiam-no como o maior opositor a Putin. Uma sondagem, quando regressou da Alemanha, dava-lhe 2% de apoiantes; um pedido para a sua libertação posto a circular da net obteve 500 mil assinaturas. Muito? Uns 0,4% dos eleitores... Nas manifestações em seu apoio nem 10% daquele efetivo participaram. Agora vozes já falam em “descobrir” outra figura para a “democracia liberal” na Rússia. Os media escamoteiam que a seguir ao de Putin o maior partido é o Comunista…

Outra das vigarices intensamente veiculadas pelos media (em Portugal nem tanto) é o caso dos uigures muçulmanos da região autónoma de Xinjiang. A conspiração e alegações de “genocídio” foram preparadas por uma ONG com sede em Washington, a Rede de Defensores dos Direitos Humanos da China (CHRD). Outra “fonte” foi Adrian Zenz, um ideólogo evangélico de extrema direita, que preparou um relatório comprovadamente fraudulento, o que não é surpreendente, visto que o relatório foi financiado pelo Instituto Newlines, da Fairfax University of America (FXUA).

Mas nada disto parece preocupar os media que preferem apoiar Guaidós e Navalnys e veícular fake news sobre a China, a Rússia, Venezuela, etc.

Sintomático é que na recente reunião entre a China e a Rússia ser anunciado que as duas nações "construirão um modelo de confiança mútua estratégica, apoiando-se firmemente mutuamente na defesa dos nossos interesses fundamentais, unindo forças contra “revoluções coloridas”, lutando contra todos os tipos de informações falsas e mantendo nossa soberania e segurança política.”

Com isto, é mais um encolher da “peau de chagrin” do imperialismo, que perdeu o controlo da política internacional, enfrenta grandes rivais e o afastamento de antigos aliados. Procura pela conspiração e pela força, neutralizar a erosão da sua liderança e reverter o seu declínio, mas está a perder o jogo contra a Rússia e a China em todos os indicadores de crescimento, investimento, comércio e mesmo militar.

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