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15 de agosto de 2025

Os idiotas úteis nos média

  Manuel Augusto Araujo

O universo mediático é um alfobre de idiotas úteis vendidos a interesses mais ou menos obscuros. A fronteira da vigarice intelectual, das mentirolas, no melhor ou pior dos casos nas meias-verdades é o pântano por onde essa gente viaja alegremente despejando com ar sério, imagem de marca dos melhores burlões o que nem sempre conseguem ser, os maiores dislates que o mais raso senso comum deveria destruir. Só que contam com plateias prontas a ser receptáculo das asnices e depautérios por se terem tornado incapazes de um minimo espírito crítico, da minima capacidade de análise tanto por ignorância como pelo embotamento conseguido pelos big brothers, casa de segredos e coisas quejandas. Agora o tema quase diário dos comentadores, uns beócios outros filiteus outros ainda enxertados de modo diverso nas duas categorias, que peroram sobre a guerra em curso na Ucrânia é a hipótese de um acordo que abre as portas para uma paz possível. Essa tropa fandanga acena um fantasma com os acordos de Munique de 1938, celebrados por Neville Chamberlain, primeiro-ministro britânico, Édouard Daladier, primeiro-ministro francês, Benito Mussolini, primeiro-ministro italiano, e Hitler em que parte substancial da Checoslováquia foi anexada à Alemanha nazi. Teoricamente para acalmar os impetos expansionistas do führer e alcançar uma paz para a Europa, os resultados são os conhecidos. Pretendem traçar um paralelo com uma provável paz na Ucrânia, em que os supostos planos expansionistas da Federação Russa não seriam travados. A falsidade dessas arengas é que

nessa época a crise do capitalismo era grave, o nacional-socialismo era a sequência do liberalismo clássico que tinha desembocado na Grande Depressão. A isso adicionava-se a Alemanha ter um grande défice de matérias-primas que só poderia obter invadindo outros territórios. Paralelamente a França e a Inglaterra procuravam que a Alemanha nazi se virasse para leste, onde encontraria na União Soviética a solução para essa escassez de caminho destruindo o espectro do comunismo que, de algum modo, assombrava a Europa e punha em causa os valores capitalistas. A inutilidade dos acordos de Munique têm essa raiz. Olhando para a realidade actual qual o interesse da Federação Russa, sem ser alcançar uma sólida segurança, em se expandir para a Europa? Qual o interesse económico e de matérias primas que a Europa oferece? Nenhum! Zero! O contrário é que é real. A Federação Russa pela sua extensão territorial, as suas riquezas em matérias- primas, a oferta de investimentos possíveis da agricultura à indústria, à exploração das matérias primas é que é alvo do interesse ocidental, como a louca Kaja Kallas num momento de lucidez e inesperada sinceridade assumiu  expressando o desejo de implodir a Ferderação Russa para mais facilmente explorar as riquezas do seu território. O que essa gente, acenando com o papão de Munique, faz é ocultar a realidade e, de caminho, ocultar o que de facto está a acontecer na Ucrânia, num plano traçado em 2009, leiam os think-tanks norte-americanos, posto em marcha em 2014, com o golpe de Maidan, em que os EUA investiram cinco mil milhões de dólares, Victoria "que se foda a Europa" Nuland dixit, que se agravou brutalmente com a invasão russa. A Ucrânia é um entreposto onde se digladiam vários interesses, mas nenhum configura uma desnecessária expansão da Federação Russa. Poderá ter uma consequência desastrosa para a União Europeia, que seria ou será a adesão da Ucrânia, qualquer que seja a forma com que sair deste conflito, o que aliás já teve algumas erupções em vários países da UE, por enquanto só ao nível da agricultura.


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