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14 de dezembro de 2022

Ucrânia, o buraco negro a absorver a Europa

 Todas as guerras são estúpidas, mas pelo menos conseguimos entender uma certa lógica na maioria dos casos. Na guerra na Ucrânia apenas ao nível da psicopatia é possível entender a posição da “Europa” (UE/NATO) não de agora, mas mais claramente desde 2014. A incapacidade de avaliar as consequências económicas, sociais e riscos militares de hostilizar todo um conjunto significativo de povos nas suas fronteiras da ex-Jugoslávia, à Libia, Síria, etc., até à imensa e poderosa Rússia, significa que os dirigentes europeus da UE/NATO abdicaram de pensar e agir no interesse dos seus povos. Passaram a pensar em termos “atlânticos”.

Tudo o que decidem tem que ver com as necessidades e interesses definidos pelos EUA. Portam-se como vassalos de Washington não recusando sequer a mentira sistemática na diplomacia como Angela Merkel confirmou numa entrevista recente (o que já se sabia) que os acordos de Minsk 1 e 2 eram apenas uma forma de ganhar tempo para fortalecer, rearmar e treinar a Ucrânia. A Rússia não acredita mais no Ocidente, traçou uma linha vermelha e não aceita mais ser molestada (bully) pelo Ocidente.

Estes são três passos para a continuação das hostilidades”, disse o porta-voz da Presidência russa (Kremlin), Dimitri Peskov, referindo-se ao chamado plano de “Três Passos” para a paz e citado pela agência noticiosa russa Interfax. Peskov sublinhou que uma retirada militar da Ucrânia “é inviável” e argumentou que a Ucrânia “tem de aceitar a realidade que surgiu” nos últimos anos. “Existem realidades que ocorreram devido à política seguida pela liderança ucraniana e pelo atual regime ucraniano nos últimos 15 a 20 anos”, referiu o porta-voz.

Essas realidades indicam que a Rússia tem novos integrantes que surgiram como resultado de referendos nesses territórios. Sem levar em conta essas realidades é impossível fazer progressos”, argumentou, referindo-se à decisão de Moscovo de anexar em setembro as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia, parcialmente ocupadas como parte da invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro.

O Ministro das Finanças da Ucrânia pede 35 mil milhões de dólares em 2023 para o seu OE, valor que não tem em conta despesas militares. Uns 100 mil milhões de dólares já foram absorvidos pelo ocidente por esta guerra – sem contar com o gasto com os milhares de mercenários necessários para manter a guerra.

Como Republica Soviética a Ucrânia tinha cerca de 50 milhões de habitantes. Em 2000, 48 milhões, em 2020, 41,7 milhões (sem Crimeia). Atualmente o resta não deve chegar a 30 milhões, as zonas que são agora administradas pela Rússia representam 6 milhões de habitantes. A guerra causou a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões para países europeus –, de acordo com recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento. A UE/NATO tem de alimentar, vestir, alojar todas estas pessoas e financiar o Estado.

Ao “comprar” esta guerra a UE/NATO está a ser devorada por um verdadeiro “buraco negro” económico e financeiro, não tendo mais soluções que propaganda inconsequente.

O número de tropas da NATO contratados por empresas privadas para combaterem é considerável, são principalmente polacos, britânicos e também dos EUA. Segundo o coronel Douglas Mac Gregor defender um território só tem interesse se der vantagem estratégica, caso contrário pode retirar e retomar mais tarde. Para a Rússia não se trata nesta fase e conquistar território mas destruir o exército da Ucrânia com os apoios NATO, que estão a fazer o que a Rússia quer: induzir a Ucrânia a lançar contra ataques e sofrer perdas, sendo destruídas posições de defesa antiaérea e antitanques. A Rússia prepara assim um cenário de batalha favorável, para garantir sucesso com mínimo de perdas, enfraquecendo oponentes e infraestruturas.

Os ataques da Ucrânia são lançados apenas por razões políticas. Em Bakhmut introduziram 20 000 efetivos, metade dos quais não são ucranianos. Segundo relatos não oficiais comunicados ao cor. DMG a partir da Polónia, os polacos sofreram 5 000 baixas. “Dizem-me que já morreram milhares de polacos na Ucrânia.”

Entretanto a Rússia concentrou mais de 500 000 soldados nas suas fronteiras, 1 500 tanques, misseis, artilharia pesada, drones, etc. Se forem atacados por polacos ou lituanos isso seria considerado um ataque contra a Rússia. Estarão na Bielorússia uns 75 000 militares russos.

Neste momento a Rússia relativamente à Ucrânia apenas está interessada numa rendição incondicional nos seus termos. Resta esperar para ver o que se vai passar neste inverno.

Ver: Dr Michael Vlahos interviews Col. Douglas Macgregor (MUST SEE!) | The Vineyard of the Saker

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