A burocracia de Bruxelas ainda fala como se o mundo não tivesse mudado desde que acreditaram que relativamente à Rússia "bastava dar um pontapé na porta e aquilo ia tudo abaixo" a frase é de Goebbels (ou talvez do chefe) em 1941, mas serve para quem apoia "até quando for preciso" os que veneram os SS ucranianos como Stepan Bandera. "herói da independência". É preciso não ter vergonha...
Michael Hudson, numa entrevista fala entre outros temas, da UE/NATO. Segundo Hudson, Trump usa contra eles a grande alavanca: a NATO não está a cumprir a sua parte. Talvez tenhamos que nos retirar da NATO se não concordarem em gastar 5% de seu PIB em armas para se defenderem da Rússia. Reduzam os gastos sociais em 25%, transfiram-nos para gastos em armas americanas. O plano é discutido abertamente, no Financial Times e no Wall Street Journal, tudo isto é público.
Como se viu na Ucrânia, as armas americanas não funcionam, as armas europeias não funcionam, e a indústria de armas europeia tem problemas para fabricar armas porque não tem o petróleo e o gás para armas que precisam de aço e outros metais.
Se a UE não concordar com a ocupação da Gronelândia e instalação de bases militares americanas para sua segurança, então os EUA não têm nenhuma razão para fazer parte da NATO. Mas o primeiro-ministro dinamarquês já disse que poderia ajudar as ambições americanas.
Portanto, os Estados Unidos fizeram uma proposta de rendição, segundo a qual na UE/NATO não terão voz sobre que armas comprarão, a quem e a que preço. O novo chefe da NATO, diz que antes cada país decidia quanto queria gastar com armas e fazia suas próprias negociações, agora queremos uma negociação centralizada na NATO. Isto é a rendição coletiva aos Estados Unidos, dando-lhes o que eles quiserem.
Trata-se de capturar o sistema político da UE/NATO em chamadas eleições democráticas (liberais) e dizer como os governos gastarão o dinheiro, quanto será gasto em armas, cortado nos gastos sociais, subsídios, etc. Significa uma crise política absoluta. A taxa de câmbio do euro está a cair, os preços sobem, a UE não produz os bens que necessita, não compra energia barata da Rússia, o seu défice comercial vai aumentar muito.
Bem, os Estados Unidos podem acabar perdendo a Europa. Trump e a comitiva devem ter previsto que, sim, haverá uma reação. Não querem perder a Europa em resultado do que foi feito durante a guerra contra a Rússia na Ucrânia, mas agora é o momento da UE/NATO enfrentar a escolha: ou cede às exigências de comprar mais armas americanas, gás natural liquefeito americano em vez de negociar com a Rússia, ou cede-nos a Gronelândia.
Na verdade, a UE/NATO não tem muita escolha, a menos que mudem a forma como funcionam. Mas isso seria socialismo e não estão dispostos a seguir esse caminho. Esta inércia beneficia os Estados Unidos, pois os políticos neoliberais são a corrente dominante embora estejam ameaçados de serem retirados do poder. O problema é que os partidos nacionalistas são de direita e uma alternativa patriótica, soberana e de cooperação, seria alguma forma de socialismo.
Os Estados Unidos basicamente envenenaram os partidos de esquerda, os partidos social-democratas e os partidos trabalhistas para convertê-los ao neoliberalismo. Tony Blair era mais neoliberal do que Margaret Thatcher, ao privatizar os transportes e outras coisas. Então, como é possível que se tornem independentes dos Estados Unidos se não explicitaram um programa? Não houve nenhuma tentativa de desenvolverem um plano B. Apenas existe um plano A, apresentando como alternativa o caos.
Este é o presente conduzindo a economia a sofrer um encolhimento traumático à medida que as interconexões são eliminadas, como o comércio com a Rússia, tentando também eliminar as conexões com a China. Enquanto os países não acordarem entre si um Plano B, estarão sujeitos a viver no curto prazo. E, no curto prazo, os Estados Unidos saem sempre a ganhar.
Na UE/NATO disseram que a solução é os EUA controlarem todas as partes da NATO. Uma vivência na qual não importa o que os outros países, políticos ou eleitores queiram. Realmente ficaram sem capacidade de escolha. O objetivo da política externa americana é impedir que outros países tenham a opção de criar qualquer alternativa à apropriação pelos Estados Unidos de recursos, matérias-primas, criação de bases militares ao longo das principais rotas comerciais do mundo. Esta é a chave para a política externa americana. Mas não se vê (nos grandes media) nenhum grupo organizado explicitando esse tipo de estratégia internacional implícita, que é a contrapartida de tudo o que os Estados Unidos estão fazendo.
Qual é o modelo económico que queremos para nossa economia? Que tipo de acordos comerciais queremos? Que tipo de acordos financeiros e de crédito queremos, sem ser o que o FMI diz sobre impor austeridade à força de trabalho, como se isso permitisse exportar mais em vez de impedir a industrialização? Não há teoria económica. Não há teoria política. É isso que é incrível. Na UE/NATO reina a passividade em tudo isto.
Sem comentários:
Enviar um comentário