RASGUEMOS AS VESTES PELOS "NOSSOS VALORES". Rui Pereira
Cabisbaixa
e mendicante, a "Europa" escolta numa penosa excursão Zelenski a
Washington, como frágil consolo, dado não poder assegurar-lhe que Trump
não volte a maltratá-lo. É uma diplomacia do descoroçoamento. Depois do
Alaska, a UE repetiu a "cassete" como um vinil riscado. "Putin vem aí e
caso não o contenhamos na Ucrânia só pára no Cabo Espichel! Apoiar
Zelenski (vulgo, Ucrânia) é defender "os nossos valores". Só que, sem
sair da esfera dos defensores dos "nossos valores", o Relatório anual
-referente a 2024- do Departamento de Estado norte-americano sobre
Direitos Humanos, depois de vituperar os russos, escreve o seguinte
sobre o regime de Kiev: "Entre as questões significativas de direitos
humanos envolvendo o governo ucraniano, foram relatados de forma
credível: tortura e tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes; detenções ou prisões arbitrárias; restrições graves à
liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, incluindo violência ou
ameaças de violência contra jornalistas, prisões ou processos judiciais
injustificados a jornalistas e censura; restrições sistemáticas à
liberdade de associação dos trabalhadores; e a presença significativa de
qualquer das piores formas de trabalho infantil. Algumas destas
questões de direitos humanos decorreram da lei marcial, que continuou a
restringir as liberdades democráticas devido às condições de guerra,
incluindo a liberdade de imprensa e as proteções legais. O governo
muitas vezes não tomou as medidas adequadas para identificar e punir os
funcionários que cometeram abusos dos direitos humanos" (fim de citação)
Claro, dir-se-á, com a guerra e a lei marcial em vigor, que queriam, brincar às democracias? Explica-se, portanto.
Mas
o que não se compreende é que o mesmo documento referente a 2021, não
havia invasão russa, então, lembremo-nos, diz exactamente a mesma
coisa:
"As questões significativas de direitos
humanos incluíram relatos credíveis de: homicídios ilegais ou
arbitrários, incluindo execuções extrajudiciais pelo governo ou seus
agentes; tortura e casos de tratamento ou punição cruel, desumano ou
degradante de detidos por parte do pessoal das forças da ordem;
condições prisionais duras e com risco de vida; detenção ou prisão
arbitrária; problemas graves com a independência do poder judicial;
abusos graves no conflito liderado pela Rússia no Donbas, incluindo
abusos físicos ou punição de civis e membros de grupos armados mantidos
em centros de detenção; restrições graves à liberdade de expressão e à
imprensa, incluindo violência ou ameaças de violência contra
jornalistas, prisões ou processos judiciais injustificados de
jornalistas e censura; restrições graves à liberdade na internet;
devolução de refugiados para um país onde a sua vida ou liberdade
estaria ameaçada; atos graves de corrupção governamental; falta de
investigação e responsabilização pela violência de género; crimes,
violência ou ameaças de violência motivados por antissemitismo; crimes
que envolvem violência ou ameaças de violência contra pessoas com
deficiência, membros de grupos de minorias étnicas e pessoas lésbicas,
gays, bissexuais, transgénero, queer ou intersexo; e a existência das
piores formas de trabalho infantil. O governo geralmente não tomou as
medidas adequadas para processar ou punir a maioria dos funcionários que
cometeram abusos, o que resultou num clima de impunidade. O governo
tomou algumas medidas para identificar, processar e punir funcionários
envolvidos em corrupção".
Isto explica-se, se a
Ucrânia for o país que a imprensa "ocidental" retratava então como um
dos mais corruptos do mundo e um centro de treino para milícias
neo-nazis do mundo inteiro. O que não se explica é como todo este
insuspeitíssimo arrazoado pode representar a defesa dos "nossos
valores". A menos que aqueles sejam, também, "os nossos valores", ou que
estejamos pura e simplesmente nas tintas para quaisquer valores a não
ser os do poder, do carreirismo internacional e do dinheiro fácil. Deixo
as ligações para os mais curiosos e para os mais céticos.
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