Linha de separação


5 de novembro de 2023

Guerras e contas certas: a barca atlantista a meter água

O imperialismo levou a complexa teoria monetária ao absurdo aprofundando as contradições do capitalismo. Ao substituir o valor trabalho pelo valor criado pela oferta-procura e ignorar o que seja capital fictício, o real nunca se ajusta à teoria, quando devia ser o contrário; daí nunca se chega a sair das crises.

Ter o dólar ou o euro, seu sucedâneo, como unidade de referência económica, só pode agravar a situação. É viver numa mentira: o dólar é apenas uma arma imperialista. O euro é também um meio de aprisionar os povos que o adotaram aos interesses que a burocracia do BCE e UE defendem escudados numa teoria que não funciona.

Pode faltar dinheiro para serviços de saúde, habitação, educação e aumentar o nível de vida dos trabalhadores ou reformados, porque tudo isto provoca dívida. Acima das necessidades económicas e sociais ou do emprego com direitos, há que satisfazer a ganância dos grupos financeiros. Não pode faltar dinheiro para a salvar a banca fraudulenta ou para guerras imperialistas. Segundo o Borrel de triste figura, até meados deste ano para a Ucrânia já tinham sido dados 85 mil milhões de euros. Vamos ver quanto irá para os fascistas de Israel “se defenderem do terrorismo”.

Os EUA acham que têm direito a controlar o mundo inteiro. Para isso fazem duas, três ou mais guerras, as que forem precisas, principalmente desde que quem morre e fique destruído sejam outros. À sua “excecionalidade” não se aplicam as regras aplicadas aos outros, mesmo aos obedientes aliados.

As famosas “contas certas” são para os outros. Nos EUA o défice federal atingiu a astronómica quantia de 33,7 milhões de milhões de dólares, 124,4% do PIB. Crescendo por ano em média cerca de 1,5 milhões de milhões, mais de 4 mil milhões por dia! Mais que quadruplicou desde 2004.

Se se considerar a dívida dos Estados e locais o défice atinge 138% do PIB. Não esquecendo que o PIB capitalista considera o que Marx qualificou como capital fictício, simplificando, o não produtivo. Considerando também a dívida de cidadãos e empresas não financeiras a dívida atinge 103 milhões de milhões de dólares, algo como 380% do PIB… O défice comercial anda por 1,1 milhões de milhões de milhões, sendo com a China 276,8 mil milhões.

As guerras custam dinheiro, e têm de fazê-las onde quer que seja para os povos funcionarem “segundo as regras”. Regras que pelos vistos Israel cumpre escrupulosamente, mas Cuba não. Estamos esclarecidos.

O que tem ganho o povo dos EUA com estas “regras”? Vivem na pobreza, 43,2 milhões; o desemprego real atinge 10,9 milhões; com emprego parcial há 26,8 milhões. A riqueza média do 1% é de 18,2 milhões de dólares; os 50% do outro extremo têm de riqueza média 33 dólares. Em termos líquidos a banca recebe de juros 752 mil milhões de dólares. A poupança média por família é de 11,1 dólares, a dívida média por cidadão 74,7 mil dólares. Isto é os EUA são um país com 1% de ultraricos sobre um mar de gente pobre e falida.

A invenção, da dívida estudantil, que recentemente um “grande talento literário” apresentador de TV, elogiava, atinge 1,82 milhões de milhões de dólares (14,8 mil por estudante ou ex). As dívidas em cartão de crédito 1,3 milhões de milhões. Acrescente-se a isto as mortes por excesso de drogas, quase 110 mil este ano, duplicando desde 2015, as matanças aleatórias em escolas e centros comerciais, por gente alucinada e desesperada.

Os que não acreditam que a barca atlantista se afunda, então não finjam criticar a austeridade e não disfarcem o apoio às guerras “contra o terrorismo” no Médio Oriente, África, Rússia, China, e por aí fora, sempre vitoriosas, mas só nos filmes de Hollywood com seus Rambos, “agentes especiais” e “snipers americanos”. E, claro os “comentadores amestrados”. 

Dados segundo: U.S. National Debt Clock : Real Time (usdebtclock.org)

Sem comentários: