Continuamos com a seleção de algumas mudanças ocorridas neste século. (1)
6 - O pico do petróleo está de volta. O petróleo de xisto produzido nos EUA compensou os declínios de produção em quase todos os outros lugares. Mas agora o óleo de xisto também atingiu o pico e a tendência é para a produção decrescer. A Rússia, outro grande produtor de petróleo, está encontrando melhores usos para seu petróleo do que exportá-lo. Os combustíveis para transporte serão cada vez mais escassos. Os países que dependem do transporte transoceânico serão os mais afetados, entre os quais a UE/NATO, que desistiu dos gasodutos russos e da energia nuclear, optando por importar gás natural liquefeito dos Estados Unidos.
7 - O número de Estados falidos no mundo continuará a aumentar. O Egito pode ser o próximo país a ir à falência. É improvável que o termo "integridade territorial", quando aplicado às linhas artificiais desenhadas pelo colonialismo, permaneça uma ilusão por muito tempo. A "soberania nacional" não será mais aplicada à toa a nações que não têm soberania nacional e são apenas nações. A Síria é um exemplo disso: é uma peça arbitrária cortada dos restos do Império Otomano. Israel é outro. Muitos pequenos estados espalhados pelo mundo – Estónia, Letónia, Lituânia, Abkházia, Transnístria, Ossétia do Sul... – terão que se fundir com uma entidade verdadeiramente soberana.
8 - Na ausência do que poderia ser uma ordem mundial internacional ou um sistema universal de direito internacional, o mundo torna-se cada vez mais violento e desordenado. Veja-se o que aconteceu em relação ao genocídio israelita em curso na Palestina: muitas palavras e praticamente nenhuma ação – nem mesmo simbólica. As equipas desportivas israelitas podem participar em competições internacionais, sem perguntas. Veja-se também a avidez com que países europeus começaram a discutir a expulsão dos refugiados sírios assim que Bashar Assad partiu para Moscovo, sem se preocuparem com o facto de que a Síria estava dissolvendo-se no caos e na guerra civil diante de seus olhos.
9 - No alvorecer do segundo quartel do século XXI, a IA é objeto de toda atenção. Os novos chips de IA consomem tanta energia que as empresas de tecnologia estão considerando construir novas centrais especificamente para alimentá-los. Mas a realidade da IA não é totalmente otimista. Em primeiro lugar, ninguém sabe como funcionam os sistemas de IA, ou seja, seu processo de raciocínio é insondável, mesmo para especialistas, e é razoável pensar que não há processo de raciocínio em jogo. Já sabemos que os sistemas de IA mentem com grande facilidade, não conseguem entender quando mentem e quando não mentem, inventam voluntariamente ou involuntariamente justificativas falsas por estarem errados. À medida que a internet é inundada com conteúdo produzido por sistemas de IA, que serão usados como entradas para esses mesmos sistemas de IA, um ciclo de retro-alimentação destrutivo será estabelecido. Enquanto isso, à medida que a IA se torna cada vez mais profundamente incorporada nos sistemas sociais, deixará de ser artificial e se tornará cada vez mais orgânica – misturada com cérebros humanos – e cada vez menos inteligente. No final, serão pessoas muito estúpidas e ignorantes que serão completamente dependentes de sistemas de informação muito estúpidos e ignorantes.
10 - Durante o segundo quarto do século XXI, em vários países e comunidades ao redor do mundo, o despovoamento aparecerá. Em muitos lugares, as mulheres dão à luz menos de dois filhos em média, o que significa que a taxa de natalidade é menor do que a taxa de reposição e que cada geração subsequente será menor do que a anterior. A Coreia do Sul é talvez o pior exemplo, com uma taxa de fertilidade de apenas 0,72. Isso significa que cada geração de sul-coreanos terá apenas um terço do tamanho da anterior. Este é o caminho para a extinção. Os sobreviventes serão religiosos e patriarcais, pois essas são as comunidades com as maiores taxas de natalidade. Isso pode não agradar a alguns, mas a situação está além do controle de alguém.
1 - Fonte - Bem-vindo ao 2º quartel do século 21 Dmitry Orlov
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