A pergunta que logicamente se coloca relativamente à Ucrânia, é: o que pretende a UE? Mais guerra? Quem paga? E como pensam sustentar os custos de uma adesão à UE? Só a reconstrução das infraestruturas custará centenas de milhares de milhões de dólares num Estado falido. Vejamos enfim o que políticos e "comentadores" andam a defender... Um deles tratou com desprezo os que têm falado nos neonazis ucranianos, porém partidos que suportam o regime de Kiev decalcam teses nazis. (1)
A derrota da Ucrânia na guerra facilitará a ascensão dos ultranacionalistas neofascistas ucranianos fortemente antiliberais e antiocidentais. Falam mesmo numa "segunda fase da revolução nacionalista" de 2014 para varrer oligarcas e liberais. Os neofascistas ucranianos toleram a ajuda militar e financeira ocidental e a influência que a acompanha, porque não têm outra escolha.
O infame Azov é talvez o principal elemento de luta dos ultranacionalistas e neofascistas ucranianos, inclinado a tomar medidas desesperadas no caso de uma paz russo-ucraniana que não lhes agrade. Unidades Azov totalmente equipadas, como a 3ª Brigada de Assalto, estão cada vez mais recusando-se a cumprir ordens. Um líder disse recentemente que o Azov rejeitaria qualquer acordo de paz com os russos, só aceitando uma vitória total da Ucrânia. (!?)
Ultranacionalistas e neofascistas só usam a ajuda ocidental para combater a odiada Rússia e manter um Estado que possam eventualmente governar com mão de ferro. Se não governarem, tomarão conta de qualquer parte remanescente da Ucrânia, como a Ucrânia Ocidental lar do ultranacionalismo e neofascismo.
O fundador do Setor Direita, movimento neofascista, e conselheiro do ex-chefe do exército Zaluzhniy, afirma que "o poder após a guerra terá que ser nacionalista. Caso contrário, seremos novamente arrastados para um ciclo de humilhação nacional, corrupção, degeneração, degradação moral, declínio económico, inferioridade e derrota. Após a guerra, os sábios, corajosos e nobres terão que governar na Ucrânia."
A ordem prevista pelo Setor Direita rejeita os "impérios do comunismo, o chauvinismo das grandes potências russas, o liberalismo democrático e o cosmopolitismo" "hostis à nação ucraniana" e a "missão sagrada" dos nacionalistas ucranianos é defender o Ocidente na "luta contínua contra a última geração de hordas asiáticas" e "criar uma nova vida".
Propõe a proibição de todos os partidos políticos, organizações, associações e grupos ideológicos. A elite do grupo étnico (!) ou nação ucraniana (!) terá plenos poderes: "O poder político pertence inteiramente à nação ucraniana por meio de seus representantes nacionais mais talentosos, idealistas e altruístas, capazes de garantir o desenvolvimento adequado da nação e sua competitividade. O capitalismo deve ser "desmantelado" e a democracia deve ser "eliminada". Todas as ações que não cumprirem "as obrigações para com a nação e o Estado resultarão na restrição dos direitos civis ou na privação da cidadania.
O seu líder colocou recentemente no facebook: "A Horda Oriental está em guerra connosco ucranianos, entendendo toda a fraqueza do Ocidente coletivo. Nós, lutando por nós mesmos, não temos que nos render à podridão do Ocidente ou ao despotismo do Oriente. Nós, ucranianos, devemos perceber que só podemos vencer quando Deus está connosco, não Satanás. Louvado seja Deus e a nação!"
Claro que o fortalecimento dos ultra não garante a sua tomada do poder. Existe a possibilidade de que um grupo mais moderado e realista liderado por oligarcas e militares engula as pílulas amargas da perda de população, território e economia, culpando o Ocidente por convencer Zelensky a rejeitar a paz de Istambul em abril de 2022, e acabe por voltar-se para o Oriente - em nome de interesses económicos. Contudo muitos neofascistas foram eleitos para a Rada em listas de partidos ditos moderados, as ideias ultranacionalistas e neofascistas infiltraram-se na corrente principal e são confortavelmente toleradas quando não são totalmente apoiadas.
Para outros grupos a parceria com a NATO, a UE, a CEI e outras organizações internacionais é considerada "perigosa e destrutiva". A estratégia geopolítica da Ucrânia deve ser baseada na criação de um "espaço prioritário" abrangendo um eixo norte-sul que se estende do Mar Báltico ao Cáucaso e ao Mar Negro com base em países com os quais a Ucrânia "historicamente cooperou"; (Suécia, Lituânia, Polónia, Turquia, Geórgia).
O resultado a curto e médio prazo após o conflito é imprevisível. Um regime oligárquico pragmático poderia chegar ao poder numa Ucrânia neutra do pós-guerra; talvez por meio de um golpe liderado por alguns membros do círculo íntimo de Zelensky ou pelo ex-presidente Petro Poroshenko e pelo general Zaluzhniy.
O governo subsequente pode envolver oligarcas como o magnata do carvão Rinat Akhmetov e políticos centristas como Oleg Boiko. Eles estariam mais interessados em aproveitar as oportunidades de investimento económico que o projeto sino-russo BRICS+ e a Nova Rota da Seda poderiam oferecer para a reconstrução da Ucrânia. Aliás a China está investindo na compra de terras lá.
1 - Fonte - Le potentiel tournant ukrainien anti-Occidental vers l’Est | por Gordon Hahn
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