Linha de separação


14 de novembro de 2023

Situação na Palestina. Qual o plano?

 As reviravoltas que o governo Biden tem dado mostram que não tem um plano definido, exceto considerarem que são os líderes mundiais. Não são. A forma como o secretário de Estado Blinken tem sido tratado – na Turquia, em Ancara, recebido por um autarca, na Arábia Saudita, ter de esperar pelo dia seguinte para ser recebido, as propostas sobre o conflito a serem recusadas pelos árabes, mostraram impotência. A isto aliam-se as grandes manifestações pela Palestina nos EUA e outros países da NATO, como em Portugal, que os media vão escondendo o melhor que podem.

Mesmo os EUA (que financiam e armam Israel) fazendo alguma pressão sobre Netanyahu apenas conseguiram que houvesse 4 horas de paragem nos ataques, com 20 de genocídio de palestinos.

Se os EUA não têm plano – tirando a ameaça de uma guerra total – Israel também não, já que a cúpula fascista e racista está dividida. A maioria do gabinete de guerra de Israel decidiu a favor de uma ação resoluta contra o Hezbollah. Netanyahu, que não tinha nisto o aval dos EUA, recusou. Há quem o queira demitir.

Quando os países árabes se recusaram a aceitar palestinos expulsos de Gaza e quando se uniram culpando Israel, o plano de Israel falhou. O triunfalismo inicial, aproveitar a oportunidade para conseguir o “Grande Israel” (bíblico) após expulsar a maioria dos palestinos e liquidar o Hamas, levantou um coro não apenas de protestos, mas de ameaças.

Se de início os EUA não acreditavam que um cessar-fogo fosse a "resposta certa" para a crise palestino-israelita, no início de novembro, Washington apresentava três opções baseadas na derrota do Hamas. A primeira envolvendo países da região supervisionando temporariamente Gaza, com apoio de tropas americanas, britânicas, alemãs e francesas. A segunda uma força de paz, multinacional e observadores como a que supervisiona no Sinai o acordo de paz de 1979 entre Israel e Egito. A terceira, Gaza submetida a uma governação temporária da ONU. (Geopolítica ao vivo – Telegram 01/11)

Claro que os países árabes nem discutiram estas ilusões. Então os EUA mais recentemente, vieram dizer que não querem ver Gaza reocupada ou reduzida no seu tamanho, nem que os habitantes sejam expulsos das suas casas: nenhuma reocupação nem nenhum deslocamento forçado do povo palestino. Porém, Gaza nunca poderá ser usada como base para terrorismo no futuro (leia-se Hamas), disse o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan. Os EUA querem ver a reunificação política entre a Cisjordânia e Gaza sob a liderança palestiniana, o futuro do enclave dependeria do povo palestino. Os Estados Unidos apoiariam o processo. (Geopolítica ao vivo – Telegram 13/11)

Dois aspetos a notar: primeiro, contam que a política da atual OLP de Abbas, que se destaca pela corrupção, repressão, colaboracionismo com Israel, se manteria caso fosse a votos no momento em que a violência israelita na Cisjordânia também se intensificou. Em segundo lugar, nos EUA, 66% dos eleitores (ao contrário da posição dos partidos) querem que se apele a um cessar fogo. O mundo político dos EUA vivendo na realidade virtual que criam, adotou uma política sobre o conflito de Israel que é outro exemplo de dupla moral, profundamente impopular.

Esquecem que na Palestina, Líbano, Iraque e Iémen os efetivos prontos para a resistência aumentam. Desiludam-se se vão reconstituir uma desprestigiada OLP com a mesma gente. Aos olhos dos palestinos onde quer que estejam e seus aliados, o verdadeiro exemplo a seguir é o do Hamas, o da resistência a Israel.

Afinal como vai a guerra. É evidente, que com maior ou menor dificuldade o Hamas será derrotado, se não houver abertura de outras frentes e resolvidos problemas logísticos. Sem apoio no Médio Oriente os EUA tentam evitar a expansão da guerra, mas em Israel os militares estão praticamente fora de controlo.

É certo que têm perdido tanques e veículos blindados. O Hamas afirma ter destruído 88 veículos blindados em 5 dias. Um míssil atingiu Telavive a partir de Gaza, ultrapassando o Domo de Ferro da cidade. Unidades de resgate das FDI têm retirado soldados feridos – e certamente mortos - para Israel.

Do lado israelita, o Ministro da Defesa Gallant (um ultra) afirma que o Hamas perdeu o controle em Gaza. Os terroristas fogem para o sul, e civis saqueiam as bases do Hamas. Ora se o Hamas perdeu o controlo de Gaza, por que prosseguem os bombardeamentos? Como é que membros do Hamas estão a fugir para sul se cortaram a zona norte do sul? De que "bases do Hamas" fala? Então o Hamas não tinha bases, limitando-se a operar em hospitais e escolas? O que haveria mesmo para saquear além de equipamentos de combate? Outra estupidez de tresloucados já confundidos. (Intel Slava Z – Telegrama 13/11)

Sem comentários: