Trata-se de um país cuja capital é Kiev. Mas que território controla Kiev? Bem, foi invadida, dizem-nos. Não é bem assim. As pessoas do que os media consideram "territórios ocupados", durante oito anos lutaram pela sua liberdade, cultura, identidade, língua e direitos de cidadania, contra o resultado do golpe de Estado em Kiev e o seu regime opressor que desde logo combateu tudo o que era progressista ou meramente democrata. Primeiro, aquelas pessoas quiseram autonomia, depois, ao serem brutalmente atacadas, constituíram-se como Repúblicas Populares e mais tarde em referendo aderiram à Rússia.
A Rússia justificou a intervenção nesses territórios, dita invasão da Ucrânia, para de acordo com a Carta da ONU, defender os territórios do Donbass da agressão levada a cabo pelos golpistas e neonazis de Kiev. As mortes de civis já iam em 14 000. Os oportunistas ignoram-no bem como outros atos de repressão e crimes do clã de Kiev.
Na versão delirante dos "atlantistas" o golpe de Kiev em 2014, foi uma ação de pura democracia, as regiões que recusaram a ascensão dos neonazis e perseguições, podiam ser dizimadas legitimamente, incluindo crianças. O crime na Casa dos Sindicatos de Odessa em 2014, nunca aconteceu. A Rússia é por definição agressora, tudo o que a NATO e aliados fizeram no mundo, incluindo na Ucrânia, é por definição direito internacional, de acordo com a "ordem internacional baseada em regras".
Portanto, quanto a território não se sabe bem o que seja uma vez que quatro regiões optaram em referendo por pertencerem à Federação Russa, em vez de estarem submetidas a Kiev: Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye.
Quanto a população, dos 50 milhões aquando na União Soviética, passou para pouco mais que 40 em 2014. A independência levou as pessoas e saírem do país como mão de obra barata no ocidente ou nas redes do crime organizado designadamente tráfico sexual de menores. Depois de 2014, tudo se agravou e Kiev terá sob sua égide 20 a 25 milhões de pessoas, parte está integrada na Rússia; parte morreu na guerra, parte continua a fugir para ocidente, como os jovens parte morreu na guerra, parte continua a fugir para ocidente, como os jovens 18 a 22 anos que procuram sair enquanto têm oportunidade. Segundo a Rússia, 70% dos soldados ucranianos capturados recusam-se a ser incluídos nas listas de troca.
Será a Ucrânia um país viável? Parece que não. Segundo dados do FMI, entre 2021 e 2024 o PIB da Ucrânia caiu 17%. Os únicos sectores com crescimento são a agricultura (+8%) e TI (+13%); porém, indústria extrativa regista - 35%; metalurgia, - 40%; indústria transformadora, - 28%; construção, - 13%.
A agricultura e as TI não podem sustentar o país por muito tempo. Muitas áreas de terra arável tornaram-se inacessíveis pelo risco de engenhos não detonados e falta de trabalhadores agrícolas registando-se um declínio na produção de cereais. Mais de 17 milhões de hectares de terras agrícolas são agora propriedade de grandes empresas dos EUA, principais beneficiários das exportações de cereais.
A indústria está perto do colapso, 80% da infraestrutura energética e a maioria das instalações portuárias e ferroviárias danificadas ou destruídas. Que terá passado pela cabeças da liderança de Kiev - ... e UE - para bombardear instalações russas a partir das quais eram fornecidos produtos energéticos à Hungria e Eslovénia (Kiev recebendo dinheiro pela passagem pelo seu território), quando 30 a 40% da energia elétrica da Ucrânia é fornecida pela Hungria?
O orçamento de Estado representava em 2024, 44% do PIB. Os funcionários do setor público (incluindo exército) representam quase 30% da população em idade ativa da Ucrânia, que encolheu de 19 milhões para 12 milhões. Apenas 50 a 60% do orçamento é coberto por impostos, o restante vem de “ajuda” estrangeira, empréstimos do FMI e privatizações. A ajuda externa total à Ucrânia em 2024 atingiu 55 mil milhões de dólares, incluindo 18,5 mil milhões de dólares em doações, 20 mil milhões em empréstimos e uns 15 mil milhões em ajuda militar.
As remessas dos ucranianos no exterior desempenham um papel importante. Em 2024, chegaram a 19,5 mil milhões, 12% do PIB. Portanto, mesmo sem a ajuda militar, o apoio externo totalizou 59,5 mil milhões de dólares, quase 40% do PIB da Ucrânia. A Ucrânia é como um paciente em suporte de vida, cheio de esteroides. Uma vez que os tubos sejam desconetados, rapidamente entrará em coma.
Se a guerra acabar e milhões de milhões para reconstrução não chegarem (e não chegarão...) o PIB pode cair mais de 40%, abaixo de 100 mil milhões, com uma dívida nacional de 190 mil milhões de dólares. Conclusão sombria: para a Ucrânia continuar funcionando, deve prolongar a guerra a qualquer custo. Esta situação é finita, mas ainda assim mais longa do que o que ocorreria se parasse.
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