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26 de novembro de 2023

O Extremo Centro

 "Segundo uma das figuras da " esquerda intelectual britânica ", Tariq Ali -  The Extreme Center: À Warning, Nova York, Verso, 2015 - o extremo centro é a aliança onde “centro-esquerda e centro-direita concordam em preservar o status quo; uma ditadura do capital que reduz os partidos políticos ao estatuto de mortos-vivos”. Por trás de discursos muitas vezes melosos, a política do “extremo centro” visa, “custe o que custar”, levar á prática o mais  possível , um  liberalismo económico sem limites, sob a liderança de um executivo com tendências autoritárias."  "Em resposta às reivindicações populares, as classes dominantes utilizam o Estado como garante dos seus interesses particulares, dotando-se, “ao mesmo tempo”, de um sistema mediático capaz de travar uma guerra ideológica de alta intensidade."

 Este fim de semana  foi fértil na propaganda do  "extremo  centro " , com o Congresso do PSD e a campanha eleitoral no PS .
Ao ouvi-los parece que o  país não  precisa de crescimento económico , de melhores salários e pensões , de um serviço nacional de saúde e de uma escola pública de qualidade ,  que o país  não  precisa de melhorar substancialmente a distribuição do rendimento nacional. Do que o país precisa é  de moderação.
 Há  mesmo uma competição  entre os actores políticos para se apresentarem , cada um mais moderado do que o outro... Cavaco diz que é  um adepto entusiasta  da social democracia moderada , Ferreira Leite afirma que não estamos em de tempos de radicalismos , Monte Negro define se como um  moderado ...
A moderação isto é  não tocar nos privilégios dos  dominantes , dos grandes senhores do dinheiro , no sistema financeiro , na banca e nas grandes fortunas é  a nova , velha panaceia do conservadorismo reaccionário que embala o PSD e grande parte do PS . 
Mas esta dita moderação é  na verdade  de um radicalismo sem fronteiras quando se trata de defender os grandes interesses e de passar a factura para cima dos trabalhadores , pequenos empresários e camadas médias como vimos , por exemplo ,   na crise de 2007 / 2009  com o sistema bancário ou  no tempo da Troika em que foi tudo a eito , salários , pensões , subsidio de férias ...e até feriados . 
 Quem toca ou ameaça  tocar nos privilégios é  no dizer deles , dos seus politólogos e da sua imprensa  , extremista e , como tal ,  demonizado ou silenciado .
 Eles sim  são os  extremistas . o extremo centro , o centrão  do cifrões , o Bloco central das negociatas , o Bloco central dos grandes interesses , o extremismo  dos bem sentados à  mesa do Orçamento cuja digestão é por vezes interrompida por tal ou tal incursão do Ministério Público. Eles são os das palavras pias para com os pobrezinhos em tempo de Natal e sempre a dizerem em abstrato que a economia portuguesa não se pode fundar nos baixos salários . A sua governação é conhecida e , pode se dizer que nos últimos anos só com a  dita geringonça . mesmo com limitações ,  os trabalhadores e as camadas populares tiveram algum alivio .
 A campanha eleitoral  já começou e o debate político, entre várias opções, é reduzido ao máximo, centrado em tricas e casos ou em escolhas apresentadas como técnicas, visando fazer acreditar que só existe uma política possível  , a da moderação  a do Statu quo .
Os trabalhadores e os jovens devem, portanto, submeter-se inevitavelmente às falsas opções do "centrão"  que monopoliza cada vez mais a riqueza produzida – em nome da “eficiência” ou da ilusão de um melhor bem-estar, ou mesmo da “justiça”. 
Mais do que nunca o que vai ser decisivo é que se verifique uma maioria de esquerda na assembleia da Republica com uma relação de forças favorável  ao Partido mais consequente . o PCP, a CDU .
Quando se formou a Geringonça o PS tinha perdido as eleiçóes !  ... " 
Do Facebook de Carlos Vale .


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