Linha de separação


19 de agosto de 2025

Dedicado a todos aqueles que foram à Assembleia da Republica bater palmas a Zelrnsky

 RASGUEMOS AS VESTES PELOS "NOSSOS VALORES". Rui Pereira


Cabisbaixa e mendicante, a "Europa" escolta numa penosa excursão Zelenski a Washington, como frágil consolo, dado não poder assegurar-lhe que Trump não volte a maltratá-lo.  É uma diplomacia do descoroçoamento. Depois do Alaska, a UE repetiu a "cassete" como um vinil riscado. "Putin vem aí e caso não o contenhamos na Ucrânia só pára no Cabo Espichel! Apoiar Zelenski (vulgo, Ucrânia) é defender "os nossos valores". Só que, sem sair da esfera dos defensores dos "nossos valores", o Relatório anual -referente a 2024- do Departamento de Estado norte-americano sobre Direitos Humanos, depois de vituperar os russos, escreve o seguinte sobre o regime de Kiev: "Entre as questões significativas de direitos humanos envolvendo o governo ucraniano, foram relatados de forma credível: tortura e tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; detenções ou prisões arbitrárias; restrições graves à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, incluindo violência ou ameaças de violência contra jornalistas, prisões ou processos judiciais injustificados a jornalistas e censura; restrições sistemáticas à liberdade de associação dos trabalhadores; e a presença significativa de qualquer das piores formas de trabalho infantil. Algumas destas questões de direitos humanos decorreram da lei marcial, que continuou a restringir as liberdades democráticas devido às condições de guerra, incluindo a liberdade de imprensa e as proteções legais. O governo muitas vezes não tomou as medidas adequadas para identificar e punir os funcionários que cometeram abusos dos direitos humanos" (fim de citação)
Claro, dir-se-á, com a guerra e a lei marcial em vigor, que queriam, brincar às democracias? Explica-se, portanto. 
Mas o que não se compreende é que o mesmo documento referente a 2021, não havia invasão russa, então, lembremo-nos, diz exactamente a mesma coisa: 
"As questões significativas de direitos humanos incluíram relatos credíveis de: homicídios ilegais ou arbitrários, incluindo execuções extrajudiciais pelo governo ou seus agentes; tortura e casos de tratamento ou punição cruel, desumano ou degradante de detidos por parte do pessoal das forças da ordem; condições prisionais duras e com risco de vida; detenção ou prisão arbitrária; problemas graves com a independência do poder judicial; abusos graves no conflito liderado pela Rússia no Donbas, incluindo abusos físicos ou punição de civis e membros de grupos armados mantidos em centros de detenção; restrições graves à liberdade de expressão e à imprensa, incluindo violência ou ameaças de violência contra jornalistas, prisões ou processos judiciais injustificados de jornalistas e censura; restrições graves à liberdade na internet; devolução de refugiados para um país onde a sua vida ou liberdade estaria ameaçada; atos graves de corrupção governamental; falta de investigação e responsabilização pela violência de género; crimes, violência ou ameaças de violência motivados por antissemitismo; crimes que envolvem violência ou ameaças de violência contra pessoas com deficiência, membros de grupos de minorias étnicas e pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, queer ou intersexo; e a existência das piores formas de trabalho infantil. O governo geralmente não tomou as medidas adequadas para processar ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, o que resultou num clima de impunidade. O governo tomou algumas medidas para identificar, processar e punir funcionários envolvidos em corrupção". 
Isto explica-se, se a Ucrânia for o país que a imprensa "ocidental" retratava então como um dos mais corruptos do mundo e um centro de treino para milícias neo-nazis do mundo inteiro. O que não se explica é como todo este insuspeitíssimo arrazoado pode representar a defesa dos "nossos valores". A menos que aqueles sejam, também, "os nossos valores", ou que estejamos pura e simplesmente nas tintas para quaisquer valores a não ser os do poder, do carreirismo internacional e do dinheiro fácil. Deixo as ligações para os mais curiosos e para os mais céticos. 

Sem comentários: