A foto representa um novo míssil que a Coreia do Norte (RPDC) desenvolveu e testou, com novos motores de combustível sólido de alta impulsão para mísseis balísticos de alcance intermédio que têm importante significado estratégico.
Mas esta fotografia tem um significado que transcende o aspeto militar. Seria necessário revisitar a história da Coreia, quando as Forças de Libertação, lideradas pelo Partido Comunista, que tinham lutado contra os invasores japoneses, avançaram para reunificar país, como sempre fora.
No fim da 2ª Guerra Mundial, a parte Norte ficou sob administração da União Soviética, a Sul sob administração dos EUA, conforme acordado. Em 1949, era suposto tanto a URSS como os EUA retirarem-se. Na parte Norte a administração foi entregue ao PC da Coreia, a Sul os EUA escolheram em 1948, Sigman Rhee, que vivera nos EUA desde 1905, um anticomunista visceral, que estabeleceu um regime ditatorial, com os colaboracionistas /fascistas locais em que, mesmo após o fim da guerra, as liberdade básicas não eram toleradas. Sigman Rhee foi demitido por um golpe militar em 1960, outros se sucederam até finalmente em 1987 ser adotado um regime de “democracia liberal”.
No Norte, com apoio da URSS foi estabelecida uma reforma agrária em mais de metade das terras agrícolas, a indústria pesada foi nacionalizada, pôs-se fim à discriminação das mulheres, criou-se um sistema eleitoral.
A influência do PC, fazia-se sentir a Sul. Dado o falhanço das negociações no âmbito da ONU para a reunificação, o exército do Norte avançou para Sul em 25 de junho de 1950. A vitória foi rápida, em 7 de julho, praticamente dominava toda a Coreia, o que só seria possível com apoio da população, para quem as medidas tomadas a Norte seriam aplicadas.
Os EUA tinham de acabar com isto. Assim, em 15 de setembro tropas dos EUA e de uma coligação apoiada na ONU, desembarcaram para “combater o comunismo” e a “agressão comunista”. Foi a guerra da Coreia, que durou 3 anos, até 27 de julho de 1953. Fez cerca de 4 milhões de mortos, incluindo do exército da China, mas na maioria civis, tanto a Norte como a Sul. Dos EUA e aliados, terão morrido cerca de 45 000 soldados. O armistício deixou o país dividido no paralelo 38, como em 1948.
O apoio soviético em armamento e sobretudo a intervenção dos efetivos chineses, levou a guerra a um impasse, após o qual os EUA passaram a uma fase de bombardeamentos intensivos – inclusive com napalm - que deixaram as cidades e infraestruturas no Norte em escombros.
O país com apoio soviético e chinês, recuperou, até sofrer o rude golpe da traição dos Gorbachov e Ieltsin, em que apoios e relações comerciais preferenciais com os países socialistas – tal como com Cuba – cessaram. Podemos imaginar o que isso representou em carências de toda a ordem, agravadas com as sanções decretadas pelos EUA.
A recuperação económica e social leva-nos a refletir sobre as potencialidades do sistema socialista, que muitos progressistas têm normalmente medo ou vergonha de abordar, de tal forma a propaganda imperialista se insinua.
É redundante dizer que os seus processos não se aplicam em países, por exemplo europeus. Cada povo na senda do progresso deve agir tendo em conta a sua cultura dita etnológica e modo de vida tradicional. É curioso vermos o líder atual rodeado de uma velha guarda combatente muito respeitada.
O cuidado com as famílias, as crianças, a educação, estado sanitário, o apoio aos cientistas, etc., contrasta com a série de calúnias que circulam pela internet. O país que foi “da fome” devido à guerra imperialista e ao fim da União Soviética, é hoje uma potência industrial e militar, onde os interesses do povo e o patriotismo estão primeiro. Não esquecer que o país está sujeito a pesadas sanções, já ignoradas pela Rússia e pela China.
Alguns textos com fotografias: Estará a Coreia do Norte a derrotar as sanções? (resistir.info)
RDPC: isolada, demonizada e desumanizada pelo Ocidente (resistir.info)
Canções da Moranbong band podem ser vistas aqui: https://www.youtube.com/watch?v=7dP2krx7zPQ This land's masters say; https://www.youtube.com/watch?v=ycdDHP7QfWo Let's study (ativar legendas em português)
Vídeos de visitas de Kim Jong Un com a população, mesmo com a esposa, em escolas, creches, fábricas, jovens famílias com novas habitações, um novo restaurante e supermercado, foram suprimidos da internet. Têm medo de quê?
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