“La Peau de chagrin” (A pele do desgosto) é um livro de Balzac: um jovem compra uma pele com poderes mágicos, poderá realizar todos os seus desejos, mas encolherá por cada desejo satisfeito. Ele lança-se numa existência de luxo e libertinagem, levando-o à sua perda.
Com o fim da União Soviética o imperialismo ganhou a sua “peau de chagrin”. Sentiu-se na posse do mundo inteiro, perseguindo objetivos amorais, cruéis, egoístas, como é de sua natureza, porém tal como a pele mágica, a vida regista todo mal que pratica. A degradação ética e a corrupção das práticas imperialistas e oligárquicas levam ao agravamento das suas contradições e crises.
Os EUA consideram ser seu direito dominar o mundo inteiro sem entraves. Os povos sofrerão represálias se desafiarem a sua liderança e aspirarem a um papel regional ou global. Para o conseguir o seu poder militar expandiu-se não reconhecendo limites: 800 bases militares, sete esquadras navais, 12 porta-aviões, etc.
Os países são considerados “democráticos” desde que aceitem a liderança de Washington, mesmo governados por nazifascistas (Ucrânia, Polónia, etc.) ou ditaduras como na América Latina, caso contrário o império arroga-se o direito de ingerência, mesmo a agressão militar.
O império determina não apenas como os países devem ser governados, mas como as pessoas devem pensar. Seis mega empresas: GE-(NBC), News Corp (FOX), Dysney, Viacom, Time Warner (CNN), CBS, controlam 90% do que vemos, ouvimos ou lemos. Segundo William Colby, ex-diretor da CIA, "a CIA controla todos os que têm importância nos principais media".
As oligarquias da finança e das transnacionais são os únicos beneficiados com o império. O imperialismo não trouxe nem mais segurança ao mundo nem sequer prosperidade ao próprio império e aliados. Intensificaram-se as desigualdades, conflitos sociais e entre Estados, transformando os próprios EUA cada vez mais num Estado policial, inseguro para os seus cidadãos.
Países a milhares de quilómetros das suas fronteiras são declarados ameaças à sua segurança. Os EUA na ânsia de domínio adotaram o que Goebbels escrevia no seu diário em 24 de maio de 1941: “A R... (Rússia) deve ser dividida nos seus componentes. Não se pode tolerar a existência a Oriente de um Estado tão vasto.” O mesmo se aplica à China. Mas esta forma de ver o mundo, não revela poder, mas pelo contrário um subjacente sentimento de fragilidade. É a sua “peau de chagrin” a reduzir-se
As sanções fazem parte da agressão imperialista. São uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas. Constituem um crime contra a humanidade, criando intencionalmente o sofrimento do povo. São impostos bloqueios financeiros, fomentam-se crises de abastecimento de alimentos e medicamentos, para depois se atribuir ao governo visado a responsabilidade por estas situações.
A crueldade do imperialismo está aqui bem refletida: Lesley Stahl – (CBS, entrevista em 1996, após cinco anos de sanções e bombardeamentos contra o Iraque) - Ouvimos dizer que meio milhão de crianças morreu (no Iraque). Valeu a pena pagar esse preço? Madeline Albright (embaixadora dos EUA na ONU): - Nós pensamos que valeu a pena.
As aspirações de hegemonia mundial adotando medidas contra todos os que escapam ao seu controlo tem-se revelado não só inútil mas contraproducente. Os povos visados sofrem, mas resistem, expõem ao mundo a incapacidade do imperialismo em atingir os seus objetivos, seja em Cuba, Venezuela, Iraque, Irão ou Coreia do Norte.
Tal é por por de mais evidente no caso da Rússia e da China, que tomam idênticas medidas de retaliação. O resultado é um crescendo de problemas para EUA e seus aliados. Partes significativas da economia mundial abandonaram o dólar como moeda de referência, aumentando a fragilidade das posições imperialistas. Na Rússia as participações em ouro e moeda estrangeira atingiram um total de 589,5 mil milhões de dólares, superando as participações em dólares.
A subordinação à NATO torna a UE praticamente irrelevante na geopolítica. As sanções que aplica a vários países estão a prejudicar económica e politicamente os Estados membros, agravando as contradições internas. A Alemanha e a Áustria consideram que se deve entrar na via do diálogo com a Rússia e ir reduzindo as sanções. Porém, em sentido oposto, um projeto de resolução no PE (em obediência a Washington) no PE pretende bloquear o pipelinie Nord Stream 2, e que “as importações de petróleo e gás da Rússia para a UE sejam imediatamente interrompidas”; “a Rússia deve ser excluída do sistema de pagamento SWIFT, e todos os ativos na UE de oligarcas próximos às autoridades russas e suas famílias na UE precisam ser congelados e seus vistos cancelados”. A “peau de chagrin” da UE, parece estar a atingir o mínimo...
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