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4 de janeiro de 2025

Soluções para a guerra na Ucrânia

 Eis um resumo das soluções que o ocidente considera possíveis, num texto de Dimitri Orlov. São apresentadas quatro versões para garantir a segurança da Ucrânia, isto é, garantir que a “agressão russa” seja mantida sob controlo.

1. A Rússia mantém os antigos territórios ucranianos que agora fazem parte da Rússia, enquanto o restante da Ucrânia se junta à NATO. Mas não há consenso dentro na NATO sobre a adesão da Ucrânia e Trump opõe-se. Tudo isto é irrelevante, pois a posição russa desde 1991 é que a Ucrânia deve ser militarmente neutra e não pertencer a nenhum bloco ou aliança militar. Usar as palavras “Ucrânia” e “NATO” na mesma frase é tempo perdido.

2. A Rússia mantém os territórios anteriormente ucranianos, enquanto o restante da Ucrânia deve ser patrulhada por forças de manutenção da paz europeias. Isso parece razoável à primeira vista, exceto que… ter tropas estrangeiras em solo ucraniano não o qualifica como neutro; portanto enviar essas forças para a Ucrânia definitivamente não é um passo em direção à paz. Sugerir o envio de forças europeias para a Ucrânia é tempo perdido.

3. A mesma coisa, exceto que as forças de manutenção da paz europeias estariam sob o comando da NATO. Não importa sob qual comando esses europeus estariam; eles acabariam mortos, portanto, exclua-se da lista também.

4. “Neutralidade armada”: A Rússia mantém o território que controla no momento, enquanto a Ucrânia pode flexibilizar sua força militar sem estar sujeita a nenhuma restrição quanto ao tamanho de seu exército ou ao número e tipo de armas convencionais à sua disposição. No NYT acham que é o plano mais viável, exceto que o memorando de Istambul, negociado entre a Ucrânia e a Rússia em 2022, com sucesso (mas Boris Johnson voou para Kiev e exigiu que a guerra continuasse até o último ucraniano, o que já quase aconteceu) definiu o tipo e o número exato de tropas e armas que a Ucrânia teria permissão para manter como neutra, desmilitarizada e desnazificada. É a esse memorando, atualizado para refletir os novos factos no terreno, que os russos estariam dispostos a voltar se as negociações fossem retomadas.

Como se vê, os EUA, a UE/NATO nada têm.. Tudo o que resta tentar que a parte russa faça uma concessão, por mais simbólica e inconsequente que seja para que o abandono da Ucrânia não pareça uma derrota total. Isto parece um plano, exceto…

Desde o golpe de 2014, a Rússia tentou repetidamente encontrar uma maneira não violenta de resolver o conflito entre o Ocidente e a maioria russa da Ucrânia, sem sucesso porque foi sempre enganada. Os acordos de Minsk 1 e 2 foram firmados com o objetivo de ganhar tempo para armar e treinar as tropas ucranianas, não em busca da paz. O Acordo de Istambul foi sabotado por Boris Johnson representando a NATO. Agora, mesmo na Bloomberg admitem que “a Rússia não tem motivos para fazer concessões porque está ganhando”.

No verão passado, Putin especificou que, para iniciar as negociações, todas as sanções contra a Rússia teriam de ser suspensas. A Rússia não precisa que essas sanções sejam suspensas (mesmo com sanções a economia está crescendo bem), mas é uma questão de direito: essas sanções não foram aprovadas pelo CS da ONU, são ilegais.

O próximo obstáculo seria a ideia de congelar o conflito ao longo da atual linha de contacto. A linha de contacto está em movimento e, quando as negociações terminarem, ela poderá estar noutro lugar completamente diferente dado que as forças russas estão no controlo da iniciativa estratégica em toda a linha da frente na Ucrânia. Além disso, a linha de contacto atravessa território russo, uma vez que as regiões de Lugansk, Donetsk, Zaporozhye e Kherson foram aceitas na Federação Russa na totalidade, não fragmentadas, e, como disseram Putin e Lavrov, a soberania russa não está à venda.

O que a Rússia quer não é uma paz negociada com parceiros de negociação nos quais não confia porque provaram ser mentirosos, criminosos de guerra e terroristas. O que o povo russo quer é uma vitória total e direta. As forças armadas da Rússia contam com 1,5 milhões de efetivos, muitos testados em batalha, enquanto armas inovadoras como a Oreshnik dispensam uma resposta nuclear.

A Rússia prepara-se para responder a qualquer provocação, inclusive um conflito armado com a NATO na Europa durante a próxima década. É do interesse da UE/NATO evitar a todo custo um conflito armado com a Rússia. A conclusão do conflito na Ucrânia já foi escrita. A guerra por procuração na Ucrânia, custou mais de um milhão de mortos e feridos ucranianos e numa magnitude menor, mas ainda assim um número considerável de perdas russas. Os russos, não são vingativos, mas têm boa memória e gostam de acertar contas.

Como Putin disse ao país, os principais tópicos para a Rússia, são, por ordem de prevalência: habitação, subsídios a hipotecas, saúde, transportes, finanças, bem-estar dos militares, pensões, ligação de residências rurais a gasodutos. Os Estados Unidos, não estão em nenhum lugar nessa lista.



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